Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
15/11/2023 às 11h21min - Atualizada em 13/11/2023 às 17h00min

Mais que tiro porrada e bomba

Paulo Firmo - Editado por Letícia Nunes
Fonte e Reprodução: Netflix | Adoro Cinema


Sly, documentário que estreiou recentemente na Netflix, mergulha na sensibilidade do intérprete de “Rambo”, “Rocky” e “Barney”. 

 

Nascido em 6 de julho de 1946 em Nova Iorque (EUA), mais precisamente no bairro de Hell’s Kitchen, Sylvester Stallone é, assim como a personagem das histórias em quadrinhos, o Demolidor1 (Daredevil originalmente em inglês), um verdadeiro “homem sem medo”. 

 

O herói (sem medo) do cinema, TV, jogos, quadrinhos e livros (algo que neste documentário ele afirma sempre ter sido o seu desejo), sustentava desde pequenino: “Eu não vou quebrar”. Precisou de tal convicção para enfrentar uma infância marcada por isolamentos, agressões e cobranças; assim como as desconfianças, críticas e poucas oportunidades oferecidas na carreira que lhe trouxe reconhecimento mundial. Literalmente foi necessário escrever o próprio caminho e abrir as próprias portas. Descobriu o que queria fazer da vida, se transformou em um ícone, ajudou a criar a cultura de gerações (anos 80, 90 e 2000), se questionou que legado estava deixando e até onde poderia/queria ir. 

 

É sobre estas e inúmeras outras passagens, batalhas e percepções que se constrói o documentário original Netflix, Sly (apelido de Sylvester, que dá título à produção). Dirigido pelo produtor e montador estadunidense de 58 anos Thom Zimny (O Dom: A Jornada de Johnny Cash, 2019), a obra trata de arrependimentos, conquistas, angústias, desejos, questões familiares e as duras imposições do tempo. Vivências estas que Stallone esclarece, de alguma maneira, se fazerem presentes em seus personagens. Sobretudo nos protagonistas das suas três principais franquias de filmes (de ação): Rocky (1976, 1979, 1982, 1985, 1990 e 2006), Rambo (1982, 1985, 1988, 2008 e 2019) e Os Mercenários2 (2010, 2012, 2014 e 2023). Em certo momento, ele diz na obra: “Sou a encarnação do que aconteceu com Rocky; aconteceu comigo”

 

Em meio a uma trilha musical que acompanha (literalmente) os altos e baixos da carreira (e sentimentos) de Sly, o documentário é produzido com o recorrente uso de planos closes (enquadramento audiovisual que vai do queixo até a testa) e planos detalhes (enquadramento audiovisual que, relativo ao corpo humano foca por exemplo em uma boca ou olho, ou volta-se especificamente a um objeto inanimado), na própria casa de Stallone, em plena mudança para Nova Iorque depois de 65 anos. O diretor Thom Zimny busca evidenciar a sensibilidade de Stallone, focando em sua empatia e sentimentos mais íntimos. Apresenta o ator-personagem como o próprio brutamontes do bem. 

 

Familiares, amigos e colegas de profissão como Frank Stallone Jr, Quentin Tarantino, Arnold Schwarzenegger, Talia Shire (a Adrian da franquia Rocky) e John Herzfeld (Stallone: Cobra, 15 Minutos, Embalo a Dois) expõem a faceta mais intimista, até mesmo certa fragilidade da personalidade de Stallone. Ao encontro deste quadro, Sly enfatiza, na sua carreira e vida pessoal, a importância do autoconhecimento, persistência e motivação. 

 

Ele ainda admite que busca a aprovação do público como uma espécie de compensação pelo que não obteve na relação com o pai e em meio às inúmeras negativas recebidas na carreira. Refletindo, ele afirma:“a rejeição é meu incentivo”. E, curiosamente ao contrário do que parte do seu público possa realizar, Sly percebe os seus filmes de ação, para além do tiro, da porrada e da bomba. No seu entendimento, tratam-se de verdadeiras histórias de amor, família e amadurecimento. Ele diz que quer mostrar esperança. E que odeia finais tristes.

 

Indicado para maiores de 12 anos, Sly é uma documentário não só para os fãs desse ícone nascido na década de 80 do século XX, mas também para todos aqueles que gostam de boas histórias, com bastante ação, e finais felizes. Direto ao ponto. “Corta”. Assista ao trailer abaixo.

 

 

Em tempo, a música do documentário é de Tyler Strickland, a edição ficou a cargo de Thom Zimny e Annie Salsich, e Bill Zanker, Sam Delcanto, Braden Adtergo, Jon Bayer, Tom Forman, Jenny Daly, Sean Stuart e o próprio Sylvester Stallone são os produtores executivos. Legendas em português do Brasil foram elaboradas por Bruno Spinosa Tiussi.

 

Notas: 

 

1. Matt Murdock, o Demolidor (Daredevil originalmente em inglês), é um personagem das histórias em quadrinhos da editora estadunidense Marvel Comics criado em 1964 por Stan Lee e Bill Everett. Ele nasceu, cresceu e se transformou (se tornou um super humano) no bairro novaiorquino de Hell’s Kitchen (literalmente “A Cozinha do Inferno). Cego e com os demais sentidos super aguçados, ele combate o crime e é conhecido com “o homem sem medo”. A Cozinha do Inferno, por sua vez, realmente recebeu este nome por volta dos anos 1800 e embora não aja um consenso, afirma-se em geral que deve-se ao ambiente de violência, certa miséria e prostituição que existia à época. 
 
2.Barney é o personagem vivido por Stallone na franquia de filmes de ação Os Mercenários (The Expendables, em inglês).

 

Referências:

 

BRANDÃO, Lucas. O “método Stanislavski” na representação. Comunidade Cultura e Arte. 1 jul. 2020. Disponível em: < https://comunidadeculturaearte.com/o-sistema-stanislavski-do-teatro-e-do-cinema/ >. Acesso em: 13 nov. 2023.

 

Demolidor. Wikipédia. 4 jan. 2016. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Demolidor >. Acesso em: 11 nov. 2023.

 

QU4RTO STUDIO. Planos de câmera no audiovisual e no cinema. Blog. QU4RTO. 16 jun. 2021. Disponível em: < https://www.qu4rtostudio.com.br/post/planos-de-camera-no-cinema >. Acesso em: 12 nov. 2023.

 

Sly. IMDB. [s.d]. Disponível em: < https://www.imdb.com/title/tt28254460/?ref_=fn_al_tt_1 >. Acesso em: 12 nov. 2023.

 

ZIMNY, Thom. SLY. [filme]. Netflix. Brasil, 2023, 96min, som, cor.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »