Uma das maiores e mais crescentes redes sociais do momento, capaz até de pautar assuntos da imprensa tradicional nas mais diferentes editorias é o TikTok. Vídeos curtos, divertidos e espontâneos são a marca dessa rede. A plataforma, conhecida popularmente pelas ‘dancinhas’, é uma importante ferramenta de produção e disseminação de conteúdo entre o público jovem.
Desse modo, o alto potencial de viralização do aplicativo é visto pelas campanhas políticas como um aliado dos candidatos para conquistar esse eleitorado. As eleições de 2022 foram, inegavelmente, marcadas pela participação nas redes sociais.
Isso já pode ser observado a algum tempo. Uma pesquisa do Instituto DataSenado mediu a influência das redes sociais como fonte de informação para o eleitor nas eleições de 2018. Dos entrevistados, 45% afirmaram ter decidido seu voto com base em informações compartilhadas em alguma plataforma digital
Em estudo recente foi detectada no TikTok a presença de muitos conteúdos políticos com altos números de visualizações e uma pluralidade de formatos e espectros políticos contemplados.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, entre janeiro e abril deste ano (2022) o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos. Para conquistar o voto desta parcela da população, os candidatos precisam ir até onde ela está: nas redes e no TikTok.
As estratégias de viralização, linguagem descontraída, desafios, músicas, redublagens e recortes são as principais apostas das campanhas dos presidenciáveis no TikTok. O grande potencial da plataforma envolve a possibilidade de ressignificar discursos políticos e alterar a forma como as narrativas são entregues aos espectadores mais jovens.
Paulo Loiola, estrategista da agência de marketing político Base Lab, avalia que para atrair a atenção dos jovens, além da linguagem adaptada, é preciso entender as dores e desejos dessa parcela da população. “Os candidatos precisam trabalhar questões que são de interesse dos jovens como cultura, educação e a empregabilidade”, comenta.
A especialista em democracia digital e pesquisadora de assuntos políticos na internet, Maria Carolina Lopes, afirma que para se aproximar dos eleitores que estão na plataforma, o candidato precisa ser político e memético, ou seja, utilizar-se da linguagem dos memes, ao mesmo tempo.
Lopes ressalta ainda que apesar de a plataforma ser conhecida pela presença de jovens da geração Z, públicos de diversas idades estão consumindo conteúdo por lá e é importante pensar em materiais que se comuniquem com todos esses diferentes públicos.
Os candidatos apostaram muito no engajamento e esperavam transformar os likes dos eleitores em votos reais. Diego Davoli, especialista em marketing digital e cofundador da Academia de TikTokers, explica a importância da plataforma para a adesão de novos eleitores. “Faz muita diferença”, afirma.
Para Diego, se as pessoas encontrarem um político com o qual eles se identificam no TikTok, elas vão investir o seu voto nessa pessoa. As trends de Lula e Bolsonaro foram muito boas porque tornam fácil para o eleitor demonstrar o seu voto. Elas ativam no eleitor o gatilho do pertencimento: a sensação de estar junto de muita gente e apoiando uma causa.
Mesmo assim, o TikTok se posiciona ao contrário desses dados: ele afirma ser uma plataforma de entretenimento e não de discussão política. No entanto, afirma que existe sim uma preocupação com a moderação de conteúdo falso em relação às eleições.
“O TikTok é uma plataforma de entretenimento. Em geral, isso se apresenta de formas criativas e descontraídas, mas pode também incluir tópicos que afetam nossa comunidade, como conteúdo político ou relacionado a eleições. [...] estamos empenhados em combater a disseminação de informações enganosas na plataforma.
Como fazemos em eleições ao redor do mundo, buscamos garantir que nossa comunidade tenha acesso a informações corretas sobre o tema e firmamos um acordo de colaboração com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater a desinformação, além de uma série de recursos que ajudarão os usuários do TikTok a terem acesso a conteúdo educativo e confiável em nossa plataforma”, diz a assessoria.