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15/08/2022 às 17h59min - Atualizada em 15/08/2022 às 17h15min

Moda e Comunicação – entenda como o vestuário pode contribuir como forma de manifestação social

A moda não é somente roupas glamurosas e marcas caras, mas também é uma ferramenta de expressão. Entenda como a Moda pode ser usada para reivindicar direitos e manifestar as frustações sociais

Vitória Barbara - editado por Larissa Nunes
Moda como manifestação social. (Foto: Reprodução/ Cavalli / Divulgação)

A comunicação sempre existiu na vida de um indivíduo, seja ela verbal ou não verbal, e se encontra disponível aos nossos sentidos e materializado em objetos e práticas que podemos ver, ouvir e tocar. Tudo comunica algo alguém e a moda faz parte disto.

A moda é uma linguagem que pode ser entendida como sistema de regulação e representação social. O vestuário é constantemente acionado pelo novo e que invade todas as esferas e envolve as camadas sociais, se tornando um fenômeno comunicacional que situa uma identidade social ao indivíduo, operando como uma forma de expressão que o identifica como membro de uma determinada época, de um certo grupo social ou de uma profissão.

A moda possui uma sustentabilidade essencialmente cultural. As pessoas estão condicionadas, em suas existências, à comunicação. Por tanto, é necessário estudar e compreender como a sociedade tem lidado com uma nova dimensão espacial e temporal na contemporaneidade e de que forma tem afetado as relações sociais e transformado às concepções de vida.

Como nada passa despercebido pela história e pelo mundo globalizado em que vivemos – onde tudo é interferido e impactado pelos acontecimentos políticos, econômicos e sociais, a moda não estaria isenta desses fatores. Apesar de ser uma indústria poderosa que preserva a alta costura, o vestuário carrega narrativas simbólicas que foram marcadas pelo ativismo e lutas sociais.

Política e Moda: o que há em comum

Por mais difícil que seja imaginar, existe sim uma relação entre moda e política que, por consequência, impacta a sociedade e revoluciona o campo cultural. Estas duas expressões se unem quando são usadas para identificação de orientação ou até mesmo partidos políticos. Quem nunca viu as camisetas estampadas com o rosto do atual presidente?

Na história há a presença da moda para representar as posições e atuações políticas, como os vestuários do exército nazista com as notáveis suásticas nos braços. Vale mencionar a participação de grandes designers de moda em grupos militares, como a Coco Chanel, fundadora da marca Chanel e que agiu como agente nazista.

Mensagens e ícones também se estendem para o campo da moda em formato de merchandising. Os movimentos sociais se tornaram materiais para grandes empresas usarem das mensagens para obter lucros – o que faz gerar polêmicas sobre apropriações. Como é o caso do Movimento Black Lives Matter (BLM, Vidas Negras Importam), nos Estados Unidos onde muitas marcas começaram a vender produtos com o nome do movimento.



A professora Cláudia Vicentini, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, em entrevista ao Jornalismo Júnior, diz que os vestuários, quando utilizados como símbolo de resistência, se torna político. No entanto, quando grandes marcas começam a vender slogans atrelados a movimentos político-sociais, elas se tornam alvos de questionamentos do porquê elas estão vendendo algo que está relacionado a grupos minoritários que se encontram à margem da sociedade.

Houve aqueles que de fato usaram dos símbolos do BLM, assim como muitos outros, em roupas e assessórios como formas de protestos em situações que presenciavam a visibilidade. Os jogadores da NBA, por exemplo, boicotaram os jogos e vestiram as camisetas com as estampas do movimento BLM em demonstração de apoio.


  
Moda, Manifestação e Inclusão

Reinvindicações pertinentes estão cada vez mais empoderando e transformando a sociedade. E por que não usar da moda para isso? A moda é um grande canal para dar voz aos movimentos sociais e que tem como principal objetivo valorizar o bem estar, mostrando resistência e autenticidade.

Em 1968, por exemplo, quando o mundo estava envolto numa maré de manifestações e oposições, um protesto nos Estados Unidos recebeu atenção. Enquanto ocorria o concurso de Miss América, cerca de 400 mulheres se reuniram de frente ao teatro, onde estava sendo realizado o concurso, para se libertar dos instrumentos de opressão como sutiã, espartilho e até produtos de beleza. Foi desse acontecimento que surgiu a história da queima do sutiã que apenas aconteceu simbolicamente.



Já em 2018, após 50 anos do protesto, atrizes, diretoras e produtoras de Hollywood criaram o movimento Times’Up para denunciar abusos e assédios sexuais no meio cinematográfico. Para reforçar a mensagem, todas as participantes do movimentos exibiram looks na cor preta, remetendo ao movimento sufragista, durante a Cerimônia do Globo de Ouro em 2018.



Em relação as pessoas com deficiência (PCD), há uma carência de roupas que atendem às suas necessidades. Fatima Grave em seu texto “A modelagem sob a ótica da ergonomia” em 2004, relata que por possuírem alterações físicas, limitação dos movimentos, e medidas diferenciadas, não encontram roupas adequadas aos seus corpos. Ainda com a autora, frustrações destes tipos podem ocasionar consequências psicológicas, baixa autoestima e exclusão social.

A moda pode e deve contribuir para inclusão social e melhoria de qualidade de vida de pessoas com necessidades especiais. Com o uso de roupas adequadas a cada biótipo que possibilita a identificação com o meio, será proporcionado um sentimento de participação e integração.

Novas oportunidades da moda e como utilizá-las do seu jeito

O veganismo está forte quando citamos um novo conceito de moda. Quando a pessoa se torna consciente sobre a sua alimentação e joga fora qualquer produto de origem animal, faz com que a moda passa por uma nova transformação. As marcas começam a vender produtos que se adequam a este tipo de vida, como evitar vender assessórios de couro, por exemplo.

Existe também a moda sem gênero, que veio para o mercado com a intenção de dar mais estilo ao comportamento comum: usar peças de roupas independente do gênero. Genderless é o termo utilizado para descrever este novo conceito que está bastante em alta e é um dos grandes tópicos quando se fala sobre representatividade na sociedade atual.

Bom, não é necessário comprar roupas caras para estar dentro da moda. A roupa deve servir a vida, ser funcional, representando o bem estar de quem a veste. Saber do que gosta e se auto conhecer, influencia grande parte da sua identidade e de como você quer que as pessoas o/a veja.

Acompanhe as tendências, mas não se sinta na obrigação de fazer parte delas. Escolha pessoas que fazem parte da indústria da moda e que transmitem mensagens relevantes a sociedade. Influencers e estilistas devem servir apenas como inspirações e não como um modo de vida.

A moda expressa seus gostos e sua individualidade. Quando se usa uma determinada peça não é só a beleza que entra em exposição, o processo de criação e a imagem que você quer passar compõe todo o look. A moda acontece todos os dias e ela existe para que você provoque discussões e que passe mensagens diversas. Assim como a evolução constante do ser humano, a moda só continuará crescendo e se reinventando.

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