O Estado de Sergipe comemorou nesta quinta-feira (08), 201 anos de emancipação política. A data relembra o processo de independência do estado sobre o território baiano, sob o qual conquistou a liberdade política de ser autônomo. A independência do território sergipano foi marcada por conturbadas lutas políticas e contestações na época pelos líderes baianos e senhores de engenho.
Seu nome é de origem Tupi que significa ‘‘rio de siris’’. Lar da mangaba, do amendoim, do caranguejo e das rendas irlandesas, a antiga capitania de Sergipe Del Rey hoje é terra de séculos de cultura e história que moldaram e marcaram nossa sergipanidade. São 201 anos da construção de uma identidade sergipana e do sentimento de ‘‘ser sergipano’’.
O processo de independência
A emancipação política de Sergipe é feita oficialmente pelo decreto de D. João VI, em 8 de julho de 1820. Segundo a professora Edna Maria, essa ação fez parte de um contexto político que envolvia a ascensão do movimento liberal no império português com um anseio antigo da população local por autonomia. Para ela, a construção de Sergipe se deu de forma ‘‘atropelada’’ por está atrelada a independência do Brasil.
A professora aponta que esse processo de independência de Sergipe se deu de forma ‘‘demorada’’. A elite política e econômica da Bahia era poderosa e não aceitaram com tanta facilidade a perda de um pedaço do seu território, tendo em vista que Sergipe representava ⅓ da renda baiana. Além disso, a independência não era desejo de todos, pois devido a interesses econômicos, alguns sergipanos lutaram ao lado dos baianos contra a emancipação.
Em seus primeiros passos com autonomia, a província passou por momentos conturbados. O primeiro governador, Carlos Burlamarqui foi deposto do cargo com apenas 28 dias de atuação, em razão de contestações e falta de apoio político. Edna explica que houve marcos importantes para o reconhecimento da liberdade política de Sergipe. Um deles foi o decreto assinado pelo imperador D. Pedro I em 05 de dezembro de 1822, onde reitera que Sergipe está emancipado da Bahia.
A construção da identidade sergipana
Após o 8 de julho, a segunda data comemorativa mais importante no calendário sergipano é 28 de outubro, dia da sergipanidade. Antes comemorada em conjunto com a emancipação política do Estado, hoje possui sua data própria.
O movimento de negação de ser baiano e a valorização do ser sergipano inicia-se na primeira metade do século XIX e perpassa o século XX. A partir de então, instituições, fatos cívicos, manifestações literárias e acadêmicas promoveram a construção do conceito de sergipanidade.
Os saberes da cultura popular, os lugares consagrados pela memória coletiva, as crenças e valores representados nas formas de expressão, as celebrações de rituais e festas que marcam a vivência coletiva. Essas abstrações formam o que entendemos como identidade sergipana e sergipanidade.
Traços culturais como o amendoim cozido, o caranguejo, a literatura de cordel, o rio São Francisco e todas as manifestações culturais, artísticas e religiosas de Sergipe são certamente elementos identitários da cultura sergipana. O “país do forró” simboliza e sintetiza todo o orgulho de pertencimento e ressalta o prazer em ser filho dessa terra.