Astrid et Raphaëlle ou Bright Minds - como é conhecida na América Latina, é uma série francesa que conta a história de Astrid Nielsen e Raphaëlle Coste, que juntas desvendam os mais diversos crimes unindo suas mentes brilhantes. Criada por Alexandre de Seguins e Laurent Burtin, as personagens são inspiradas na famosa dupla Sherlock Holmes e Dr. Watson, de Arthur Conan Doyle.
Em Bright Minds, somos apresentados a uma forte dupla feminina, quando a comandante Coste entra em contato com o departamento de registros judiciais da polícia para uma de suas investigações e conhece Astrid, de 30 anos, com um sinal especial: síndrome de Asperger autista.
A personagem Astrid Nielsen, interpretada por Sara Mortensen, é uma jovem super inteligente que possui a Síndrome Asperger, um estado do espectro autista, no qual pessoas com essa condição têm dificuldades em interações sociais e interesse em saber tudo sobre tópicos específicos. Desde a adolescência trabalha como arquivista no departamento de arquivo judicial da polícia, por ser um local que lhe convém, já que é livre não de barulhos, é rotineiro e com horários fixos.
A atriz Sara Mortensen contou ao site Allociné que o mais difícil ao interpretar Astrid foi se tornar convincente e que os escritores tiveram que fazer uma escolha artística para que a personagem fosse cativante para os neurotípicos - pessoas não autistas.
“Me desliguei de tudo o que fosse ficção porque não queria que fosse uma performance. Queria me aprofundar no autismo, por isso fui e mergulhei com eles. Conheci muitas pessoas e associações, particularmente num café onde todas as pessoas empregadas são autistas ou deficientes mentais - mas o autismo não é uma doença nem uma deficiência mental e só foi revelado em 2012 na França, então gostaria de deixar isso claro porque estamos muito atrasados no cuidado do autismo. Me concentrei mais no diálogo com eles, com pais de autistas, do que em atuações – o que saúdo de passagem’’, conta Mortensen.
Já Raphaëlle Coste, vivida por Lola Dewaere, é uma comandante da polícia, mãe solteira e com uma vida pessoal caótica. Dewaere conta que sua personagem vive um pouco no limite, pois ela é carreirista e ao mesmo tempo quer ser uma boa mãe, além de ser uma pessoa que precisa de uma estrutura. Mesmo sendo muito direta no trabalho, na vida pessoal é uma bagunça.
‘’É muito bom que ela tenha conhecido essa mulher autista com Asperger, isso dá a ela uma estrutura na vida dela. Para mim é realmente uma complementaridade, e para Astrid é mais complicado (...)’’, diz a atriz.
O produtor Jean-Luc Azoulay, disse ao Allociné que desde o início queriam criar um par que fosse a priori feminino, pois se enquadravam bem na dinâmica do projeto e porque o mundo lida muito menos com mulheres autistas. Ele acrescenta ainda que Astrid e Raphaëlle são diferentes, mas complementares.
‘’É uma espécie de hidra de duas cabeças! Falamos também de duas solidões que se unem (...)’’, conta ele. ‘’Aos poucos, surgiu a ideia de criar um par entre um personagem autista e um personagem muito neurotípico, e de brincar com as complementaridades que poderiam existir entre eles. Queríamos desde o início que essas duas heroínas se juntassem à mesa, e que Astrid trouxesse para Raphaëlle tanto quanto o personagem de Raphaëlle traz para Astrid, que elas estivessem em um relacionamento de iguais’’, declara Azoulay.
Referências à cultura pop
Logo no episódio piloto há referências aos icônicos personagens de Jurassic Park, no qual os suspeitos foram nomeados como Yann Malcolm, Alain Grant e Denis Nedry em alusão ao matemático Ian Malcolm, o paleontólogo Alan Grant e o controlador de sistemas Dennis Nedry, além de um médico chamado Thierry Rex em referência ao T-Rex.
A série também faz referências a saga Star Wars. O personagem Sr. Jaba, nascido em Tataouine, faz alusão à Jabba the Hutt que habita o planeta Tatooine. Já Laura Gana à Leia Organa, Wilfred Tarquin para Wilhuff Tarkin e Max Ribaut para Max Rebo.
Além disso, os episódios com tema de fantasmas e casa mal-assombrada foram inspirados no filme Os Caça-Fantasmas. Os personagens Diana Barrette, Pierre Venkman e Raymond Stan são referências à Dana Barett, Peter Venkman e Ray Stantz do longa.
O famoso Dr. House também é citado diversas vezes. Além disso, no quarto episódio da terceira temporada, os personagens foram nomeados em homenagem à série médica, no qual Elisabeth Cuddy faz referência a Lisa Cuddy, Grégory Demaison ao grande Dr. Gregory House, Eric Formean ao Dr. Eric Foreman.
Outro nome que aparece muito é Sherlock Holmes. Além, das protagonistas serem baseadas no famoso investigador e seu parceiro Dr. Watson, vez ou outra é possível ver Astrid fazendo menção às suas obras. Um exemplo disso é quando ela explica a Raphaëlle que o espaço na memória não é infinito e usa a explicação de Sherlock do livro “A Study in Red”.
Em um dos episódios da segunda temporada, o presidente da associação de pessoas sequestradas por extraterrestres é nomeado como Vincent David, uma referência direta ao personagem David Vincent da série Os Invasores (1967).
O sexto episódio da terceira temporada, mostra um equipamento médico utilizado para fazer transfusões de sangue de uma empresa chamada Helsing, uma referência ao personagem de Van Helsing: O Caçador de Monstros.
Bright Minds está em sua quarta temporada e segue em exibição no Brasil pelo canal AXN, todas às quartas-feiras, às 21h. Também é possível acompanhar a série pela plataforma de streaming UOL Play.
REFERÊNCIAS:
‘Astrid et Raphaëlle sur France 2 : "la complexité de l'autisme est une grande richesse dramaturgique"’.Allo Cine, 2021. Disponível em <https://www.allocine.fr/article/fichearticle_gen_carticle=18699631.html>. Acesso em 3 de novembro de 2023.
‘Astrid et Raphaëlle (France 2) : "Raphaëlle n'a aucun à priori envers Astrid, c'est ce qui fait sa force" selon Sara Mortensen [INTERVIEW]’ .Allo Cine, 2020. Disponível em <https://www.allocine.fr/article/fichearticle_gen_carticle=18680354.html>. Acesso em 3 de novembro de 2023.