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31/10/2019 às 17h15min - Atualizada em 31/10/2019 às 17h15min

Esporte: do medo às conquistas

Conheça Tricia, nadadora paratleta que superou o pavor das águas e hoje é a segunda melhor do mundo

Tatiane Sampaio - Editado por Letícia Agata
A atleta conquista sua medalha - Foto: Arquivo Pessoal
O dever do Estado e principalmente da família em relação a inclusão de uma criança ou adolescente que apresenta alguma mobilidade reduzida na sociedade é fundamental. Contudo, para que isso venha acontecer é preciso que haja uma mudança no comportamento das pessoas. É necessário aprender que a deficiência de um indivíduo não é um obstáculo, mas sim um aprendizado para todos, além de proporcionar melhor qualidade de vida.

No caso de Tricia Vitória Porto do Vale, 21, as aulas de natação que frequenta desde praticamente os 5 anos de idade, na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), é extremamente importante para seu desenvolvimento, pois foi graças ao apoio de seus familiares e ao incentivo dos especialistas envolvidos, que hoje se tornou a segunda nadadora paralímpica melhor do mundo na categoria nado peito 50m.

A jovem é do município de Patrocínio (MG), porém levou a medalha de ouro no início de maio em São Paulo, no Circuito Loterias-Caixa Etapa Nacional, conquistando o recorde brasileiro de 1.45.18. O título ficou ainda mais especial no fim de outubro, dado que bateu seu próprio tempo em 1.26.38'. “Eu tinha medo de água, porém uma profissional da AACD viu que eu tinha um potencial grande para ser atleta.”

Tricia nasceu com aquiropodia, popularmente conhecida como "má formação congênita", isto é, quando a criança nasce sem as mãos e os pés. Entretanto, nada a impediu de lutar pelos seus sonhos. Aliás, além da prática esportista, é graduando em serviço social.
 
A atividade física e/ou esportiva para pessoas com deficiência significa a oportunidade de testar suas possibilidades, prevenir contra deficiências secundárias e promover a integração total do indivíduo consigo mesmo e com a sociedade", diz Flávio Henrique Corrêa, educador físico há 19 anos e inserido no movimento paraolímpico há 9 anos.

Apesar de competir profissionalmente há pouco menos de 1 ano, a nadadora vem conquistando a cada dia seu merecido espaço, já que além dos recordes obtidos, também possui outras premiações. Dessa forma, devido seu empenho e garra, é favorita para disputar o mini internacional em Tóquio no próximo ano.

Atitudes derrubam barreiras

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Embora haja leis que ampara o deficiente mental, físico ou múltiplo, os empecilhos ainda são bastante notáveis para interá-los nas empresas ou instituições de ensino, até porque os estabelecimentos necessitam de estruturas adequadas e equipes qualificadas.

Tricia Vitória enfrentou muitas dificuldades na escola durante a infância, pois os professores não sabiam lidar com sua deficiência e tampouco ensinar os demais alunos a tratá-la com igualdade. “Minha mãe sempre reclamava. Além disso, tive que passar com psicólogos.

Com isso, para Flávio a decisão de ingressar nesta área surgiu “pela necessidade de mudar a forma como percebemos nossos problemas e o mundo ao nosso redor. A lógica elementar nos diz que para resolver uma situação, é necessário colocá-la sob uma ótica diferente daquela que o criou. Isso requer uma mudança de paradigma, uma nova forma de ver a si mesmo e a vida.”

Também define que não há uma diferença específica na formação entre um profissional de educação física que ministra aulas para pessoas que desenvolvem ou não uma deficiência: “basta assumir um compromisso, ter boa vontade e amor na profissão. E nada melhor do que trabalhar com este perfil de público para termos esta percepção e acredito que o melhor trabalho sempre estará relacionado com o prazer de realizar os sonhos e as expectativas sociais e esportivas de crianças e adolescentes – futuro de nosso país.

A atleta afirma: "não seria a mesma pessoa senão fosse a natação. Contudo, além de qualquer coisa, devemos confiar em Deus, seguir em frente e lutar de cabeça erguida. Antes eu achava difícil, mas hoje vejo que não existem barreiras para ninguém; todos conseguem alcançar seus objetivos. Ninguém é diferente; somos todos iguais”, finaliza.

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