Fonte: Warner Bros. Pictures / Reprodução: Los Angeles Times
Existem mais de 50 filmes que já alcançaram seu bilhão em bilheterias ao redor do mundo. O primeiro Jurassic Park, lançado em 1993, é o filme mais antigo a ter conseguido esse feito. Mas levaram 30 anos e mais de 50 filmes para que uma produção dirigida por uma mulher também alcançasse esse número. Isso gera uma reflexão quanto ao tema.
Frozen – Uma Aventura Congelante é um dos filmes que faz parte da lista. Ele conta com uma co-direção entre Jennifer Lee e Chris Buck. Mas foi o live-action de Barbie, que chegou aos cinemas esse ano, que ganhou o título de primeira produção dirigida por uma mulher ao chegar ao bilhão. E quais seriam os motivos para isso? Afirmar que produções feitas por mulheres não são boas não é algo verídico, a própria Greta Gerwig, diretora de Barbie, já era conhecida por outros filmes, como Lady Bird que recebeu indicações ao Oscar.
Se retrocedermos em mais de um século a história do cinema, pegarmos bem lá do início mesmo, veremos que desde os primeiros momentos haviam mulheres fazendo cinema. Alice Guy-Blaché é considerada a primeira mulher cineasta e viveu entre 1873 e 1968. Mas nomes como Lois Weber, Olga Preobrazhenskaya, Mabel Normand e Mary Ellen Bute também podem ser citados. De acordo com dados, antes de 1925 mais da metade dos filmes eram escritos por mulheres.
Alice Guy-Blaché (Reprodução: Hypeness)
Porém, foi durante a chamada Era de Ouro do Cinema durando de 1917 a 1960. Nesse período as mulheres foram “sumindo” do cinema. Ainda existiam mulheres no meio, até porque elas atuavam em produções, mas os números de mulheres trabalhando por trás das câmeras foi se tornando cada vez menor. Porque a indústria juntamente com o mundo machista e patriarcal visava homens.
Uma pesquisa feita por Martha Lauzen, diretora-executiva do Centro de Estudos de Mulher na Televisão e no Cinema da Universidade Estadual de San Diego, verificou que em 2022, as mulheres eram 22% dos diretores, roteiristas, produtores, editores e cinegrafistas trabalhando nos 250 filmes de maior bilheteria. Um número ainda muito baixo. E isso se reflete nas bilheterias.
Com menos mulheres por trás das câmeras esse pode ser considerado um dos motivos para a demora do bilhão feminino. Mas não só isso, o próprio marketing também tem impacto nisso, e se a produção não tem tanta divulgação é difícil chegar no grande público. E seu tempo em cartaz também diminui. Tudo isso pode ser observado nos combos da Barbie lançados pelos cinemas e até mesmo pelo Burger King.
Barbie era um filme que só por ser da boneca mais conhecida do mundo já tinha uma gama de fãs antes mesmo de lançar, seu elenco juntamente com trilha sonora e demais nomes por trás das câmeras chama atenção por si só. A Barbie é tudo, logo não seria difícil fazer brindes que agradassem ao público. Mas enquanto Homem-Aranha: Através do Aranhaverso ganhou um combo todo estilizado pelo BK lançado um mês antes, a rede de fast-food achou que bastava colocar um molho rosa no lanche e chamar de Pink Burger.
Combo Homem-Aranha (Fonte: Burger King / Reprodução: Publicitários Criativos)
(Fonte: Burger King / Reprodução: Mundo do Marketing)
Da mesma forma que as redes de cinema que já fizeram Manopla do Infinito na época dos Vingadores, e o BB-8 na época de Star Wars, como baldes de pipoca, apenas fizeram um copo e acharam que estava valendo. Ao passo que estava tudo bem em junho as pessoas se vestirem com versões do Aranhaverso ou usarem camisa de herói, em julho usar rosa passou a ser criticado. Não, isso não quer dizer que os Aranhas deveriam ser criticados também, mas sim que todos deveriam ter direito de se expressar independente da cor usada ou filme envolvido. Usar rosa não te faz menos homem.
O fato é que como o próprio filme da Barbie mostra, no mundo real as mulheres sofrem críticas o tempo todo por absolutamente tudo. O filme escancara a realidade tanto na tela do cinema quanto fora dela. O mundo é sim machista e vivemos sim um patriarcado, e esses pontos não são bons para lado nenhum. Mas é o que explica a demora para que um filme dirigido por uma mulher conseguisse chegar ao bilhão.
Fonte: Warner Bros. Pictures / Reprodução: Los Angeles Times
