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23/01/2023 às 19h04min - Atualizada em 23/01/2023 às 18h36min

Carnaval: Mais do que uma festa, é um símbolo da força cultural brasileira

Do frevo ao circuito de trios elétricos

Marcela Conrado - Revisado por Flavia Sousa
Adereços de Carnaval. (Reprodução/Pixabay)

Sem dúvidas o carnaval de 2023 está sendo o mais esperado por todos os fãs de marchinhas, trios elétricos, frevo, fantasias e muito mais que uma das maiores festas do Brasil pode oferecer. Depois de um longo período vivendo refém do medo de uma nova pandemia, os foliões estão ansiosos para tomarem as ruas e curtir cada segundo desse evento. 

 

A festa toma proporções inimagináveis, espalhada por todo o país, o que gera interesse de visitantes internacionais também. Nas diferentes localidades o carnaval carrega muitos significados culturais, em cada folia existe história, pessoas importantes e luta social para que a festa surgisse. 

 

Bahia

No estado baiano, uma das referências é o carnaval de Salvador. Considerado um dos mais famosos do Brasil, a festa conta com uma estrutura gigantesca percorrendo as principais vias soteropolitanas. E é marcado por diversas manifestações culturais, historicamente, a festa foi criada por uma dupla de músicos, Adolfo Dodô Nascimento e Osmar Álvares Macêdo, mais conhecidos como Dodô e Osmar.

 

Em um calhambeque, rodavam as ruas levando música e alegria para a população, uma espécie de primeiro trio elétrico, chamado de Fobica. 

 

“Já pintou verão/ calor no coração/ A festa vai começar/ Salvador se agita/ numa só alegria/ Eternos Dodô e Osmar”, já diria Evandro Rodrigues na música Baianidade Nagô. Canções como essa fazem parte do repertório de praticamente todas as edições do evento. São detalhes como esse que fortalecem o legado histórico e cultural do evento.

 

Artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leite, Margareth Menezes, Olodum, Timbalada, Banda Eva, são presenças marcantes a cada ano e ajudam na missão de manter essa incrível tradição. 

 

Outro festejo que acontece durante os dias de folia, é a nomeação do Rei Momo. Nas diferentes cidades, a tradição acontece de diversas formas, na cidade de Barreiras, no interior da Bahia, há ‘Os Netos de Momo' que é basicamente um bloco com músicas populares, marchinhas por exemplo, e todos os foliões fantasiados.

 

Além disso, nos diversos detalhes é possível perceber a presença da influência negra em diferentes espaços. Desde os estilos de música até as roupas, é perceptível o peso que a população negra tem na consolidação do carnaval. A banda Olodum por exemplo, é organizada pelo movimento negro brasileiro. Eles praticam ações como o combate à discriminação social, incentivo a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros, age em defesa da luta para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas, na Bahia e no Brasil.


Show de Ivete Sangalo durante carnaval de Salvador.

Show de Ivete Sangalo durante carnaval de Salvador.

(Créditos: Cacau Mangabeira)

 

Leia Mais - O carnaval e suas misturas com a raiz africana

 

Rio de Janeiro

As festas cariocas surgem totalmente influenciadas pelos festejos nordestinos. No ano de 1893 foi criado o primeiro rancho carnavalesco, o "Rei de Ouros", pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira

 

O evento começou como uma tentativa de aproximação com países europeus, com os bailes de máscaras. Consequentemente, os primeiros indícios eram voltados apenas para as elites brasileiras, porém, com o passar do tempo a festa começou a se popularizar.

 

O evento se consolidou como um dos maiores do mundo, dividido em várias partes, desde o desfile das escolas de sambas, aos bailes de máscaras e blocos de rua, além de  outras manifestações.

 

Assim como na Bahia, no Rio também tem a nomeação do Rei Momo, em todo carnaval um homem é escolhido para representar o personagem. Além dos blocos de ruas, ranchos, cordões, Zé Pereiras, corso e sociedade, foram sendo criados diversos grupos de foliões para festejar. 

 

Nos desfiles das escolas, pode ser visto infinitos detalhes da história do brasil, homenagem a artistas e figuras de importância no país, e mais uma vez a cultura negra é marcante em cada enredo e em toda apresentação.

Desfile da Escola de Samba Portela, no carnaval do Rio de Janeiro.

Desfile da Escola de Samba Portela, no carnaval do Rio de Janeiro.

(Crédito: Fernando Grilli/ Riotur)

 

Pernambuco

Os primeiros sinais de carnaval pernambucano, acontecem no século XVII, com trabalhadores reunidos com cantigas improvisadas, chamado de Festa de Reis. Mas, apenas anos mais tarde, a tradição se consolida e toma grandes proporções. 

 

O evento é mais forte na capital Recife,  principalmente no Recife Antigo, na capital pernambucana e na Cidade Alta em Olinda. 

 

Há presença de diversos estilos e ritmos, como  o frevo, o maracatu, a ciranda, o coco, os caboclinhos, o cavalo-marinho, o manguebeat, e muitos outros. 

 

O Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto  é considerado uma manifestação do folclore pernambucano. O principal símbolo é o caboclo de lança, e se diferencia do Maracatu Nação pela organização, personagem e ritmo.

 

Impossível falar de carnaval pernambucano e não citar o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada. Ele dá início à folia acontecendo pelo sábado de manhã, durante o dia acontecem feirinhas e atrações culturais, as noites são marcadas por grandes shows.

 

Os bonecos de Olinda são uma das atrações mais famosas, os personagens retratados no desfile falam muito não apenas da história da localidade, mas também do Brasil. Representando muitas pessoas importantes na composição histórica e cultural brasileira.

Edição de 2019 do Galo da Madrugada.

Edição de 2019 do Galo da Madrugada.

(Créditos: Arthur de Souza/Folha do Pernambuco)

 

Reafirmação da importância da cultura brasileira

Em todas as edições do carnaval e nas diferentes culturas, a festa amplia o contato com os diversos espaços sociais e folclóricos que o nosso país carrega. Em um momento de questionamentos sobre o quão relevante a cultura é para uma nação, o carnaval se faz ainda mais necessário. Não ignorando o fato de que a cada ano a festa se reinventa e mais detalhes são adicionados, ela ainda sim se prova como símbolo de resistência, ancestralidade e cultura.   

 

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