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16/04/2022 às 18h06min - Atualizada em 16/04/2022 às 17h16min

Bridgerton e a representatividade no elenco

Com acertos e erros, adaptação dos livros de Julia Quinn apresenta personagens não brancos na alta sociedade inglesa

Ana Beatriz Magalhães - Revisado por Flavia Sousa
Família Bridgerton. Fonte: Netflix/Divulgação
Muito se espera das séries da Netflix. Ainda mais quando a plataforma promete uma adaptação de livros famosos e queridinhos das redes sociais. Esse foi o caso de Bridgerton, a aclamada saga de livros da Julia Quinn, que, ao ser divulgada que ia ser lançada, parou o twitter e, sempre que divulga uma temporada nova, causa tumulto e comoção. 

A verdade é que os fãs da série literária não têm muito o que reclamar da adaptação. Algumas alterações foram feitas, porém, de modo geral, a trama entrega bons personagens, enredo bem trabalhado e trilha sonora impecável. Talvez, em meio a tantas qualidades, o que mais chama atenção seja a representatividade no elenco. 
 
 
Bridgerton, diferente de quase todas as séries de época, colocou personagens negros para fazer papéis de importância. A rainha da Inglaterra é interpretada pela atriz Golda Rosheuvel e tem bastante destaque nos episódios. Nas cenas dos grandes bailes, o público consegue reparar inúmeras famílias pretas presentes e de relevância, sendo parte da nobreza da alta sociedade.
 

Rainha Charlotte e Lady Danbury em cena da primeira temporada via GIPHY


Entretanto, essa representação foi evidenciada de maneiras diferentes ao longo das duas temporadas da série, em questão de protagonismo. Na primeira temporada, o público é apresentado a complicada história de amor entre Simon Basset, o duque de Hastings, um homem negro interpretado por Regé-Jean Page, e Daphne Bridgerton, uma mulher branca, vivida pela atriz Phoebe Dynevor, que é a filha mais velha de uma família rica e aristocrática.
 
 
No enredo, Simon é muito cobiçado entre as damas da sociedade, porém não deseja casar nem ter filhos, devido a sua infância traumática. Já Daphne está em busca de marido e sonha com um casamento que nem o dos pais. Então, ao longo dos episódios, eles se envolvem em uma polêmica e são obrigados a se casar.
 
A partir disso, depois de revelarem o amor que um sente pelo outro, uma grande quantidade de cenas de sexo é mostrada na série. Os recém-casados, obviamente, têm seus momentos de prazer. Contudo, um detalhe evidenciou que, mesmo com toda representatividade do mundo, se ela não for realizada de maneira apropriada, acaba se tornando hipersexualização e objetificação.
 
Isso acontece com Simon. Na maioria das cenas, ele aparece sem camisa e satisfazendo os prazeres de Daphne para “ativar “a imaginação de quem está assistindo e destacar a sexualização ao extremo de corpos negros. Esse tópico, muitas vezes, está presente de maneira bem sutil, passando despercebido por alguns olhos, mas para alguns não. Tanto que incomodou e virou debate no twitter. 

 
No entanto, parece que os roteiristas escutaram e atenderam as reclamações dos fãs e apresentaram uma proposta diferente na segunda temporada, lançada a pouco tempo. Nela, os telespectadores conhecem a família Sharma, vinda da Índia.

Interpretadas por Simone Ashley e Charithra Chandran, as irmãs Sharma chegam na Inglaterra para conseguir um marido para Edwina (a mais nova) e já chamam a atenção da rainha e dos pretendentes. Em especial de Anthony Bridgerton, irmão mais velho de Daphne que está disposto a largar a vida de libertino e encontrar a esposa perfeita.

   
Anthony tenta seguir a razão, porém logo começa a nutrir sentimentos por Kate (a mais velha das irmãs). Totalmente diferente da primeira, a segunda temporada tem mais cenas de declarações e drama, ao mesmo tempo que mostra poucos momentos de sexo apelativo – como deveria ser uma série de romance que se passa no século XIX. 
 
Além disso, já que as personagens principais são indianas, é mostrado algumas características dessa cultura, como o ritual que elas realizam antes do casamento de Ewina e todas as lembranças que Kate tem do local que nasceu e cresceu.
 
 
Ter representatividade em séries famosas é fundamental, só que apenas colocar personagens não brancos não é suficiente, já que a representação estereotipada também é uma problemática. É necessário pensar em como essa representação está sendo feita. Reforçar estereótipos racistas não torna essas produções menos problemáticas das que não possuem representatividade nenhuma.
 
É muito interessante ver personagens pretos e asiáticos em uma serie de época, principalmente pela perspectiva da segunda temporada. Falando nisso, confira os detalhes do trailer.

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