Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
05/06/2019 às 00h10min - Atualizada em 05/06/2019 às 00h10min

Esquema de manipulação de resultados é revelado na Espanha

Escândalo que resultou na prisão de 11 pessoas escancara jogo de interesses entre empresários, diretores e casa de apostas

João Felipe Carvalho - Editado por Amanda Cruz
O meia Borja Fernández seria um dos envolvidos na combinação de resultados. Foto: Sajjad Hussain/AFP

Na última semana de maio, a polícia espanhola prendeu 11 suspeitos de participar de uma articulação de manipulação de resultados em jogos da primeira e segunda divisões do futebol espanhol. Raúl Bravo, ex-jogador do Real Madrid, Borja Fernández, ex-capitão recém-aposentado do Real Valladolid, Juan Carlos Galindo Lanuza, chefe dos serviços médicos do Huesca e Íñigo López Montaña, zagueiro do Deportivo La Coruña (com passagem pelo Huesca) estavam entre os envolvidos no esquema que combinava resultados como objetivo de favorecer casas de apostas.

A origem da investigação foi um confronto entre Huesca x Gimnàstic, pela segunda divisão do Campeonato Espanhol na temporada 2017/2018. Na ocasião, casas de apostas suspenderam suas cotações em razão de uma entrada de dinheiro 14 vezes maior do que o previsto, apostando em um empate sem gols no primeiro tempo e um gol dos visitantes na etapa final, o que aconteceu, aos 26 minutos, pelos pés de Uche. Outro esquema de corrupção crucial para a investigação teria envolvido o Real Valladolid, clube do ex-jogador Ronaldo. Sete jogadores da equipe teriam sido comprados para entregar a partida contra o Valencia, pela última rodada da elite do Campeonato Espanhol. No momento, o clube do morcego venceu por 2 x 0 e se classificou para a próxima edição da Liga dos Campeões.

Porém, não é o primeiro caso da fraude de resultados no país. Em 2011, Um jogo entre
Levante x Zaragoza fez parte do esquema após o time da casa receber 965 mil euros (equivalente a R$ 2,2 milhões, na época) para entregar a partida, que terminou 2 x 1 para os visitantes. Na investigação, o promotor do caso apontou Agapito Iglesias, presidente do Zaragoza, Antonio Prieto, diretor de futebol, o treinador Javier Aguirre e três jogadores, como responsáveis pela articulação.


Relembre outros casos

O escândalo liga novamente o sinal de alerta da FIFA, já que episódios de manipulação de resultados são frequentes no futebol. Em 2017, um jogo entre África do Sul e Senegal precisou ser remarcado após o árbitro marcar um pênalti inexistente em favor dos donos da casa. Assim, o resultado inicial de 2 x 1 para a África do Sul foi substituído por uma vitória de 2 x 0 dos senegaleses.

Um ano antes, a operação “
Game Over” prendeu cinco responsáveis por articular um esquema de fraude de resultados em jogos das séries A2 e A3 do futebol paulista para favorecer casas de apostas asiáticas. Os escândalos não param por aí. Em 2005, no episódio conhecido como “Máfia do Apito”, o árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi preso acusado de combinar resultados de partidas do Campeonato Brasileiro e passá-los à empresários, que faziam suas apostas. Um ano depois, foi a vez do Campeonato Italiano sofrer com o esquema, que culminou no rebaixamento da Juventus para a segunda divisão, além da perda de pontos de todos os clubes envolvidos.

Vale lembrar que o mercado de apostas no Brasil é proibido por lei, como consta no Artigo 41 C, D e E do Estatuto do Torcedor. Com isso, os envolvidos fecham acordos com empresários de casas de apostas da Ásia e Europa e, recebem dos mesmos o valor para cumprir, em campo, o combinado. No país, a Polícia Federal criou um banco de dados com mais de 400 jogadores e funcionários envolvidos em partidas consideradas suspeitas. Caso voltem a participar de um jogo com resultado manipulado, os mesmos serão intimados a prestar esclarecimentos. Apesar de bem planejada, a estratégia ainda é insuficiente para impedir a ação de uma máfia de apostadores que almejam o lucro ilícito através do futebol. E quem perde, nesse jogo de interesses, é o torcedor.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »