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15/04/2019 às 09h26min - Atualizada em 15/04/2019 às 09h26min

Exposição: o sopro de Ernesto Neto

Letícia Agata Nogueira
A Pinacoteca do Estado de São Paulo inaugurou em 30 de março a exposição "Ernesto Neto: Sopro", que ficará disponível até o dia 15 de julho de 2019. O trabalho conta com a colaboração do Banco Bradesco e o museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Ocupando o espaço do Octógono, além de sete salas do primeiro andar, mais alguns espaços da Pina Luz, Ernesto reuniu 60 obras de sua autoria, levando o público a interagir com várias delas.
 
As esculturas englobam especiarias como açafrão, canela, lavanda, café e materiais como esferas de isopor, tecidos e crochê com inspiração na natureza, na vida e nas forças africanas e indígenas, que ajudaram a constituição do Brasil:
 
“Somos filhos de três continentes, mas só sabemos de um, só nos ensinam um, só valorizamos um, ficamos capengas, fracos. Envergonhados de nós mesmos, que bobagem, somos lindos. Quem somos nós? A força indígena e a força africana está dentro de nós, chegou a hora da cura, chegou a hora de ouvir pajés, babalorixás, yalorixás…Chegou a hora de ouvir a espiritualidade de nossa terra, de nossas plantas, rios e árvores chegou a hora de ouvir…” (Ernesto Neto).
 
O trecho acima foi retirado de um texto explicativo sobre a instalação Cura Bra Cura Té, no Octógono, a qual inclui quatro ações e rituais participativos e abertos ao público, como meditação e roda de conversa, trazendo a floresta representada pelo crochê, plantas sagradas e curativas de limpeza. Neto também demonstra, através de seu trabalho, que a fiscalidade, o indivíduo e o coletivo sempre foram fundamentais para a moldagem de sua poética. O artista conta com a colaboração de líderes políticos e espirituais das nações Huni Kuin, que possuem uma sala própria dentro da exposição.
 


Ernesto Saboia de Albuquerque Neto, nascido em 1964 no Rio de Janeiro, é um artista multimídia que estudou escultura em 1980 justamente com Jaime Sampaio e João Carlos Goldberg na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage). Atualmente, o artista realiza cursos de intervenção urbana e escultura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Neto dá enfoque entre escultura e instalação, usando frequentemente meias de poliamida e outros materiais flexíveis e cotidianos.
 
Em 1990, Ernesto criou esculturas que continham tubos de malha fina e translúcida preenchidos com especiarias de diferentes cores e aromas, como o de cravo da índia em pó e açafrão. O artista também desenvolveu estruturas de tecidos transparentes e flexíveis, permitindo a interação do público. São trabalhos com esses aspectos que foram apresentados na Pinacoteca.
 
"Eu achei uma experiência muito bacana pelo fato de ela ser interativa. Ela mistura espiritualidade com instrumentos musicais e é bacana, porque você realmente cria uma conexão com as obras. Eu acredito que é um passeio legal para se fazer em família e achei o preço extremamente acessível. Isso torna a coisa ainda mais legal", relata Fernando, visitante do museu.

De acordo com o site da Pinacoteca, “esta é também a primeira exposição que propõe traçar seus primeiros experimentos nesse campo através da investigação e da apropriação do espaço expositivo até atingir seu atual engajamento social. Num momento marcado pelo descompasso entre humano e natureza, Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis”.

Confira abaixo imagens de algumas das obras de Ernesto Neto, disponíveis para visitação na Pinacoteca do Estado de São Paulo:





Fotos: Letícia Agata Nogueira

 
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