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22/10/2021 às 12h32min - Atualizada em 22/10/2021 às 12h24min

Afinal, o amor é ou não é óbvio?

Falta de representatividade sáfica na mídia e como isso influencia no descobrimento da sexualidade de mulheres que se atraem por mulheres

Lívia Labanca - Editado por Andrieli Torres
https://www.oquetemnanossaestante.com.br/2020/02/o-amor-nao-e-obvio-resenha-literaria.html

Na obra nacional “O amor não é óbvio”, escrita por Elayne Baeta, nos deparamos com a história de Íris Pêssego e o seu processo de descobrimento da sexualidade, em especial, a forma como ela percebe que gosta de garotas.

Através da trama, vemos o quão difícil é se dar conta de detalhes sobre si mesma, quando não há muita representatividade. Sobre como é quando você cresce acreditando que só há uma maneira de ser e se expressar, quando na verdade existem várias outras. 


No caso de mulheres que amam mulheres, a ausência de representação na mídia sobre amores sáficos acaba interferindo negativamente na forma como elas passam pelo processo de descoberta. Ainda mais, porque, quando o tema de fato aparece, muitas vezes é estereotipado, relacionado fortemente a tragédias e tristezas, ou muito sexualizado para agradar os homens que assistem. Dessa forma, garotas como Íris crescem se sentindo estranhas ou excluídas, porque não há lugares mostrando como elas de fato são, afinal, crescemos com as histórias sobre o príncipe encantado e como a felicidade só pode ser conquistada quando encontramos ele.
 

Além da pouca presença de protagonismos LGBTQIAP+ em livros, filmes, e outros, nos dias atuais ainda existe forte censura quando conteúdos assim são veiculados. A exemplo disso, temos o caso da Bienal de 2019 que ocorreu no Rio de Janeiro, na qual, o então prefeito Marcelo Crivella mandou recolher um livro dos Vingadores, simplesmente porque nele havia a imagem de dois homens se beijando. Esse tipo de ação só reforça ainda mais o preconceito, e a forma como a sociedade continua tentando reprimir quem não se encaixa no "padrão" heteronormativo.
 

Após o caso exposto, percebemos que Baeta estava certa, o amor nunca é óbvio, mas com a ausência de representatividade fica ainda mais difícil. Nos dias atuais temos tido de fato mais acesso a bons conteúdos que mostram o amor de diversas formas, mas ainda existe muita repressão e muitas barreiras a serem quebradas. Esperamos que em um futuro não tão distante, garotas como Íris Pêssego possam se verem mais representadas e consigam vivenciar o amor da forma mais livre que desejarem.
 

Confira algumas indicações de livros sáficos que você pode gostar:
 

1- “Em caso de urgência" - Sofia Dolabela

Neste livro de poemas a autora escreve com o coração todas as palavras que se prendiam em seus pensamentos.
 

2- “Os dois mundos de Astrid Jones” -  A. S. King. Uma ficção divertida, fofa e viciante sobre os processos de se descobrir no mundo.
 

3 - “A cor púrpura” - Alice Walker

Clássico incrivelmente tocante que nos conta a trajetória de vida de Célie, uma mulher negra que decide escrever cartas para Deus, para poder desabafar sobre sua vida.
 

4 - “Você (e todas as outras coisas que me machucam também)” - Nalu Romano

Poemas que retratam com intensidade relações românticas e familiares.
 

5 - “Laura dean vive terminando comigo” - Mariko Tamaki. História em quadrinhos sobre autoconhecimento e necessidade de saber entender quando é a hora de partir de onde te machuca.
 

6 - “Conectadas” - Clara Alves. Livro nacional sobre a descoberta do amor e as relações na era da internet.
 

7 - “Azul é a cor mais quente - Julie Maroh

História em quadrinhos emocionante sobre amor e preconceito.
 

8 - “A menina submersa” - Caitlín R. Kiernan

História sobre esquizofrenia e amor, envolto em uma narrativa que lembra o conto de fadas.
 

9 - “Fun home” - Alison Bechdel

HQ autobiográfica sobre luto e processo de crescimento.
 

10 - Os sete maridos de Evelyn Hugo - Taylor Jenkins Reid. Nessa história vamos descobrir sobre a vida da mulher que dá nome ao livro, uma figura extremamente intrigante, que abalou a Hollywood do século passado.
 

11 - Contos da Olívia Pilar - É impossível separar apenas uma história dessa autora nacional maravilhosa, por conta disso vão aí 3 contos incríveis escritos por ela:

“Quando o Sol voltar”;

“Dia de Domingo”;

“Pétala”.

Indicação extra: o conto “A profecia da sereia” de Clara Alves


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