No dia 11 de agosto de 2023, o estilo de vida e arte, também musical, cinquentou! E para comemorar, Deixaremos aqui, as nossas felicitações ao movimento artístico e sociopolítico.Através de uma matéria que possa orgulhar a altura
o Hip Hop mistura arte, música e Breakdance, somando mais forças e pessoas dando abertura para grafiteiros, rappers, MC’S e DJ’S para viabilizarem seu talento. Mas que talento! Emprestarem sua voz, dentre as variedades comunicacionais, para mudar o mundo e o pensamento.
eu sempre tento incluir coisas no meu trabalho com algo que possa causar identificação entre essa rapaziada. O meu trabalho é para aqueles que sabem ou estão afim de saber, tentam entender, como hip hop transforma.Sinto muito. Não ligo. Atura ou surta. Riu o MC Ceilandense, que continuou:
Dudu teve a gentileza de contar um pouco mais sobre sua história de vida: Sempre vivi em comunidades onde a violência é cotidiano. Ceilandia Norte foi onde aprendi a viver a realidade da periferia. As regiões do Sol Nascente, P Sul, P Norte, são vistas por mim, como minha escola na cultura.
Aos 26 anos, apesar de não ter uma educação superior na sua vida, Edu mostra respeito pela educação, e quando esta forma é apresentada nos fundamentos do rap, mais ainda:
Apesar de não ter faculdade, a música Rap me proporcionou um transformação de vida , e me deu oportunidades como profissional, estabeleci conexões com outros estados e culturas.
E com essas histórias e vivências muita coisa aconteceu com ele: Em 2016 comecei a batalhar nos duelos de rima ou batalha de mcs. Desde então venho participando colecionando vitórias e derrotas que fazem parte da carreira. Mas tenho orgulho dos títulos que as batalhas me deram. Sou representante da cultura da ceilandia e do DF através do Rap e beatbox e basquete de rua .
Conversando com ele também vemos que nem tudo são flores quando se escolhe este caminho. O jovem já passou por muitas. mas declara ainda todo o seu aprendizado com o que podia prender conhecendo esse mundo tão plural, que é o hip hop:
Já tive amores e perdi amores por conta da música. Tive que ter coragem para lutar por tudo que acredito. Já fiquei empenhado por conta de ônibus. ‘nois‘ pegamos chuva, rimamos em lugares que talvez nenhum artista iria, mas o rap vai em qualquer lugar ou até qualquer pessoa.
Já que o professor falou que o rap chegou ou chega em qualquer pessoa, pedimos algum exemplo disso. Foi então que o MC nos deu algo que pediríamos para ser uma mosquinha para ter visto: Recentemente estive cantando na Câmara dos Deputados e no Tribunal de Contas da União. Palcos relevantes com público de mais de quatro mil pessoas.
Aproveitando essa última deixa perguntamos o que ele achou da experiência e se faria de novo:
Sendo remunerado pelo trampo, sim. A experiência me deu sentimentos adversos. O julgamento que eu senti não foi bom. Ninguém sabia o que o palestrante faria, mesmo assim entre, tomei até café, mas assim que cheguei, percebi olhares de julgamento e reprovações. Até os olhares tortos para o que eu visto.
Quando subi no palco, vi muitas pessoas se retirando. Mas também muita galera que resolveu comprar o porquê deu estar ali mostrando meu trabalho.
Foi muito difícil fazer essa experiência sem remuneração. Eles não arcaram nem com o transporte. Mas foi foda. Jamais imaginei que eu cantaria na frente de juízas, policiais e doutores. Teve gente que ficou e refletiu a causa.
Dando margem para a reflexão, também perguntamos sobre a família do Eduardo, se seus pais o apoiavam, e o que que tem a dizer sobre sua própria escolha no caminho dessa cultura transformadora: Sou a favor de levar isso pra quem precisa. Da situação que eu contei, eles, os políticos no caso, mal entendiam o objetivo com o qual eu estava me prestando ao papel estar ali. Contudo, acho necessário, que pelo menos com políticos, tente-se acabar com aquele discurso: bandido bom, é bandido morto. Ou que o hip hop é coisa de vagabundo.
Já meus pais, não me apoiaram de início, tive que lidar com vários estereótipos que eu escuto até hoje. Sei que talvez isso possa ser por preocupação ou talvez pode ser desinformação. Mas penso que ser quem nós somos é uma afronta aos costumes de leis, que inviabiliza o preto pobre.
Meus pais já disseram: rap não dá dinheiro, não dá futuro, não vai ser nada. Que essa gente que optou por esse caminho só anda com gente que não presta. Que eu podia trabalhar CLT, mas que só queria ficar com o negócio de rap.
Para esse tipo de comentário, o fundador da Batalha do Relógio, tem uma resposta poética:
Hoje somos a música e a cultura mais forte e atuante no mundo na luta por Justiça, equidade, e direitos. Acessos pro povo que sofre com o extermínio, o genocídio, como se quisessem apagar nossa história e nossa origem.
A nossa história é linda, mas é também de muito sangue, lágrimas e suor. Hoje somos patrimônio imaterial da cultura do Distrito Federal. Como a revolução e ocupação do hip hop no Brasil temos bastante história para contar.
Quem também tem bastante história para contar , é o nosso último entrevistado nessa matéria especial de comemoração.
Rivas é grafiteiro, começou a grafitar na década de 80, ao conhecer seu primeiro grupo de Break, ‘o reforços’.
Em entrevista, pedimos para significar o que é grafite, ele então deu a seguinte explicação:
O graffiti tem um significado muito forte pra mim, com ressocialização, transformação de ambientes, autoestima, o graffiti é a arte, a linguagem das ruas, ele fala diretamente com a comunidade! Ele reflete a vida do artista de quebrada, trazendo sonhos, e realidades ao mesmo tempo.
Assim como os dos últimos responsáveis pela cabeça dessa matéria, Rivas também leva suas rima e canto aonde vai, espalhando arte do grafite por aí nos lugares que mais precisam ser levados em conta:
Já tive a oportunidade de trabalhar no antigo CAJE (Centro de Atendimento Juvenil Especializado) com oficinas de grafite pra a adolescentes e hoje já ministro oficinas de graffiti em todas as unidades de internação do DF, espero muito que essa arte faça parte da vida das crianças na escola porque entendo e vejo a força do graffiti nas periferias de Brasília.
Sobre rivalidade no trabalho o artista diz que é possivel relevar:
Viver da arte do hip hop também é conviver com as rivalidades. Ele também nos contou que quando estava no seu primeiro grupo, muitas pessoas se disperçaram, naquela década foi cada um para o seu canto: Então, nós éramos da Reforços Breaks e tivemos uma grande rivalidade com o grupo DF Zulu Breakers, apesar de termos criado a Zulu, quando saímos se criou a rivalidade, e essa rivalidade aumentou quando ou uma grande separação no rap de Brasília. Ficou Gog, Cambio Negro, DF Zulu de um lado e do outro Álibi, Cirurgia Moral e Reforços Breaks. Isso durou um bom tempo, mas hoje tá na paz.
O grafite e a música sempre foram o motivo de continuar a fazer o que gosta, até o fim e alimentando seus sonhos:
Eu gosto de trabalhar o graffiti com temas de hiphop, mas entendendo o contexto aonde eu estiver, exemplo: se na área que eu for fazer um graffiti tiver problemas com violência, ou tráfico, minha arte estará contextualizada e passado alguma mensagem sobre essa problemática, se for uma área mais rural estarei colocando meus personagens contextualizado com o ambiente e passando a mensagem, sempre será assim, os personagens as frases ou partes de letras de rap que de alguma forma vai falar com alguém, vai alcançar alguém, uma idéia de Fé é sempre bem vinda e eu faço questão de passar positividade nas minhas artes!
Essas entrevistas também me lembraram uma frase do YouTuber Meleca: a receptividade das culturas hoje são mais visadas, mas essas histórias, por não se ter a visibilidade da mídia, acabam não sendo tão vistas.