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05/11/2023 às 22h24min - Atualizada em 05/11/2023 às 21h28min

Da escrita à leitura: a importância da literatura nacional na vida dos brasileiros

Linguagem artística, além de gerar conhecimento, atua como ferramenta de valorização cultural

Felipe Nunes - Revisado por André Pontes
Leitores são acompanhados pela literatura em diversas fases da vida (Foto: reprodução/ Freepik)

Mergulhos em histórias profundas através de narrativas distintas. Formação profissional a partir da palavra. Expressão de visões e ideologias. Essas e muitas outras conceituações se unem na tentativa de definir o substantivo feminino “Literatura”. Polissêmica, ela dispensa limitações e se faz presente na vida de cada indivíduo de diferentes formas, seja na escrita, na leitura ou no estudo acadêmico. 

 

No Brasil, inúmeras são as tramas que marcaram períodos históricos e culturais. Do veterano Machado de Assis ao contemporâneo Itamar Vieira Junior, os livros aqui produzidos exaltam as brasilidades e retratam histórias com profundidade, ainda que o mercado editorial não favoreça os autores da própria pátria.

 

Escrita livre

Em entrevista concedida ao portal Lab Dicas Jornalismo, Iara Braga, autora independente e estudante de jornalismo, defende que as produções literárias nacionais estão “ganhando espaço", mas “lentamente”. No entanto, declara que “todos os dias estamos lidando com críticas exageradas e até mesmo apagamentos de nossos trabalhos”.

 

Alfabetizada aos 2 anos de idade, Iara, que hoje tem 22, conta que os primeiros contatos com o universo literário se deram a partir dos gibis e enfatiza que “a leitura” a tornou “escritora”. “Sem as histórias que li, certamente não estaria aqui, escrevendo”, pondera.

 

Conciliando a carreira de escritora com a faculdade de jornalismo, Iara Braga já escreveu dois livros: “Don't Forget About Us e “Dance Whit Me”, que são da mesma série. Ambas as produções estão disponíveis na Amazon.

 

Indagada sobre o processo de desenvolvimento das obras supracitadas, ela responde: “Foram histórias que desafiaram a minha criatividade, o meu empenho, a minha força e a minha vontade, principalmente porque o ramo independente é muito difícil de lidar. Então, o processo de publicação vai além apenas escrever. Mas no final vale muito a pena”

  Além de “Don´t Forget About Us” e “Dance With Me”, Iara Braga se prepara para o lançamento do terceiro romance dela. Trata-se de “Tocando as Estrelas”, que será publicado neste mês. O mais recente trabalho da escritora versa sobre Íris — uma ginasta artística que sofre uma lesão seis meses antes de competir nas Olimpíadas de Paris.
 

A história central da narrativa é construída com os diferentes sentimentos enfrentados pela atleta. Isso porque, para se recuperar da lesão, ela conta com a ajuda da fisioterapeuta Órion, que ela, até então, odiava. “Sempre quis escrever um romance com um atleta e a história da Íris foi um marco na minha vida”, admite.

 

Além disso, Braga expõe o elevado consumo de livros estrangeiros em detrimento de produções nacionais, além de destacar a importância das “brasilidades”, presentes nos trabalhos de escritores brasileiros, serem priorizadas.

 

“O brasileiro é muito influenciado pela opinião estrangeira. É triste, pois queremos nosso trabalho aqui, entre os nossos, contando nossas próprias histórias, do nosso jeito, com a nossa brasilidade”, argumenta.

 

A importância de consumir obras de escritores brasileiro

Ainda em relação à desvalorização de produções nacionais, Giovanna Santana Moreto, leitora ávida, micro empreendedora e criadora de conteúdo digital, enxerga “muitas desvantagens” no pouco contato de leitores do Brasil com livros nacionais.

 

“A gente fica muito à mercê do que os Estados Unidos publica. É muito complicado, porque ficamos presos na cultura deles, aos autores deles e às histórias que eles querem contar. As vivências que eles têm lá são diferentes das que a gente tem aqui [no Brasil]”, explica ela, que já leu mais de 20 livros somente neste ano.

 

Moreto também destaca que o consumo de obras de escritores nacionais aproxima o público de leitores com as narrativas em virtude da semelhança de vivências reais com os enredos ficcionais abordados pelos escritores. Ela cita Thalita Rebouças e Paula Pimenta como exemplos de autoras que abordam as brasilidades nos livros que escrevem.

 

Ao portal Lab Dicas Jornalismo, Maith Martins de Oliveira, diretora técnica da Biblioteca Unesp Bauru, analisa a realidade de escritores independentes no mercado editorial nacional. "Sei que não é fácil ser autor no Brasil, especialmente para aqueles que estão começando”. 

 

Ela ainda explicita como familiares, amigos e instituições escolares podem atuar como impulsionadores do hábito da leitura, a partir das próprias experiências que vivenciou. 

 

“Meus pais sempre me incentivaram, minha escola valorizava a leitura. Minhas melhores amigas, assim como eu, gostavam de livros e bibliotecas. Em alguns momentos da minha vida consigo ler mais, em outros menos. Mesmo assim, vivo rodeada de livros, em casa ou no trabalho. Gosto de ler para mim e para minhas filhas”, salienta.

 

A literatura nacional é um dos patrimônios culturais do Brasil. Para além da presença em vestibulares, é capaz de preservar momentos históricos, exaltar brasilidades e aumentar a representação dos leitores nacionais nas tramas que eles leem.


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