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01/11/2021 às 10h50min - Atualizada em 31/10/2021 às 17h18min

O que esperar da primeira edição do festival Afropunk no Brasil

Considerado o maior festival de cultura africana, sua chegada à terras brasileiras acontecerá em novembro, em Salvador e de maneira virtual

Virginia Oliveira - editado por Larissa Nunes
Grupo de mulheres negras posam mostrando suas roupas | Fonte: Simon Chetrit
O festival global Afropunk já tem data confirmada para sua primeira edição aqui no Brasil, que acontecerá dia 27 de novembro. O evento originado em Nova York (EUA) em 2005, já foi realizado em outros países como França, África do Sul e Reino Unido. Aqui, Salvador (BA) foi a cidade escolhida para sediar a programação, que será transmitida virtualmente.

Para se entender um pouco mais, o Afropunk foi inspirado em um documentário que leva o mesmo nome, criado e dirigido por James Spooner em 2003. O intuito com a obra era desbravar a vivência dos afro-americanos na cultura Punk e na cena de música alternativa, que desde seu início, nos anos 1970 nos Estados Unidos, era majoritariamente algo aderido pela população branca do país. 

Dado o sucesso do projeto e da problemática que foi trazida à tona, Spooner se juntou a Matthew Morgan, que na época era gerenciador musical de uma banda de punk e estava com dificuldades de conseguir contratos com as gravadoras. Os dois decidem então criar uma plataforma para mostrar esses artistas e provar para a indústria que existe público interessado no gênero musical, e então começava a nascer o Festival Afropunk. 

A primeira edição reuniu o público negro no Brooklin, em Nova York. E além de bandas tocando, havia também mostras com o documentário de Spooner.

Passados 16 anos de lá para cá, o festival foi ganhando novas cores, pois, além da exibição de curtas e filmes performance de bandas no estilo punk-rock, o evento também começou a divulgar a moda e arte inspiradas na cultura africana, tendo acessórios e roupas sendo vendidas das edições, além de ilustradores divulgando seus trabalhos e inspirações. E consequentemente, também deu espaço a outros genêros musicais que são explorados por músicos negros.

Por isso, hoje o Afropunk é considerado não só o maior evento de celebração a cultura negra, mas também um movimento cultural, que se destaca pelo objetivo de promover representatividade, expressão e ativismo do povo preto. Assim, a festividade já passou por 5 cidades no mundo, sendo elas Paris, Joanesburgo, Londres, Atlanta e Nova York.

A estreia do movimento no Brasil

O Brasil já estava na mira da organização há um tempo. E em 2019 teve uma espécie de “esquenta” que aconteceu em São Paulo na Feira Preta, foi a Black to The Future e, até então, os organizadores já haviam confirmado que a edição oficial aconteceria no ano de 2020, em Salvador, na Bahia.
 
Na época, Matthew Morgan concedeu uma entrevista para o Meio & Mensagem e nela justificou a escolha da capital baiana. “Durante muitos anos, quando falávamos sobre onde deveríamos levar o festival, as pessoas da indústria diziam que deveríamos fazer em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Então, quando perguntava onde está a maioria das pessoas negras no Brasil, a resposta estava na Bahia. (...) Senti uma conexão muito forte com a Bahia e as pessoas de lá, e então decidimos fazer em Salvador. E acho que faz sentido. O Rio tem o Rock in Rio, São Paulo tem o Lollapalooza, e Salvador terá o Afropunk”, declarou Morgan.


Vídeo feito pelo BuzzFeed quando Afropunk em parceria com a Feira Preta, fez um evento no Brasil em 2019 (Créditos: Buzzfeed Brasil/ Reprodução: Youtube)


Entretanto, devido a pandemia causada pelo Covid-19, logo no início do ano passado, muitas coisas foram canceladas, e o Afropunk Bahia não pode acontecer. Até que recentemente foi anunciada uma nova data para a estreia do festival aqui no Brasil. O dia escolhido foi 27 de novembro, no Centro de Convenções de Salvador, e apesar dos avanços com a vacinação, o evento será 100% online, com transmissão ao vivo no site do festival e em seu no canal oficial do Youtube

Nessa edição brasileira, a organização também fez uma chamada aberta, para selecionar alguns trabalhos de artistas independentes. Quem tivesse algum projeto artístico (fosse música ou ilustração) poderia inscrever-se (até 27 de outubro) um projeto para ser exibido. Para divulgar essas e outras ações, foram criado perfis no Instagra e no Twitter especificamente para o evento Afropunk Bahia.
 

Publicação feita no Instagram Oficial do festival convocando artistas para mandarem seus trabalhos (Reprodução: Instagram)

 
Ainda não se sabe detalhes da programação como o horário e quem estará presente, mas uma celebridade brasileira que levanta certa expectativa e tem uma relação com o festival há um tempo é a cantora Karol Conká, e ela já chegou a se apresentar em uma edição da celebração em Paris, no ano de 2016. De qualquer forma, o público está cheio de expectativas quanto à experiência virtual e tamanha a relevância que o movimento carrega conseguiu atrair muitas pessoas.

"Surgimos de um manifesto. A inquietação corre nas nossas veias desde o início da nossa trajetória. Nossa missão é celebrar e impulsionar, hoje e sempre, a genialidade das expressões artísticas dos povos nascidos na diáspora africana e os nossos irmãos originários do lugar sagrado que hoje chamamos de Brasil.", assim diz uma das publicações feitas no Instagram do Afropunk Bahia.



 
 

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