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17/02/2022 às 21h33min - Atualizada em 17/02/2022 às 13h50min

O que tem de errado com o Big Brother Brasil 22?

Público reclama de elenco fraco e dinâmicas mal-elaboradas

Vinicius Lima Vieira - Revisado por Flavia Sousa
Edição conta com participantes antijogo e mais plantas do que deveria. Foto: Divulgação/Globo

O Big Brother Brasil já faz parte da cultura brasileira. É tradição: todos os anos, acompanhamos a jornada de 20 participantes na busca por R$ 1,5 milhão. O reality já alcançou alguns feitos bem surpreendentes, como um paredão acirrado entre os ex-participantes Babu, Manu Gavassi e Felipe Prior, da 20ª edição, que angariou mais de um bilhão de votos.

Boninho conseguiu reinventar o BBB. Agora, o programa é dividido entre “pipoca” e “camarote”: o primeiro grupo consiste em participantes anônimos, pessoas que tinham pouca ou nenhuma relevância para o público. O segundo, de pessoas já conhecidas, como Arthur Aguiar, Jade Picon, Tiago Abravanel e Naiara Azevedo.



A 22ª edição seria diferente das anteriores, de acordo com Abravanel, dançarino e neto de Silvio Santos. Esse seria o “BBB do amor”. Os participantes se dariam bem e, de acordo com eles mesmos, “a gente não vai errar, não”. Essa frase pertence à música “Deixa Tudo Como Tá”, do cantor Thiaguinho, a qual os participantes cantam em toda eliminação para se despedir do eliminado da semana.

A cumplicidade exagerada e o desespero em se construir relações são apenas dois dos erros dessa edição. Toda vez que acontece um paredão, os “brothers” pedem justificativa ou justificam seu voto. Quando rola um jogo da discórdia, nova dinâmica que acontece todas as segundas, o motivo de maior descontentamento dos participantes uns com os outros é, aparentemente, “a falta de uma troca”.

Mas talvez isso não tenha agradado o público, que assiste ao programa para ver as brigas e inimizades (contanto que não passem do limite). Porém, o clima agradável e amistoso durou pouco e intrigas foram surgindo, como entre os participantes Arthur Aguiar e Jade Picon, já mencionados, que formaram uma aliança inicialmente.

A escolha para o elenco é, talvez, uma das piores, senão a pior, em anos. O Big Brother Brasil 21 conseguiu uma boa audiência, pois a trama era envolvente, apesar do clima pesado constante na casa. Já o 22 continua sendo pesado, mas disfarçado de amor e boas relações, o que o programa anterior não ofereceu.

Brunna Gonçalves, esposa de Ludmilla, é a pior participante em anos. Talvez não pior que Paula, a vencedora da 19ª edição do programa. A participante é deliberadamente uma planta, e sua falta de presença já ganhou piadas até mesmo do programa, com o quadro “Melhores Momentos da Brunna”, uma forma de satirizar a falta de presença, personalidade e compromisso da sister.

Além de Gonçalves, temos também Pedro Scooby, surfista, porém mais conhecido por sua relação com Luana Piovani, e o já mencionado Tiago Abravanel. Ambos adotam, também deliberadamente, uma postura antijogo. O surfista mantém uma postura de bobão, bom moço que, a princípio, agradou, mas se tornou maçante. Já o neto de Silvio Santos trabalha como o psicólogo da casa, dando conselhos a quem ele, inclusive, votaria.

De fato, muitos camarotes não precisam do prêmio. Scooby ainda mantém seus patrocinadores aqui fora, já Abravanel não deixará de ser rico, seja por ser neto do dono do SBT ou por já ser conhecido. E decerto, o BBB não é um prêmio de caridade, mas os participantes devem mostrar a que vieram. Devem dar o nome. É difícil achar que alguém mereça quando ninguém parece se importar.


 



No meio disso tudo, temos Natália Deodato, uma participante pipoca que sofre constantes perseguições da casa. Isso se mostrou verdade no último jogo da discórdia, no qual a mineira levou o maior número de plaquinhas, e levou tanto banho de balde que até uma baldada ela levou na cabeça. O ataque, por parte da ex-participante Maria, resultou em sua expulsão.

Tamanho é o massacre que o ator Douglas Silva, participante camarote, se questionou se não havia racismo por trás disso, visto que tanto Deodato quanto a participante Eslovênia têm as mesmas atitudes, porém só uma é criticada por isso, enquanto a outra é perdoada e sequer leva voto por fazer todo mundo perder estaleca (a moeda do jogo) por quebrar uma câmera estimada em R$ 300 mil.

Até Arthur, que também tem um alvo em suas costas, já defendeu Eslô, como é chamada a participante de Pernambuco, alegando que “ela passa do limite de uma maneira que é divertida para o público. Já a Natália, não”. Enquanto a esteticista apenas aproveita as festas (o que todo mundo faz), a modelo destrói equipamento e a decoração. É realmente questionável o que faz Aguiar tratar o exagero das duas de maneira diferente.

As dinâmicas e provas também são muito mal pensadas e elaboradas. O último jogo da discórdia consistia em duas cadeiras de boteco, uma de frente a outra, mas com uma certa distância entre elas, e um painel com várias placas como “Fútil”, “Fala muito e faz pouco”, dentre outras. Se tinha um acusado, que escolheria uma das plaquinhas para fazer uma acusação a outro brother. Quem concordasse com a acusação, votava “sim” e o acusador banhava o acusado com água suja. Caso o “não” vencesse, seria o oposto.

O problema é que ninguém queria se comprometer, então em alguns momentos em que as acusações eram justificadas e faziam sentido, os participantes votavam contra. Além disso, o acusado não podia se defender. Como se não bastasse, Pedro Scooby, que tenta desesperadamente dar uma de Joey Tribbiani, atrapalhou a execução em diversos momentos, irritando o apresentador Tadeu Schmidt.


 



Antes disso, o programa já teve duas provas do líder repetidas. A primeira, da Americanas, tinha os brothers escolhendo um produto e tentando descobrir sua última posição num tabuleiro por meio da memorização. Já a segunda, da Avon, era praticamente igual, exceto que, ao invés de memorizar produtos, eles tinham que memorizar palavras.

E não deu outra, Jade Picon venceu as duas provas, se tornando bicampeã na liderança. Diversos internautas apontaram que a prova foi realizada especificamente para a influenciadora ganhar por conta de uma interação entre o perfil da marca, o da participante e o de Boninho na rede social Twitter.

Com a chegada dos vidraceiros Gustavo e Larissa, talvez o jogo mude e se desenvolva mais. Com a saída de Bárbara, os brothers prometem movimentar mais a casa, e novas alianças e estratégias se formam. Mas isso será o suficiente para tornar o BBB mais divertido e interessante? Afinal, o problema está só na falta de compromisso dos participantes, ou na falta de planejamento da produção?


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