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04/08/2021 às 21h15min - Atualizada em 01/08/2021 às 15h53min

Emily Dickinson: Conheça a poeta que inspirou o seriado “Dickinson”

A poeta Emily Elizabeth Dickinson ficou famosa após a sua morte, pois seus poemas abordam temas como eternidade e amor, sendo escritos de forma totalmente única

Julia Gomes - editado por Larissa Nunes
Foto: tumblr.com/blog/view/carrolhunt
A série Dickinson, produzida pela Apple TV+ e criada por Alena Smith, foi lançada em 1° de outubro de 2019. O programa busca contar a história da famosa escritora e poetisa, Emily Dickinson. Na série, Emily é interpretada por Hailee Steinfeld, 24 anos, atriz, cantora, compositora e produtora de grande sucesso. Hailee também participa como produtora do seriado.

Contexto da série
 
A série que tem como inspiração a vida de Emily Dickinson, mostra a visão de mundo da poeta e sua relação com a família e amigos próximos, em especial Sue, sua melhor amiga. No seriado, Emily carrega uma personalidade forte e diferente dos demais, sendo marcada pelo seu humor sarcástico, olhar e sentimentos profundos em relação ao mundo, além de se sentir como se não pertencesse àquela época, visto que, seus objetivos podem ser considerados progressistas em comparação ao modo de vida daquela época, onde se esperava que as mulheres fossem submissas aos homens, se casando, tendo filhos e se dedicando a cuidar do marido, filhos e tarefas domésticas, situações que Emily evitou por toda sua vida.
 
Mesmo se tratando de um seriado de gênero biográfico e histórico, este consegue transformar-se em algo divertido, visto que seu enredo utiliza de humor, drama e romance. O programa consegue equilibrar aspectos históricos, como a personalidade dos personagens, vestimentas e contexto social da época, com a atualidade, utilizando-se uma trilha sonora com músicas atuais e famosas. O fato dos episódios terem em média 30 minutos, faz com que se torne prazeroso assisti-lo, pois, o ritmo se torna acelerado, prendendo a atenção dos telespectadores.
 
No entanto, um dos grandes motivos pelo qual a série conquistou sucesso rapidamente foi por conta dos temas explorados, sendo os principais, o sexismo, política, racismo e principalmente a sexualidade de Emily. O seriado mostra a relação entre Emily e Sue, sua melhor amiga e par romântico secreto.

 
Por conta dos preconceitos contra casais homossexuais, as duas viviam um romance escondido, onde mesmo afastadas por causa do casamento entre Sue e Austin, irmão mais velho de Emily, elas continuavam se comunicando através de poemas escritos por Emily, onde expressava seus sentimentos pela melhor amiga e cunhada. Durante a segunda temporada, Austin descobre sobre a relação entre a esposa e a irmã, apesar de todos os acontecimentos as duas continuaram a ter uma relação amorosa e de amizade, embora estivessem mais afastadas.

Emily Dickinson

Emily Elizabeth Dickinson nasceu em 10 de dezembro de 1830 em Amherst- Massachutts nos Estados Unidos, e morreu em 15 de maio de 1886 por conta de um problema renal chamado nefrite. Ela pertencia a uma família tradicional e protestante, onde membros da família ocupavam cargos importantes no governo.
 
Diferente do que se é mostrado no seriado, Emily pode ter acesso e permissão de seu pai para estudar, este exigiu que seus três filhos tivessem uma boa educação, com estudos em literatura e filosofia clássica, latim, botânica, geologia, história e aritmética.

Primeiramente, Emily estudou na Academia Amherst Coeducacional, onde seus professores reconheceram suas habilidades para escrita e composição, ela também se destacou nas aulas de latim, ciências e botânica. Aos 17 anos, Dickinson saiu de sua casa para ingressar no Seminário Feminino Mount Holyoke, conhecido atualmente como Mount Holyoke College, porém, acabou não gostando do local por conta das regras e práticas religiosas, assim, esta abandonou o seminário após se recusar a declarar sua fé.

 
 
Em 1887, ela sofreu um colapso nervoso, no qual, mesmo que não tivesse diagnóstico fechado ocasionou em um grande período de reclusão social em sua vida. Durante anos, foram poucas as aparições públicas da poeta, passando a usar somente vestidos brancos e simples, e evitava ao máximo sair de seu quarto, tendo até mesmo pouco contato com seus familiares, muitas vezes conversando pela porta com eles. As únicas informações que recebia do mundo exterior eram pelas cartas enviadas por seus amigos.

Contudo, seu pai veio a falecer em 1874, e logo no ano seguinte sua mãe sofreu derrame, a deixando paralisada pelo resto de sua vida, além de sofrer de lapsos de memória e desenvolver transtornos mentais; essa situação fez com que Emily voltasse a sair de seu quarto e ter contato com seus familiares, ajudando principalmente sua irmã, Lavínia, a cuidar de sua mãe e das tarefas domésticas.


Poemas

De aproximadamente 1.800 poemas, apenas 10 foram publicados. Ela guardava os seus poemas para si mesma, compartilhando com alguns amigos e correspondentes.
Em seus poemas eram retratados temas como a morte, eternidade e amor, todos com um olhar de romantismo sombrio, principalmente quando se tratava de perdas de amigos e pessoas próximas. Emily utilizada em sua forma de escrita frases e versos curtos, inclusive tinha sua própria forma de aderir pontuações e rimas na escrita.

 
Depois de um longo período acamada por conta de nefrite, a poeta pediu que quando morresse, sua irmã Lavínia ateasse fogo em todos as suas escritas, como poemas e cartas, contudo, ao ler as obras de sua irmã, Lavínia reuniu cerca de 1.800 poemas que estavam guardados em um baú de madeira e foi em busca de ajuda para publicá-los.

Lavínia contou com o auxílio de Mabel Loomis Todd, que passou a ser considerada escritora e editora após ajudar a irmã de Emily. Juntas elas revisaram, alteraram versos e rimas, o que mudou a escrita de Emily e alterou o significado de suas palavras. Em 1890, Lavínia e Mabel publicaram um livro chamado “Poems”, no qual contava com 115 obras de Emily, e respectivamente nos anos de 1891 e 1896, foi lançado os livros “Poems, Second Series” e “Poems, Third Series”.Mabel Looms e sua filha Millicente Todd continuaram a publicar novos volumes de poemas de Emily.

De acordo com Martha Dickinson Bianchi, filha de Susan Gilbert e Willian Austin, antes de morrer, sua mãe atendeu ao pedido de Emily e destruiu cartas que ela considerava confidenciais, entretanto, Martha descobriu algumas cartas e poemas enviados de Emily para sua mãe que não haviam sido destruídos, assim, resolveu publicá-los.

 
Emily Dickinson e suas relações amorosas

A poeta sempre foi muito reservada sobre sua vida amorosa, mesmo que nunca tenha assumido nenhum relacionamento, entretanto, existem em média 300 poemas de amor que indicam que tenham sido escritos para uma pessoa especial.

A primeira pessoa que Emily provavelmente tenha se apaixonado foi Benjamin Franklin Newton, que trabalhava no escritório de Edward Dickinson, pai da escritora. Quando eles se conheceram, a poeta tinha apenas 18 anos e Benjamin 28 anos, durante dois anos ele acabou se tornando um mentor, ao indicar obras de Ralph Waldo Emerson para ela, ajudando-a a aprimorar sua escrita. Eles acabaram se separando no momento em que Benjamin se mudou para Worcester, onde morreu em 1853, sua morte teria causado uma forte crise emocional em Emily.

 
O pastor Charles Wadswhort teria sido sua segunda paixão, ele era casado e tinha 16 anos a mais do que Emily. Ela o conheceu em 1860, durante uma visita à Filadélfia e mantiveram contato por cartas, mesmo que continuassem conversando, os prováveis sentimentos românticos partiam apenas da Emily.

Outro possível romance na vida da escritora teria sido com sua melhor amiga e cunhada, Susan. A suspeita de ter existido algo além de amizade entre as duas, se dá por conta de trechos presentes nas cartas e poemas que elas trocavam. Há um grande debate entre pesquisadores a respeito da sexualidade de Emily, alguns consideram que esta seria heterossexual, já outros afirmam que ela provavelmente era bissexual ou até mesmo lésbica.
 

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