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11/02/2022 às 03h53min - Atualizada em 11/02/2022 às 03h40min

Não há mentiras nem verdades aqui, só há Música Urbana

Música Urbana 2 é simples, porém complicada. Música Urbana 2 é simplesmente complicada

Beatriz Araujo de Oliveira - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: Spotify

São quase três minutos preenchidos apenas com um violão, em alguns momentos dois violões, e a voz de Renato Russo em evidente destaque. Da mesma forma que estamos acostumados com os barulhos de carros e motos, pessoas conversando, buzinas tocando do lado de fora de casa, o violão de Música Urbana consegue repercutir esse mesmo ruído de fundo, enquanto a tarefa do vocalista é representar os pensamentos gritantes dentro da cabeça de cada indivíduo.

 

Já a letra irá produzir fotografias cantadas sobre a cidade, principalmente metrópoles e capitais. Quando Russo cita as antenas de TV, as crianças nas escolas, os cartazes e cinemas, várias imagens vão se formando em quem quer que o esteja ouvindo, ao passo que ele brinca com os sentidos de audição e visão, já que após ilustrar tais cenas no imaginário das pessoas, ele as nomeia como parte da música urbana, símbolos pertencentes à cidade.

 

“Ele diz muitas coisas óbvias e isso é bom, porque às vezes a gente precisa ouvir o óbvio”, diz Helena Garcia dos Santos Silva, 17, moradora de Olinda, Pernambuco. Ela ainda traz bastante do contexto histórico para a sua interpretação, pois Música Urbana 2 foi lançada no álbum intitulado “Dois”, em 1986, durante a Ditadura Militar. “Vejo a música urbana como uma metáfora para a violência da cidade”, Garcia complementa. Ela ainda afirma que violência é um conceito muito presente nas cidades, principalmente na época que a canção foi composta; por isso, o conteúdo dela acaba sendo tão atual. 

 

Violência produzida na TV pelas antenas no telhado, violência nas ruas, violência na educação rígida que não se importa com o aprendizado da nova geração.

 

E só então mais uma criança nasceu. No meio de tanta confusão da metrópole, a esperança que um bebê traz no momento do parto é perdida, torna-se um acontecimento banal. Não há mentiras nem verdades dentro da cidade, só pessoas querendo achar uma forma de se encaixar nessa sociedade fragmentada, tentando acompanhar a melodia da Música Urbana.

 

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