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03/02/2020 às 11h22min - Atualizada em 03/02/2020 às 11h22min

A história da Imprensa Brasileira

Descubra como nasceu a imprensa no país

Luís Mário Miranda - Editado por Alinne Morais
Foto: Reprodução/Partners

O termo imprensa refere-se aos veículos de comunicação que exercem o jornalismo e demais funções de comunicação informativa, ou seja, jornais, revistas, rádios, telejornais, programas jornalísticos, etc. A palavra imprensa nasceu lá no século XV, quando Johann Gutenberg criou a primeira prensa móvel, mas só por volta do século XVIII que surgiu o primeiro jornal do mundo. Como nasceu a Imprensa Brasileira? Bom, o Brasil Colonial era um dos únicos países, exceto alguns da África e da Ásia, que não produzia palavra imprensa. Imprensa, universidades, fábricas, na opinião da corte portuguesa, não convinha a nós. Seria uma desventura para os portugueses, perder a ‘mina de ouro’ que tinham nas mãos, se quaisquer novidades influenciassem isso.

A imprensa no Brasil começou pelo jornal impresso. Hipólito José da Costa foi o responsável por criar o Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal brasileiro. Surgiu em 1808, em Londres. O jornal circulou de 1° junho 1808 a 1° de dezembro de 1822, contando 175 números, agrupados em 29 volumes. O Correio Braziliense era um grande livro produzido mensalmente, dividido em quatro periódicos: política, comércio e artes, literatura e ciências e, miscelâneas. O jornal defendia a liberdade de imprensa, o liberalismo como uma monarquia constitucional e o fim da escravidão, por isso chegava aqui no Brasil de forma clandestina. Cobriu e incentivou fatos históricos do nosso país, por exemplo, à Revolução Pernambucana de 1817 e os acontecimentos de 1821 e 1822 que levaram à Independência do Brasil

Página de Política do Correio Braziliense, edição de 1817. (Foto: Domínio Público) 

Em 10 de setembro de 1808 foi lançado o jornal Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal lançado em solo brasileiro, impresso por máquinas da Impressão Régia primeira editora brasileira, fundada pelo decreto de 13 de maio de 1808, no Rio de Janeiro. Publicado duas vezes por semana, era um jornal oficial que consistia, basicamente, de comunicados do governo e seguia o mesmo modelo de sua irmã, a Gazeta de Lisboa, em Portugal. Seu editor era Frei Tibúrcio José da Rocha e seu redator era Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, o primeiro jornalista profissional do Brasil. Outros grandes jornais da época foram: lançado na Bahia, A Idade d’Ouro do Brasil (1811-1823), lançados no Rio de Janeiro, O Revérbero Constitucional Fluminense, O Espelho, Desperta Braziliense e o Malagueta. (1821). 

No meio de surgimentos de tantos jornais, nascia na cidade de Salvador, em 1812, a primeira revista brasileira, As Variedades ou Ensaios de Literatura. A revista copiava os estilos das revistas estrangeiras, trazidas pela coroa portuguesa. As suas publicações traziam novelas de gosto comum, fragmentos de histórias antigas e modernas e, discursos sobre costumes e valores sociais, além de artigos de estudos científicos e textos de autores clássicos portugueses. Mais tarde, com a ajuda da elite intelectual, surgiram novas revistas com, O Patriota em 1813, Anais Fluminenses de Ciências, Artes e Literatura, em 1822, ambas lançadas no Rio de Janeiro. Em 1827, surge o ramo de revistas segmentadas, ou seja, que são especializadas em um gênero, com o lançamento da revista O Propagador das Ciências Médicas, com temas voltados para medicina e Espelho de Diamantino, a primeira revista feminina brasileira tratava de assuntos variados como arte, política e moda, de forma simplificada. 

As Variedades ou Ensaios de Literatura – Primeira Revista Brasileira. (Foto: Domínio Público). 

Avançando na linha temporal, chegamos ao surgimento do rádio e, junto com ele, surge, também, a comunicação em massa. O rádio não só permitiu que as informações corressem por todo um país, mas também pelo mundo todo. A primeira transmissão radiofônica no Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro, com o presidente Epitácio Pessoa, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. No ano seguinte foi fundada por Roquette-Pinto a primeira emissora de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. No ano 1938, o Brasil acompanhou as transmissões dos jogos da Copa do Mundo, sediada na França, e se rendeu ao jornalismo radiofônico que noticiava os escrúpulos da guerra na Europa.

Na década de 1940, a audiência só crescia e os programas eram feitos para as massas. O programa que marcou essa ascensão foi o Repórter Esso, que estreou em 1941 sendo o primeiro noticiário que não se limitava a ler as notícias do jornal impresso. Com o tempo surgiu as primeiras emissoras em frequência modulada (FM), com a qualidade de som melhor que as AM. No início elas funcionavam apenas com músicas instrumentais, ideais para salas de espera e ambientes internos. A rádio foi um grande auxílio, por se estender a massa, para a Música Popular Brasileira da época. A partir de 1976, por não terem tanta audiência dos jovens, as rádios não começaram a inovar com programas voltados para o público.

Heron Domingues, âncora do Reporter Esso. (Foto: Domínio Público). 

Sem dúvidas, a televisão é um grande veículo de comunicação e massa, principalmente para a época. No ano de 1950, aconteceu mais um conquista para a imprensa brasileira, foi fundada a primeira emissora de televisão do Brasil e da América Latina, a TV Tupi de São Paulo, pertencente aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Um dia após a fundação da TV Tupi, nascia o primeiro telejornal brasileiro, o Imagens do Dia. Há controvérsias sobre quem foi o primeiro apresentador do telejornal, alguns afirma ter sido Ribeiro Filho, outros crêem ter sido Maurício Loureiro Gama, já outros dizem ter sido Ruy Rezende. O fato é que, Maurício Loureira Gama, tornou-se o âncora oficial do jornal. Com as condições precárias dos aparelhos que eram utilizados e sem o VT, as notícias eram gravadas em áreas externas, com uma pequena câmera cinematográfica da RCA, pelos cinegrafistas Alfonso Zimbas e Paulo Salomão. As cenas capturadas eram entregues a Jorge Kurkjian, que revelava os filmes no laboratório de cinematografia da emissora. Foi Maurício que integrou a característica "conversa" entre o telespectador e o apresentador do jornal, que persiste até os dias de hoje.  

TV Tupi, a primeira emissora no Brasil e na América Latina, com o índio Tupiniquim como logotipo. (Foto: Domínio Público)

Atualmente a roupagem desses veículos mudaram e adaptaram-se ao mundo moderno. Muitos pensavam que com o surgimento do rádio, acabaria o jornal impresso, e com surgimento da tv, acabaria o rádio. Foi totalmente ao contrário. Esses meios de comunicação se reinventaram e, algumas redações de telejornais, impressos, revistas e rádios, cultivam o que chamamos de Cultura da Convergência que é, basicamente, a união desses veículos junto a tecnologia e a internet. Por exemplo: uma notícia que circula no jornal impresso, também circula no jornal online, na revista, na rádio, no telejornal, no podcast e por vai. Claro que a notícia se adapta ao veículo e ao público que o consome. As notícias que circulam nesses veículo, são as mesmas, só muda a linguagem. Ou seja, os patriarcas da imprensa brasileira não deixaram de existir e sim, adaptaram-se à nova realidade. Mais Acesso à informação, a qualquer hora, em qualquer lugar.

Contudo, o acesso à informação fácil e rápida, proliferou as Fake News. As Fake News, nada mais são do que notícias falsas, causadas por boatos, falta de investigação ou pesquisa, e por deduções próprias de quem compartilha esse tipo de informação. Claro que as Fake News não surgiram agora, existiam bem antes dos primeiros jornais, mas a situação agravou-se com o surgimento das mídias sociais. Ficou mais fácil deduzir notícias do que checar se são fatos verídicos. Não é só na internet que ocorrem as notícias falsas, grandes canais de comunicação, às vezes, cometem esse deslize na hora de dar a informação. Em 2017, a palavra ‘Fake News’ foi eleita a palavra do ano pelo dicionário britânico Collis, devido às falsas acusações a imprensa feita pelo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump. Trump alegou que a imprensa tentou fortemente derrubar a sua campanha presidencial com notícias falsas. 

Quando se diz que a imprensa é o quarto poder, entra em debate esse tipo de situação, já que a informação pode salvar ou destruir a vida de alguém ou algo. Outro debate que tem vindo a tona ultimamente, é o de que o jornalismo se perdeu no meio do entretenimento, deixando de ser jornalismo para ser fofoca ou informativos fúteis.Há um limite entre o entretenimento e jornalismo, mas isso não significa que ambos possam andar lado a lado. Os cuidados de exercer a profissão devem ser extremos. Todo jornalista e estudante de jornalismo têm pontos de vista em comum, o de tornar o mundo, o país qual vive, ou sua cidade, um lugar melhor. 


REFERÊNCIAS

VEJA. ‘Fake news’ é eleita palavra do ano por dicionário Collins. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/mundo/fake-news-e-eleita-palavra-do-ano-por-dicionario-collins/>. Acesso em: 29 de Jan. 2020.  

LUSTOSA, Isabel. O Nascimento da Imprensa Brasileira. Segunda edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma História Social da Mídia: De Gutenberg à Internet. Terceira edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. 

HISTORY. Primeira emissora de TV do Brasil, a Tupi, é inaugurada em SP. Disponível em:<https://br.historyplay.tv/hoje-na-historia/primeira-emissora-de-tv-do-brasil-tupi-e-inaugurada-em-sp>. Acesso em: 27 Jan. 2020. 

BRLOGIC. Conheça a história do rádio no Brasil e no mundo. Disponível em:<https://blog.brlogic.com/pt/conheca-a-historia-do-radio-no-brasil-e-no-mundo/>. Acesso em: 27 de jan. 2020.

 RANKBRASIL. Primeiro Telejornal do Brasil. Disponível em:< http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/0Ic-/Primeiro_Telejornal_Do_Brasil>. Acesso em: 27 de Jan. 2020.

REVISTAS. História da Revista. Disponível em:<http://www.revistas.com.br/historia-da-revista.html>. Acesso em: 27 de Jan. 2020.

 

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