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09/06/2021 às 13h19min - Atualizada em 09/06/2021 às 13h07min

Galeria 66 chega em São Luís para alavancar o segmento de brechó da cidade

No Brasil, segundo dados do IBGE entre 2008 e 2018, o faturamento de brechós foi de 132%

Adriana de Sousa - Revisado por Isabela dos Santos
Galeria 66 foi inaugurada durante a pandemia, em novembro de 2020. (Foto: Maurício Silva)
Não é de hoje que se expande o mercado de vendas de roupas semi-novas e usadas, o brechó. Segundo um levantamento da GlobalData, de 2019, quatro em cada cinco pessoas têm itens de segunda mão ou pretendem comprar. Ainda segundo a pesquisa, o mercado do brechó deve crescer cerca de quase duas vezes mais que o fast fashion. No Brasil, segundo dados do IBGE entre 2008 e 2018, o faturamento de brechós foi de 132%.

Em São Luís, no Maranhão, mesmo em meio a pandemia do novo coronavirus, o empreendedor Maurício Silva embarcou na jornada de inaugurar a primeira galeria para brechós e artesanatos bem no coração da capital, no Centro Histórico.

A Galeria 66, criada para tornar o sonho de empreendedores (as) de terem uma loja física, situa-se na escadaria da Rua Humberto de Campos no Centro Histórico da cidade. Inaugurada em novembro de 2020, veio com a finalidade de dar um espaço apenas para brechós e artesanatos.

A predominância em empreendedores é feminina, mulheres que trabalham para  seu sustento e de sua família. O empreendedor e idealizador deste trabalho, Maurício Silva, contou a respeito deste seu projeto em entrevista para o Laboratório de Jornalismo:

Por que trazer uma galeria só de Brechó e artesanatos para o Centro Histórico de São Luís?
Maurício - O conceito de reunir vários brechós, artesanato e lanchonete em um só lugar é algo novo em São Luís, contudo, já existem ideias parecidas em todo o Brasil e aqui precisava de algo parecido.
 
E vocês inauguraram mesmo em meio a pandemia, como foi e está sendo essa experiência?
Maurício - A experiência está sendo fantástica até o momento, estamos em uma crescente e esperando dias melhores para o futuro. Recebemos todos os estilos de clientes, eles optam pelo brechó pelo fato da exclusividade de suas roupas. Aqui eles podem comprar peças incríveis por um valor até 10% menos que o valor da loja. 
 
● Quantas lojas têm a galeria?
Maurício - Conta com dez araras para empreendedores de brechó e quatro estantes para artesanato além da lanchonete.

Despertar para a moda sustentável

A empreendedora de brechó Kyvia Andrade (Brechó e Biju) também contou sobre sua experiência tendo um empreendimento na Galeria 66:

● Você considera que o interesse por brechós está crescendo?
Kyvia - Sim, sem dúvidas! E ainda estamos ganhando públicos cada vez mais diversificados. O despertar para a moda sustentável é crescente!
 
● Qual o perfil de cliente que vocês recebem? Por que essas pessoas optam por brechós?
Kyvia - Tenho clientes com idade que varia entre os 24 aos 55 anos, principalmente. Em sua grande maioria, são mulheres que buscam se vestir bem e garimpar peças dos seus estilos a preços mais acessíveis que nas boutiques e lojas de perfil fast fashion.
 
● O público é majoritariamente feminino ou masculino? Você nota esta diferença?
Kyvia - É majoritariamente feminino, sem dúvidas! Porém, o público masculino também tem crescido consideravelmente.

Procura pelo artesanato

Jainaira Martins, artesã, que também possui um espaço na Galeria conta como está sendo sua experiência:

● Qual a importância de se ter espaços como esse destinados à venda de artesanatos?
Jainaira - Olha hoje, mesmo com a pandemia, o artesanato voltou a ter prestígio. Vimos o nosso trabalhos sendo valorizado e sendo procurado pelo público alvo. Ter um espaço físico é importante, nossos clientes podem ver com precisão as peças, além de gerar renda! A galeria reviver 66 me proporcionou esse contato mais próximo com os clientes! Lá posso vender e expor meus artesanatos.
  
● Como tem sido sua experiência e o que os (as) clientes procuram?
Jainaira - Minha experiência com o artesanato em especial o "crochê " é muito gratificante, faço desde os 15 ano. Mas foi entre 2020 e 2021 que foquei diretamente no crochê e fiz dele minha única fonte de renda! Com o crochê podemos confeccionar vários tipos de peças moda casa; vestuário; acessórios; amigurumes; bolsas, etc...
Então temos que está sempre acompanhado a tendência desse tema . Tem tempos que faço mais moda casa. Em outros, vestuário  adulto e infantil. Aí vem os amigurumes. E não é só os empreendedores que ficaram empolgados com o novo espaço para expor seu trabalho. Os clientes se mostraram muito satisfeitos com o local onde podem ver de perto, experimentar suas compras...

Por que comprar em brechó? 

Kácia Morais, cliente de brechó, também contou como se sente a respeito deste espaço:
 
● Por que você opta por comprar em brechó?

Kácia - Não parei mais de consumir dos brechós da vida, pois com o passar dos anos só vi mais e mais benefícios. Existem peças maravilhosas, em ótimo estado, de todos os tamanhos (garimpei várias peças pequenas e que pareciam ter sido feitas pra mim). Algumas peças podem ser personalizadas, achados vintages que foram produzidos há mais de 20 anos e continuam seu ciclo. Enfim, existe brechó para cada estilo! Fui aprendendo o quanto uma roupa impacta no meio ambiente durante sua cadeia de produção, e a refletir sobre a indústria da moda e seu impacto econômico e social, optando por fortalecer e valorizar ainda mais o trabalho dos microempreendedores que atuam no segmento de brechós. Hoje é uma junção de fatores que me fazem escolher o brechó e sinto prazer em compartilhar com os familiares e amigos essa visão.

 
● Qual foi sua reação ao saber que São Luís ganharia uma galeria focada nisso?

Kácia - Eu fiquei feliz e satisfeita, quando soube que São Luís ganharia uma galeria para reunir os brecholeiros. Necessitávamos de um local fixo que comportasse, pois como cliente de alguns e frequentadora assídua dos encontros de brechós, reuniria em um só espaço possibilitando conhecer o acervo, o trabalho das pessoas envolvidas, permitindo tranquilidade e conforto tanto aos clientes como aos brecholeiros, sem ter que ser interrompida a exposição das peças por fortes chuvas. E com o funcionamento comercial é mais cômodo para as pessoas escolherem um dia para conferir as novidades. Facilitou bastante garimpar peças com a minha cara, desde roupas, calçados e acessórios, e também fazer escolhas de presentes sustentáveis pela gama de opções.
 
A Galeria 66 chegou para ficar e mostrar ao público o poder do consumo sustentável e do empreendedorismo feminino. Além de contar ao mundo que reusar é vida. 

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