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02/05/2024 às 18h39min - Atualizada em 29/04/2024 às 17h58min

‘Elas por Elas’ se perdeu no início e se encontrou no final

Folhetim das seis se despede da grade da Rede Globo

Felipe Nunes - publicado por Malu Figueiredo
8 artistas protagonizaram obra (Foto: Globo)

Escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, a releitura de “Elas por Elas” nasceu com a sombra do sucesso da primeira versão criada e desenvolvida pelo novelista Cassiano Gabus Mendes em 1982. Entre tropeços e mudanças, conseguiu entregar uma narrativa ótima de ser vista do meio para o final, sem ser uma cópia fajuta da obra original.
 

Na trama, sete melhores amigas se encontram após 25 anos separadas. O hiato na amizade tem motivo: a morte do irmão de uma delas. A investigação policial inicial apontava que a tragédia era um acidente, porém a irmã do falecido suspeitava de que ele tivesse sido assassinado.
 

É com essa história que o remake se desdobra ao decorrer dos 171 capítulos em que esteve no ar. O bloco inicial foi rejeitado pelo público do sofá. Acostumados com novelas de época e românticas, foram surpreendidos por um dramalhão digno de comparações com folhetins mexicanos.
 

Tudo nos primeiros capítulos era exagerado: a interpretação dos atores, o diálogo do roteiro e até mesmo a trilha sonora repetitiva. Não à toa, a adaptação enfrentou os piores números de audiência do horário, chegando a índices de míseros 18 pontos.
 

Por ser obra aberta e estar completamente ligada com a recepção do público, a história sofreu alterações, a pedido da Globo, emissora em que foi veiculada e produzida. E a trama, monótona e hiperbólica, encontrou equilíbrio e novos ares.
 

O elenco foi o grande trunfo. Versáteis, vestiram um personagem no início e criaram outro totalmente diferente após as mudanças exigidas no roteiro e na direção. Abraçaram todas as mudanças e mudaram os rumos cênicos que haviam planejado no princípio da novela.


Protagonistas com tempos desproporcionais

Isabel Teixeira foi a conexão de “Elas por Elas” com sua redenção. A atriz mergulhou de corpo e alma na dúbia, emocional, carente, vingativa, cruel, mimada, ciumenta, obcecada, possessiva e calculista Helena Aranha. Brilhou como já havia feito em “Pantanal” (2022), quando roubou a cena como a coadjuvante Maria Bruaca.
 

A vilã do remake conectou o enredo principal da obra, muito devido aos laços fraternais que criou. Descobriu, de uma hora para a outra, que não era mãe do filho que criou durante toda a vida e que um desconhecido era, na verdade, seu rebento.
 

Além de tudo isso, a megera descobriu ser irmã da mocinha que mais odiou, a defensora dos animais Isis Lopes, defendida por Íris Bratillieri. Em cena, as irmãs assumiram os diálogos mais verborrágicos e profundos do texto de Alessandro Marson e Thereza Falcão. A relação entre elas dominava os conflitos da narrativa e se perdeu na reta final. É inegável que o núcleo de Helena se tornou a aposta dos autores. Contudo, ao priorizarem uma das protagonistas, as outras seis ficaram à deriva.

Com histórias fracas e sem desenvolvimento, andaram em círculos. Thais (Kesia), no dilema de ter sido amante do marido da melhor amiga. Lara (Deborah Secco), que sofreu chantagens de Roberto (Cassio Gabus Mendes). Reneé (Maria Clara Spinelli) e o embate judicial pela guarda da filha. Natália (Mariana Santos) e o trauma de ter perdido Bruno (Luan Argollo). Carol (Karine Teles) e a dependência emocional criada pelo falecido ainda na juventude. E Adriana (Thalita Carauta) na dinâmica de gato e rato com Helena.


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