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20/12/2019 às 00h27min - Atualizada em 20/12/2019 às 00h27min

Com Amor, Van Gogh: A jornada final de um gênio atormentado

Rayane Fernandes - Editado por Mário Cypriano
Poster do Filme Com Amor, Van Gogh. Foto: Loving Vincent

Como contar a difícil história de um artista enigmático e complexo como Vincent Van Gogh? Para Dorota Kobiela e Hugh Welchman, a resposta foi bem simples: através de suas próprias criações. E assim, nasceu "Com Amor, Van Gogh" ( Loving Vincent, 2017). O longa faz uma retrospectiva sobre os últimos momentos de vida do pintor holandês usando suas pinturas e o acervo de mais de 800 cartas de Vincent para seu irmão Theo.

Cena do filme com as personagens Armand e Marguerite Gachet / Foto: Reprodução

O filme se passa um ano após a morte de Van Gogh e narra a história de Armand Roulin (Douglas Booth), que a pedido do seu pai Roulin (Chris O’Dowd), vai ao interior da França entregar a última carta de Vincent para seu irmão Theo. No entanto, ao chegar ao seu destino descobre que o caçula do pintor também havia falecido pouco depois de seu irmão mais velho. Não satisfeito em terminar sua jornada, ele decide refazer os passos do artista para encontrar alguém que possa fazer com que a carta chegue as mãos da viúva de Theo, assim, cumprindo o último pedido de Vincent. A partir daí, começamos a conhecer melhor quem fora o sonhador por trás do gênio, através das diferentes perspectivas das pessoas que conviveram com o artista. Logo, o jovem Roulin se vê completamente imerso no mundo do pintor e entra em uma investigação para descobrir como foram os últimos do artista. 
 

Ator Robert Gulaczyk, que fez o Vincent, no set de filmagem em 2014 / Foto: Loving Vincent

Embora Armand pareça o protagonista do filme, ele serve como mediador para a trama. É inegável que o próprio Van Gogh seja o protagonista do longa, mesmo que sua figura esteja ausente na maior parte do filme. A narrativa fragmentada do passado do pintor instiga o espectador a construir sua própria perspectiva de quem foi Vincent Van Gogh; cada pedaço revelado pelas figuras que viveram com ele apresenta os vários lados do artista: o lado lunático e perturbado com a governanta; o lado sonhador e delicado com filha do médico; o lado gentil e atencioso com a filha do dono da hospedaria; o lado crítico e analítico com o médico e o lado instável e deslocado com o barqueiro. Embora Roulin questione o porquê dessas contrastantes percepções de um único homem, fica evidente que todas elas se completam e compõem a complexidade do artista Van Gogh, com seus defeitos e virtudes.

A animação, que foi a primeira no mundo realizada inteiramente com pinturas feitas a mão, levou seis anos para ser concluída. Sua equipe contou com não menos que 100 artistas, que foram selecionados dentre mais de 2.500 candidatos. No total, foram produzidas 853 pinturas que serviram como base para a animação, e depois eram completas com os desenhos dos atores – foram gravadas 60 de live action que foram usadas como referências – que representavam as personagens das obras de Vincent, resultando no final em 65 mil frames. Cada quadro foi pintado a mão e tinta óleo, utilizando as técnicas usadas por Van Gogh e tendo como inspiração a suas mais de 400 obras.

Chris O'Dowd serviu como base para o Roulin, pintura original de Van gogh de 1888 e seu resultado final no filme / Foto: Loving Vincent

Outro fato interessante sobre como foi escolhido apresentar os flashbacks da vida de Vincent: em preto e branco. Os diretores optaram por retratar os momentos em que ele não pintou, baseado em fotos e relatos de suas cartas. Além da ausência de cores, outra coisa que difere do restante do filme é que esses momentos foram representados com um estilo de pintura realista distintos do estilo de Van Gogh. Aqui, a liberdade poética permitiu mostrar um lado dramático da vida do artista para além da sua própria percepção

O longa foi indicado ao Oscar como melhor animação em 2018, e atualmente está disponível na Netflix.

Em Janeiro será lançado no Brasil o documentário Com Amor, Van Gogh – O Sonho Impossível, que contará como foi a produção desde ideia à sua finalização. O documentário chega aos cinemas no dia 30/01.

 

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