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23/09/2023 às 23h52min - Atualizada em 23/09/2023 às 22h53min

Retratos Fantasmas, o filme mais afetivo sobre Recife

Kleber Mendonça, com um olhar estimulante, reúne imagens e falas que remontam momentos nostálgicos de sua cidade

Amanda Oliveira - Editado por Marcela Câmara
O filme, Retratos Fantasmas, do diretor e também contador deste longa, Kleber Mendonça Filho, não só conta a história de um lugar, mas da vida ao narrar cada trecho, são as memórias, e as falas com tanto carinho e sentimento que dá ao telespectador a sensação de nostalgia. Ele consegue, com muito entusiasmo, trazer o olhar de amor para sua terra, o Recife.

Permitindo que o telespectador percorra algumas ruas que fizeram parte de sua trajetória pessoal e profissional, além disso, é possível entrar em contato com o que mais ama em sua cidade, família e sua vida. Prova disso, é que logo no começo ele cita sua mãe, o apartamento que moraram e que foi palco de muitos outros filmes amadores que conseguiu dirigir, bem ali, no famigerado apartamento.

O filme é construído por vários trechos de materiais arquivados e gravados atualmente, o que traz o panorama de antes e depois de forma muito natural. O diretor, entende que a sua arte é uma extensão da vida real, é o que se aprende, vive e revive em sua vida, e que pode através da criatividade, transformar em um produto que pode ser assistido por muitos. 

Não por acaso, o filme está concorrente ao Oscar 2024 na categoria de "Melhor Filme", é intrigante acompanhar as imagens de arquivos pessoais, com relatos tão intimistas de sua visão sobre o centro da cidade, os cinemas e como as igrejas, ao logo dos anos, tomaram o espaço desta arte que era tão imprescindível para ele.Essas imagens antigas que toma boa parte do filme, mostra que para Kleber tudo é filme, a arte é dinâmica e acontece em instantes. 

O telespectador consegue acompanhar com pesar o relato e os vídeos que mostram o fechamento de salas que o constituiu enquanto artista e pessoa. Com muita expertise, apresenta a crítica de que para a atual Recife já não é permitido espaços como aqueles, pois os grandes prédios são a regra. O centro da cidade, foi deixado de lado, e a capital que ele remonta e revive no filme já não existe, mas permanecem vivas em suas fotografias e gravações.


O que compõe o filme? 

Retratos Fantasmas não é só um compilado de imagens e vídeos sobre alguns lugares específicos de Recife, é um caminho sinuoso, emocionante e lindo. Rememorar tudo isso, é o mesmo que repensar quem são as pessoas que compóe as cidades. A última cena, traz essa ideia de que cidades são compostas pelos "invisíveis", pessoas que dedicam suas vidas a esses locais ou pessoas que não fazem ideia do que sua presença representa para o lugar.

A arquitetura da cidade só é mais do que concreto porque são as  pessoas que criam alma para o concreto. Estava estabelecida na obra a metalinguagem, o artista fazendo o uso de seus próprios filmes. Este que é um lembrete do início ao fim, de que a vida é efêmera, e deixa a ideia de uma indagação no final: O que se perde quando o cinema corre risco de esquecimento? 


REFERÊNCIAS
FRANCO, Frederico. Plano Crítico, 25 de Agosto. Disponível em> https://www.planocritico.com/critica-retratos-fantasmas-2023/> Acessado em: 23/09.

ELOI, Artur. Jovem Nerd. 18 de Agosto. Disponível em: https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/retratos-fantasmas-critica// Acessado: 23/09
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