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14/03/2020 às 01h30min - Atualizada em 14/03/2020 às 01h30min

“The Act”: A horripilante relação entre Gypsy Rose e Dee Dee Blanchard

Série americana choca ao retratar história real de assassinato e abuso

Clara de Andrade Lopes

Melhores amigas. Era este o termo usado por Gypsy Rose e Dee Dee Blanchard, mãe e filha, para descrever o relacionamento entre as duas. “The Act” é uma série americana de drama e suspense, protagonizada por Patricia Arquette e Joey King que conta a assustadora história desse amor parental que terminou em assassinato. Cansada de viver uma vida permeada por mentiras, a jovem Gypsy e seu namorado Nicholas Godejohn orquestraram a morte de Dee Dee. O mais chocante é saber que o caso realmente aconteceu, em junho de 2015.

Em uma cadeira de rodas e com a aparência de uma criança frágil e debilitada, Gypsy viveu por muitos anos os abusos médicos e psicológicos da mãe. A mãe de Gypsy fazia a filha e todos que passavam por suas vidas acreditarem que a menina era muito doente. Eram inúmeros os problemas: distrofia muscular, asma, epilepsia, apneia do sono, problemas de visão, leucemia e até mesmo alergia a açúcar. A garota inclusive chegou a ser alimentada por sonda e se submeteu a cirurgias que não eram em nada necessárias.

                                            

Nenhum dos problemas de saúde de Gypsy eram verdadeiros. Todos foram inventados por Dee Dee, que mantinha a jovem isolada em casa e sob seus cuidados, que eram completamente desnecessários e inapropriados. As duas viviam mudando de cidade, uma vez que era difícil sustentar uma vida repleta de mentiras, que inclusive eram fundamentais para as arrecadações de dinheiro que a mãe organizava para realizar os tratamentos da filha.

Dee Dee foi diagnosticada posteriormente com a Síndrome de Münchausen por procuração, uma grave doença mental que faz com que pessoas na posição de cuidadores pratiquem diversos tipos de abuso infantil, provocando ou mentindo a respeito de doenças nas crianças. O propósito destas pessoas é chamar atenção para si próprias através dos quadros problemáticos que incitam nas crianças e pela forma como cuidam delas. Extremamente controladora, Dee Dee não permitia que a filha fizesse qualquer tipo de contato com o mundo exterior sem sua autorização e acompanhamento, o que tornava a menina extremamente dependente dela. 

                                        

 

Com o passar do anos, Gypsy começou a desconfiar e perceber em seu cotidiano que as condições médicas não passavam de uma farsa. A jovem chegou a ser enganada por quase vinte anos, mas o amor que sentia por sua mãe a impedia de dizer aos outros a verdade, por medo das consequências que surgiriam na vida de Dee Dee. Neste entremeio a garota conheceu Nicholas Godejohn em um site de relacionamentos, que ela acessava de um computador que ela mesma tinha adquirido escondida de sua mãe. O casal sonhava viver uma história de amor como num conto de fadas, e ele estaria disposto a fazer qualquer coisa para salvá-la da condição em que vivia. E o fez.

Esteticamente, “The Act” tem determinação em trazer a tona sentimentos comuns do terror como angústia, desespero e nojo. Desde o início a série transita entre cenas sanguinolentas e grotescas até outras mais sutis visualmente, mas caprichadas em terror psicológico. Cada movimento de câmera foi pensado para gerar desconforto, o que em alguns momentos exige muito estômago do espectador. Além disso, as cores também são extremamente significativas. Quando está junto da mãe, Gypsy e o ambiente ao seu redor costumam apresentar a cor rosa. Entretanto, nas situações em que a garota está sozinha, se comportanto normalmente, como na cena em que ela come açúcar enquanto usa o computador, a cor predominante é o azul. E esta lógica é mantida em todos os oito episódios. A produção faz com que quem a contempla não deixe de se perguntar como seria viver dessa forma, os sentimentos de Gypsy ao longo de seu amadurecimento e principalmente sobre as atrocidades que Dee Dee cometia contra a filha, agindo pelo que ela julgava ser amor incondicional. 

                                        

Editado por Bruna Blankenship

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