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18/06/2021 às 01h58min - Atualizada em 18/06/2021 às 01h37min

Eles precisam de nós

Nessa pandemia, você tem dado o devido afeto aos idosos?

Letícia Aguiar - Editado por Andrieli Torres
Reprodução/ internet
Ainda é cedo, mas dona Célia, 70 anos, já está de pé pronta para sua caminhada matinal. Ela faz seus exercícios no quintal e logo depois já prepara o café da manhã, com um pouco de pressa, para não perder o começo da missa na televisão, já que nesse novo normal, tudo precisa ser feito dentro de casa. Dona Célia não é a única passando mais tempo dentro do lar, com a pandemia de Covid-19, os idosos, que fazem parte do grupo de risco e estão mais expostos ao vírus, precisaram ficar mais distantes e isolados.

Mesmo que seja uma medida de segurança, é preciso estarmos atentos e dedicarmos muito mais afeto a quem sempre cuidou da gente. Segundo a psicóloga Fabíola Brandão, a pandemia pode ter um efeito significativo na vida do idoso. “O impacto na vida do idoso não é só pelo coletivo, mas também, pessoal, aflorando sentimentos como o medo da doença e de ser infectado, além do medo da morte e da solidão, principalmente para os idosos que cumpriram e ainda estão cumprindo o isolamento social”, disse.

Há mais de um ano sem sair de casa e tendo contato apenas com alguns familiares, a idosa teve muito medo da doença no início. Além disso, outro sentimento muito presente foi o da solidão. Ela conta que mesmo morando com a filha e a neta, às vezes se sente muito sozinha e com saudade do “antes”.  “Às vezes eu não tenho ninguém em casa e fico só, sinto saudade das minhas amigas da hidro, das minhas viagens e da praia, poder contemplar o azul do mar é uma das minhas maiores saudades”, desabafou.

O medo não foi um sentimento particular de Célia, na casa de José Pedro, 76, essa emoção também esteve presente. “Tive muito medo no começo da pandemia, principalmente quando peguei a Covid e achei que iria ficar internado. Eu tenho muito medo de morrer, sei que vou morrer, mas espero que eu tenha outros 70 anos pela frente”, afirmou. 



APOIO FAMILIAR

Medo, solidão, consumo excessivo de notícias, podem ser muito frequentes para os idosos nesse período de pandemia, apesar disso, é importante os familiares estarem presentes, mesmo que “de longe”, a família é fundamental para que o idoso não se sinta sozinho. Por isso, é possível estar sempre cuidando dos mais velhos e ainda seguir todas as medidas de segurança.

Esse “cuidado de longe” foi adotado pela contadora, Lívia Cristina, uma das filhas de dona Célia que não mora com ela e decidiu ficar distante da mãe, porém, sempre mantendo contato. No começo da pandemia, sempre que saia do trabalho ela passava na casa da mãe e, dentro do carro, mandava boas energias e conversava um pouco com Célia. Depois, Lívia começou a entrar na casa da mãe e a fazer uma visita mais “ de perto”, sempre usando máscara e mantendo distanciamento.

Para a contadora, cuidar da família, principalmente dos idosos, nesse período, deve ser uma atitude de todos. “Cuidem dos seus familiares idosos, façam-se presentes, é a atenção e o cuidado que estão fazendo toda diferença nesse momento. É preciso ouvi-los e deixar claro como eles são importantes, não é o distanciamento que diminuirá o nosso amor por eles, nem o nosso desejo de vê-los felizes”, ressaltou.  

MENTE OCUPADA

Com tantas mortes e notícias ruins, é possível que a mente do idoso fique muito sobrecarregada, sendo necessário a realização de atividades de descontração, que proporcionem não só a saúde do corpo, mas a saúde da mente. De acordo com a psicóloga Fabíola, algumas medidas podem ser adotadas para a melhoria da saúde mental, como assistir menos os noticiários, ter mais momentos de leveza, seja pelo uso de jogos ou quaisquer outras formas de distração. Para ela, o importante é que o idoso faça algo que goste e o deixe feliz.

Dona Célia adotou uma espécie de “terapia” para poder distrair a mente. Com a pandemia, passou a confeccionar máscaras em sua máquina de costura, e o que antes era apenas para o trabalho da filha, virou uma verdadeira atitude de solidariedade. “Eu costurava só para o trabalho da minha filha, mas agora eu costuro para mim, para meus familiares e todos que precisam, fazer máscaras virou a minha terapia e minha forma de deixar o mundo atual um pouco melhor”, disse.  



José Pedro também procurou se manter ativo, ele conta que mesmo dentro de casa está sempre à procura de uma nova atividade. “Eu estou sempre mexendo nas coisas aqui em casa, sempre procurando algo para fazer, mas só faço coisas de pouco esforço, apenas para manter o equilíbrio”, afirmou.

Seja qual for a “ocupação”, estar ativo faz o idoso se sentir útil e importante, principalmente em tempos de Covid-19, é preciso fazer com que eles se sintam essenciais e não apenas um “grupo de risco”. Afinal, são nossos avós, nossos pais, que um dia até trocaram nossas fraldas, mas sempre cultivaram o amor que sentem por nós. Agora é nossa vez de externar o nosso amor por eles e cuidar de quem zelou por nós desde os nossos primeiros passos. 

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