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14/06/2021 às 20h33min - Atualizada em 11/06/2021 às 18h51min

Johnny Hoocker: uma afronta ao conservadorismo

O cantor pernambucano vem mostrando através de sua arte que o amor é para todos

André Arruda - editado por Luhê Ramos
Instagram/Reprodução
John Donovan Maia, mais conhecido como Johnny Hoocker, é um cantor e compositor que vem se destacando na cena indie ao longo dos anos. Gay, pernambucano e afeminado, ele não tem medo de ser quem é. O cantor é uma potência quando se trata de representatividade na comunidade LGBTQIA+. Ele faz questão de usar toda a sua visibilidade para lutar contra o preconceito. Johnny é um artista político e usa da sua voz para além da música. Em nosso cenário atual é difícil encontrar pessoas públicas tão dispostas a lutar por causas como essa. Pois, como o cantor diz, muitas personalidades se calam pelo medo de perder espaço não só na indústria musical, mas também na publicidade. Na era das redes sociais, ninguém quer perder os inúmeros contratos que podem ser adquiridos só pelo motivo de possuírem uma opinião contestadora. 
 
Filho de pais cineastas e fotógrafos, o pernambucano teve uma educação extremamente livre, como ele mesmo diz “Um privilégio para poucos”. Em uma de suas entrevistas ao canal do Youtube Papo de Música, ele conta que sempre foi incentivado pela família a buscar pela arte. Com apenas dois anos sua mãe fez seu aniversário com o tema da Bela Adormecida a pedido dele, esse fato já mostra o porquê o cantor é tão seguro de si. 
 
Com influências de artistas como David Bowie e Marilyn Manson, a personalidade artística do cantor foi sendo moldada ainda na sua adolescência. Uma grande paixão na época de colégio chamada Denise, também teve uma participação nessa construção e se estendendo até pela escolha do nome. Para o pernambucano nunca foi uma questão falar sobre amor entre dois homens ou entre duas mulheres. Tanto que em seus trabalhos isso é retratado com muita naturalidade, já que faz parte de sua natureza.
 
Seu primeiro álbum em estúdio intitulado como “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito” é de uma intensidade arrebatadora. Nele é tratado os altos e baixos que o amor possui de forma muito real. Suas músicas saíram da bolha indie e se tornaram populares. Flutua é um single do seu segundo disco e fala sobre o amor entre dois homens, o sucesso foi tanto que chegou a torna-se tema de comercial. Uma de suas conquistas também foi vencer o prêmio de melhor cantor na categoria de canção popular no Prêmio de Música Brasileira em 2015.  

Flutua, uma parceria entre Johnny Hooker e Liniker que foi uma grande sucesso. 
 
“A música me ajudou a encontrar o meu lugar no mundo”, essa é uma frase dita pelo cantor. Porém, além de ter se encontrado, ele com a sua figura ajuda muitos jovens a encontrarem em  seus espaços no mundo. Em um breve bate papo conosco, o estudante de história Ilon Max narra como foi o seu processo de aceitação e como artistas como Johnny o representaram nessa caminhada. Ele conta que a experiência de se descobrir homossexual foi carregada por muitos medos e inseguranças, já que o discurso pecaminoso sempre esteve presente em sua vida. 
 
Em um outro momento da conversa, Ilon diz que na sua adolescência não tinham artistas que representassem o movimento LGBTQIA+, eram os héteros que faziam isso. Foram nos últimos dez anos que a comunidade começou a ser de fato representada. Por isso, a importância de figuras como Johnny, pois assim se enxergando no outro, o estar sozinho deixa de ser uma realidade. 

O Brasil é um país extremamente preconceituoso e mesmo com os avanços de pautas que discutem a sexualidade, ainda sim se tem um caminho longo pela frente. Não só Johnny, mas também Pabllo Vittar, Liniker e Gloria Groove são alguns dos nomes que compõem uma luta forte contra o ódio. Como diz Rita Von Huty “Não quero ser tolerado, quero ser respeitado” e é assim que deve ser. E sempre deixando claro que preconceito não se respeita e sim se combate, ninguém pode viver com medo de ser livre, a sexulidade não pode e não deve ser uma prisão. 

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