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28/02/2022 às 18h45min - Atualizada em 28/02/2022 às 18h39min

Religião na Coreia do Sul: do confucionismo ao cristianismo

Andréa Fortuna - Revisado por Isabelle Marinho
Religião na Coreia do Sul. (Foto: Reprodução / asianews.it)



Na Coreia do Sul, diferentes religiões, seitas e movimentos religiosos, como Jeungismo, Daesunismo, Cheondoísmo, Taoísmo e Xamanismo disputam a adesão dos sul coreanos, mas o maior número de adeptos às práticas religiosas divide-se entre o budismo e o cristianismo.

Confucionismo na Coreia do Sul.

Confucionismo na Coreia do Sul.

(Foto: Reprodução / https://conhecimentocientifico.com)

Uma das doutrinas mais antigas da Península Coreana é o confucionismo, cujo legado duradouro exerce forte influência nas práticas religiosas e nos costumes do povo sul coreano. Contudo, essa não apresenta uma organização tal qual uma religião, não é tido como instituição religiosa, por isso, identificar seus adeptos como "confucionistas" não é algo comum, embora suas ideologias e práticas sejam facilmente percebidas no dia-a-dia e na cultura sul-coreana.

Tradições como as reverências, o respeito e as formalidades prestados aos mais velhos são exemplos desta influência. No entanto, ao contrário do que se possa pensar, o confucionismo não é considerado a principal religião da Coreia do Sul e, nem tampouco, o budismo é a religião predominante no país, como se poderia acreditar. Na verdade, o povo coreano é bastante eclético no que diz respeito às crenças religiosas, inclusive parte da sua população afirma não ter religião definida.  

Um pouco da história

Apesar de ínfimo no início do século 20, relata-se que o Cristianismo entrou na Coreia do Sul desde 1794, quando chegaram os primeiros missionários católicos. Entretanto, o catolicismo fora introduzido pela primeira vez antes disso, ainda no século 17, quando livros católicos em língua chinesa foram enviados à Coreia. Após lerem esses livros, literatos coreanos passaram a ter conhecimento desta “nova” religião e tentaram praticá-la por conta própria. Foi então que, em outubro de 1784, um deles, Yi Seung Hum foi a Pequim para ser batizado e ao retornar fundou uma comunidade cristã.

Nessa primeira fase do catolicismo, o governo proibia o proselitismo do cristianismo: havia uma lei anticristã e executaram católicos. Ainda assim, por volta de 1860 haviam cerca de 17.500 católicos no país, o que motivou uma perseguição mais intensa, que perdurou até meados de 1884 e resultou na morte de milhares de cristãos. Também foi durante a década de 1880 que os primeiros missionários protestantes chegaram à Coreia. Logo, juntamente com os padres católicos, foram responsáveis pela conversão de um número expressivo de coreanos.

A partir de então, o cristianismo vem crescendo gradativamente no país, sobretudo após o fim da guerra da Coreia, quando as missões religiosas ofereceram conforto espiritual e material aos coreanos, ajudando-os na reconstrução do país.

Aumento na adesão ao catolicismo

Segundo o sociólogo e pesquisador da história do Cristianismo, Andrew Eungi Kim, nas últimas décadas, as religiões cristãs cresceram mais na Coreia do Sul do que em qualquer outro país do mundo. A princípio, as religiões protestantes detinham a maior porcentagem de cristãos do país. Porém, desde os anos de 1990, o catolicismo mantém-se em crescimento, enquanto as igrejas evangélicas vêm perdendo adeptos.

O Censo de 2005 demonstrou que, desde 1995, a religião católica avançou de 4,6% para 11,8 % da polução coreana. Desse modo, cresceu entre homens e mulheres, de todas as idades e de todos os níveis educacionais.

A população católica na Coreia é monitorada anualmente e os registros demonstram que, apesar das variações nas taxas de crescimento, a comunidade católica continua crescendo. Muitos podem ser os fatores que resultam na variação destas taxas anuais, por exemplo, a visita do Papa Francisco na 6ª Jornada Asiática da Juventude. Este evento, ocorrido em 2014, representou um aumento de 2,2% com relação ao crescimento do ano anterior.

O que dizem as estatísticas

Segundo estatísticas da Conferência dos Bispos da Coreia, em 2016 o número de católicos no país era de 5,7 milhões. Esse número representava um aumento de 10% sobre os números registrados em 2010. Este relatório estatístico confirma o aumento no número de religiosos, paróquias e de instituições católicas a serviço da população, como escolas, hospitais e obras sociais.

Dados de 2019 mostram 11,1% de católicos, sugerindo uma diminuição do número de adeptos, já que eram 11,8% em 2016, mas isso não é verdade. Estatísticas de 2019 registram mais de 5,9 milhões de fiéis e, apesar da diminuição da taxa de crescimento nos últimos anos, o catolicismo continua em ascensão. Dos 3.946.844 fiéis em 1999 para 5.914.669 em 2019, o número de católicos da Coreia do Sul cresceu em 48,6% nos últimos 20 anos e, segundo o Instituto Pew dos EUA, estima-se que um terço da população sul-coreana seja de adeptos do cristianismo até 2050, enquanto apenas 18% desse povo será de budistas.

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