Na última terça-feira (19), o Dia Nacional do Teatro foi comemorado. Com a data, questões relacionadas à desvalorização social e à falta de investimentos públicos nos setores culturais escancaram o descuido com o teatro no Brasil. A restauração do Ministério da Cultura apenas neste ano corrobora o descaso governamental frente à arte cênica no Brasil.
Das obras de Ariano Suassuna até às peças contemporâneas, o teatro é uma das formas de expressão artística mais antigas do mundo. Segundo historiadores, a religiosidade foi um dos elementos propulsores iniciais para a contação de histórias através da interpretação humana e, desde então, a prática se manteve constante ao decorrer das evoluções socioculturais.
Em terras brasileiras, a historiografia reconta a participação teatral a partir do século XVI, quando os padres jesuítas, que representavam a igreja católica, interpretavam tramas que exaltasse o cristianismo português, o que impulsionou o processo de aculturação sofrido pelos povos originários.
Tido como um dos primeiros dramaturgos nacionais, o pároco José de Anchieta (1534 - 1597) era autor de produções literárias catequéticas quinhentistas e marcou esse período de invasão portuguesa no país com as obras religiosas que escreveu durante sua estadia nas terras tupiniquins.
Legado histórico
Mais do que contar a história que se passa no presente, a linguagem teatral resguarda o legado da história brasileira. Ao enfrentar a ditadura na Era Vargas entre os anos de 1937 até 1945, por exemplo, as narrativas dramáticas funcionaram como uma ferramenta de repressão contra a censura da época.
A pluralidade temática é outra particularidade das peças teatrais, que, com frequência, se ampliam para além dos palcos. É o caso das diversas adaptações que são realizadas a partir de tramas, que, a princípio, foram criadas para o formato teatral, mas foram reformuladas em filmes, séries e, inclusive, livros.
Dos palcos às telas
Inicialmente como peça teatral, a obra conta a história da dupla João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que pregam golpes e artimanhas para viverem. O enredo da história muda quando a temática se volta para o transcendental e figuras como: Ave-Maria, Emanuel e Diabo integram a história, que marca um julgamento cômico e dramático não apenas dos protagonistas, mas de outros personagens do sertão da Paraíba.
Após adaptações em diferentes peças e obras literárias, a trama foi também integrada aos formatos audiovisuais. Além do famoso filme estrelado por Selton Mello e Matheus Nachtergaele, que vivenciam, respectivamente, Chicó e João Grilo, “O Auto da Compadecida” virou filme, que , inclusive, foi renovado para uma sequência, que trará Taís Araújo como Nossa Senhora, papel de Fernanda Montenegro no primeiro longa-metragem.
No entanto, ainda que seja essencial para a cultura brasileira, o teatro nacional não ocupa o lugar magistral que deveria e sofre com a falta de investimentos e adesão pública da população na totalidade.