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13/04/2023 às 14h31min - Atualizada em 12/04/2023 às 17h31min

A problematica do filme A Baleia e o termo "Fat Suit"

Produção de Darren Aronofsky mostra através da maquiagem a falta de representatividade em Hollywood

Ana Alves - Revisado por Flavia Sousa
Ator Brendan Fraser durante caracterização (Foto:Reprodução/CNN)
Sendo talvez um dos cineastas mais contraditórios de Hollywood, Darren Aronofsky coleciona filmes premiados ao longo de sua carreira, que costumam ser amados e criticados na mesma medida pelo público. Conhecido por trazer as telas de cinema filmes pessimistas e com simbolismos religiosos, o diretor que já lançou sucessos como Cisne Negro (2010) e Mãe! (2017) é visto por muitos como um gênio, e muito desta opinião se solidifica graças a suas obras, onde realmente é preciso interpretar e se dedicar a acompanhar aquela história, afim de entender tudo o que o diretor esta tentando mostrar com mais profundidade.

No longa Mãe! o enredo é passível de muitas interpretações e explicações, que leva quem assiste a  tentar entender realmente a história, onde o diretor trás elementos bíblicos e cenas chocantes, fazendo criticas a sociedade. Mas em contra ponto a produção recebeu criticas ao trabalho do diretor, que de acordo com algumas análises sexualizou a atriz Jennifer Lawrence, que interpretava o papel principal do filme, de forma em que nada agregava a trama. Com a estreia de seu mais novo filme, A Baleia (2022), o diretor e roteirista do longa começou a receber diversas criticas negativas devido ao caminho que escolheu levar com a história, além de realizar o polêmico “Fat Suit”, termo usado quando uma maquiagem é feita em alguém magro, utilizando enchimentos para que essa pessoa se pareça com alguém gordo. Aronofsky também retrata o personagem sem nenhuma profundidade e como uma pessoa totalmente incapaz, como se a vida dele girasse em torno de seu peso.




Termo Fat Suit
 

O Fat Suit vem sendo utilizado a muitos anos na indústria cinematográfica, mas só recentemente recebeu essa definição. As discussões sobre gordofobia mostram que atores e atrizes gordos tem um espaço mínimo em filmes e séries, e quando algum papel de maior relevância surge, os mesmos são descartados e um ator magro entra em cena com quase uma fantasia, o fazendo parecer uma pessoa gorda. Tirando totalmente a chance de um profissional realmente gordo ocupar aquela posição.

Nomes como John Travolta, Eddie Murphy e Gwyneth Palthrow já fizeram uso desse tipo de maquiagem, que agora é usada por Brendan Fraser em A Baleia, rendendo não somente o Oscar de melhor ator para o mesmo, mas também o Oscar de melhor maquiagem para o filme, que levava pelo menos 
7 horas diárias para ser feita.


                                                                           Processo de maquiagem durante o filme (Video:Reprodução/Youtube)
 
O polêmico filme de Aronofsky, mostra a vida de Charlie, um professor com 270 quilos que vive isolado em sua casa, dando aulas virtuais, mas sem mostrar seu rosto. Ao longo da trama vemos o personagem ser totalmente desumanizado e estereotipado, por um roteiro que em nada se aprofunda em sua vida, e o retrata quase como um tipo de animal. Claramente o filme é pensado para chocar o telespectador, com cenas em que Charlie não consegue se levantar ou come de maneira compulsiva.
 
Com a premissa do filme, era possível a realização de uma história que humanizasse o corpo obeso, mostrando que existem dificuldades e que nem tudo é uma escolha do individuo, mas que é possivel se viver bem e com dignidade. Mas Aronofsky decide seguir o caminho do melodrama sem sentido, trazendo traços de uma sociedade gordofobica que enxerga o diferente como uma doença, algo que nem sempre é verdade. Levando ao telespectador consciente da problematica, á achar que esta assistindo mais um episódio do reality-show Quilos Mortais.

Quando questionado sobre sua atuação no filme e as criticas que o longa vêm recebendo, Fraser disse ao LA Times “Eu não concordo com eles porque eu sei que não há má intenção”, porém o debate se dá por conta da falta de representatividade e gordofobia, que se mostra até mesmo no titulo pejorativo dado a produção, além de o porquê da escolha e da invisibilidade do corpo gordo perante a sociedade em sua totalidade. Não é sobre as escolhas de direção ou enredo, mas o contexto como um todo. 

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