The Fallout: como recomeçar depois de um trauma?

Filme novo da HBO destaca que o processo de recuperação após eventos traumáticos não é sempre linear.

Vada e Mia em 'The Fallout'. (Foto: Reprodução/HBO)

No final do mês passado, o filme The Fallout (A Vida Depois) chegou ao catálogo da HBO. Com narrativas profundas, um elenco promissor e uma mensagem importante, a trama usa a típica história de amadurecimento e a reconta através de uma perspectiva traumática. 

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O trauma, no caso, é um atentado na escola que mata alguns dos estudantes e abala todos os sobreviventes. Tiroteios em massa fazem parte da realidade norte-americana. Apesar das campanhas e debates sobre o controle de armas, essas tragédias continuam acontecendo e transformando a vida de inúmeros adolescentes e seus familiares.

A partir desses episódios, a uma realidade sombria que muitas vezes não é notada, mas é uma história que precisa ser contada. The Fallout narra os acontecimentos após o evento e abordando, em tom pessoal, um assunto complexo e sensível. 

Na trama da HBO, assim como nos casos reais, os tiros surgem do nada. Vada, a protagonista, vivida por Jenna Ortega, deixa a sala de aula para atender uma ligação de sua irmã caçula, Amelia (Lumi Pollack). Em seguida, encontra Mia (Maddie Ziegler) no banheiro e as duas tem uma pequena interação, que é interrompida pelo barulho dos disparos.

As duas ficam amontoadas em uma cabine de banheiro e logo depois, Quinton (Niles Fitch), outro estudante aterrorizado, se junta a elas com o sangue de seu irmão em sua camisa. Os três compartilham esse momento de horror. 

Vada e Mia em cena de 'The Fallout'.

Foto/ Reprodução: HBO

 

Depois do caso, os três tentam seguir com a vida. Vada buscar lidar com o trauma e feridas emocionais com drogas, bebida e negação. Inicialmente, a protagonista tem pesadelos e tremores, mas não consegue se comunicar com os pais por medo de assustá-los ainda mais.

Ela é um exemplo de vítima que está determinada a fazer todos acreditarem que ela está indo bem, mas esconde muita dor e sofrimento de sua terapeuta Anna (Shailene Woodley) e até mesmo de seus amigos. Ela enfrenta tudo sozinha, segurando-se por um fio.

Já Mia não tem os pais tão presentes, então não precisa fingir que não está bem. Por mais que ela seja popular na escola, é possível ver que ela é uma menina solitária e tenta lidar com o trauma se aproximando de Vada. As duas começam uma amizade improvável e acabam encontrando conforto uma na outra. 

Vada e Mia em 'The Fallout'.

Foto/ Reprodução: HBO

 

Elas conversam sobre o tiroteio, mas a relação que é construída é mais focada na vida depois dele. O filme, de uma maneira geral, não entra em detalhes sobre o evento trágico e sim destaca o impacto do trauma e a recuperação.

The Fallout faz um excelente trabalho ao relembrar que há muito mais vítimas do que simplesmente aqueles que morreram. O que acontece com aqueles que escaparam de massacres em escolas? Até porque, além do grande impacto na vida dos jovens alunos, essa violência é capaz de atingir todo o corpo escolar, alcançando docentes, servidores da instituição e, possivelmente, causando uma mudança no clima e na forma como as pessoas se relacionam dentro da escola.

É tudo muito doloroso. O choque, a angústia de quem aguarda notícias, a revolta e o desespero de amigos e familiares, o trauma de sobreviventes e o show midiático. A verdade é que essas pessoas que presenciam uma situação em que correm risco de vida sofrem um impacto emocional enorme. A dor parece não ter fim e as memórias seguem intactas.
 
Os minutos finais do filme são um lembrete de que o trauma não é, necessariamente, algo que uma pessoa supera. Ele é, na maioria das vezes, contínuo e silenciosamente devastador. O telespectador é capaz de entender que o tempo pode curar, porém gatilhos são onipresentes e a recaída está a apenas alguns quilômetros de distância.

Confira o trailer do filme: 
 

Trailer de 'The Fallout'. (Vídeo: Reprodução/Youtube: HBO Max)