Black Mirror retorna à plataforma de streaming Netflix após um hiatos de 4 anos. Unindo recursos da ficção científica e histórias com reviravoltas marcantes, a série antológica criada em 2011 por Charlie Brooker se popularizou por retratar uma sociedade distópica mediante o uso de novas tecnologias, explorando suas consequências e implicações morais.
Com o lançamento da 5° temporada, protagonizada por Miley Cyrus, Andrew Scott e Anthony Mackie, Black Mirror havia tido o seu último vislumbre em 2019. Em uma entrevista ao site da RadioTimes em 2020, o autor contou que, em razão da pandemia, “o mundo estaria muito triste e não tenho certeza se o público poderá aguentar uma temporada no momento.”
Com a chegada da 6° temporada na última quinta-feira (15), Brooker decidiu trazer novas temáticas para série, indo além do embate tecnológico presente desde sua estreia. São 5 novos episódios para compor a coleção, intitulados de “Joan é Péssima”, “Loch Henry”, “Beyond the Sea”, “Mazey Day” e “Demônio 79”, englobando em seu elenco atores como Michael Cera, Salma Hayek, Aaron Paul, Annie Murphy, Rory Culkin e Zazie Beetz.
Em Joan é Péssima temos uma mulher executiva que descobre que sua vida está sendo reproduzida em uma série de TV, mostrando a todos seus segredos e detalhes pessoais às pessoas que assistem. Esse episódio traz debates muito interessantes acerca da utilização de tecnologias como o deep fake e da proteção de dados - e a falta deles - que os celulares e computadores possuem, bem como uma crítica à própria plataforma da Netflix, colocando os próprios espectadores a irem procurar os termos e condições da plataforma.
Loch Henry retrata um casal que irá produzir um documentário em uma cidadezinha do interior da Escócia. O problema começa quando eles se deparam que o passado da história local liga acontecimentos terríveis a um dos protagonistas. O episódio levanta debates acerca da espetacularização de programas de true crime, o sofrimento retratado como entretenimento e o impacto que isso possui na vida das vítimas e famílias dos envolvidos. É uma satirizarão que remete muito à outra produção da Netflix, acerca do caso de Jeffrey Dahmer, que vivenciou diversos comentários acerca desses tópicos.
Beyond the Sea apresenta uma versão alternativa de 1969, onde dois astronautas estão em uma missão espacial, mas ao mesmo tempo conseguem se conectar a uma réplica sua na terra, como forma de vivenciar os dois mundos. Quando ocorre uma tragédia com um dos tripulantes, a relação dos dois muda drasticamente. Dentre os demais episódios, este é o que melhor explora a relação entre a tecnologia e suas consequências, contribuindo para que a sua destruição ou má utilização produza um estrago irreversível.
Mazey Day retrata uma paparazzi que decide ir atrás do paradeiro de uma celebridade sumida dos holofotes, devido a um atropelamento que a atriz cometeu. O episódio retrata muito bem a exposição midiática e, de maneira mais lúdica que os demais, não se limita ao uso tecnológico. Semelhante à Loch Henry, o sofrimento alheio é o maior capital e aconteça o que for, ele deve ser mostrado.
Demônio 79 conta a história de uma vendedora de sapatos do ano 1979 que, através de um pacto, precisa cometer assassinatos para impedir um possível apocalipse mundial. Seguindo a linha do episódio anterior, a influência tecnológica como parte narrativa é deixada de lado, garantindo a atmosfera da série pela inovação temática e reinvenção da sua proposta, com direito à um easter egg do episódio 4x05 – Metalhead.
Todos os episódios se encontram na plataforma de streaming da Netflix.
PEREIRA, Matheus. Black Mirror já revelou que 6ª temporada será “terrível”: Black Mirror está prestes a retornar, e a promessa é de mais histórias macabras e assustadoramente reais. O que vem por aí?. 2023. Mix de Séries. Disponível em: https://mixdeseries.com.br/black-mirror-ja-revelou-que-6a-temporada-sera-terrivel/. Acesso em: 13 jun. 2023.
