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15/03/2023 às 20h43min - Atualizada em 15/03/2023 às 19h34min

As cores invisíveis de Claudionor Pereira

O pintor de rua em São Luís (MA)

Talita Farias - Editado por Karen Sousa
Foto: Talita Farias

“Se escutar uma voz dentro de você dizendo 'você não é um pintor', então pinte sem parar, de todos os modos possíveis, e aquela voz será silenciada” - Vincent Van Gogh

 

Claudionor dos Santos Pereira, nas telas só Claudionor Pereira. Começou na arte aos 16 anos e daí em diante nunca mais parou. Não gostava tanto de estudar, pois preferia ficar desenhando no papel. Como não fazia as provas e discutia com os colegas de classe, isso resultava em expulsão e umas leves surras da madrasta.

 

Resolveu dar um tempo da escola e nunca mais voltou, parou na 8° série. Filho de pescador, mas hoje o pai tem como hobby o tambor de crioula. Na época de juventude de Claudionor, o pai comentava: "ah, tu vai ser pescador que nem eu, tomar conta do meu barco" , mas ele não queria, pois além de ter que acordar de noitinha para pescar, ele almejava ser pintor.

 

O pai indagava como aquele menino ia se sustentar vivendo das pinturas, porém, mesmo com toda preocupação o mandou seguir sua vida. E ele seguiu. O jovem destemido começou trabalhando na feira vendendo verduras. Mas tudo começou a se desenrolar quando um homem lhe deu uma chance na aula de desenho, depois na pintura que sucedeu nos quadros atuais. Seus primeiros trabalhos no meio artístico nasceram a partir de maquetes que produzia para escolas.

 

No início, começou a pintar quadros tortos, mas logo se empolgou e percebeu que realmente queria trabalhar com isso. Foi levado para Fortaleza e lá aprendeu a trabalhar com técnicas: cores quentes e frias, perspectiva etc. Fazia paisagens dos rios, montanhas e canaviais, tudo com muito entusiasmo. Voltou para São Luís do Maranhão e logo começou a dar aulas para dez alunos que estavam passando uma temporada de férias, mas um incidente fez com que ele fosse para Natal, na Praia da Pipa. Lá pintava seis quadros por dia à R$25, anotava tudo em um papel para saber quanto teria que receber depois dos seis meses que lá passou.

 

Mas como seu coração pertencia ao Maranhão, voltou e hoje vende seus quadros para lojas e clientes. Tem um filho, Cláudio Henrique, fruto do romance com sua ex-mulher Jacielma. Atualmente, além do amor às pinturas, adora tomar cachaças de vez em quando. E como sua mãe, que hoje é aposentada, mas já trabalhou muito na roça, não gosta de suas bebedeiras, prefere morar na Rua do Giz em um casarão com amigos, para assim evitar conflitos familiares. Mas isso não quer dizer que ele não se dê bem com os irmãos, que no total são cinco. Por parte de pai: Claudionor é o caçula, Iracema e Cleonice. Parte de mãe ele tem a Raquel, João Antônio e Rogério.

 

O fato é que Claudionor é um entre muitos artistas quase invisíveis de São Luís, mas nem por isso deixa de sonhar e um dia ser reconhecido pelo seu talento. Quando questionado de outra profissão, nada vem à sua mente.

 

Eu me perguntava: será que consigo fazer isso? tive forças, me esforcei para fazer o trabalho e consegui, diz o pintor.

 

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