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06/06/2021 às 17h42min - Atualizada em 06/06/2021 às 17h42min

Pressionado por crises e denúncia, Caboclo é afastado da CBF

Decisão foi baseada na "gravidade" das acusações de assédio sexual e com base no artigo 143 da entidade

Paulo Octávio
Caboclo em reunião da CBF. Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Rogerio Langanke Caboclo, 48, foi  afastado da presidência da CBF por 30 dias pelo comitê de ética da entidade. Decisão foi tomada com base na "gravidade das acusações" apresentadas pela cerimonialista e no artigo 143 da CBF que diz "qualquer pessoa física ou jurídica direta ou indiretamente vinculada à CBF que infrinja ou tolere que sejam infringidas as normas constantes deste Estatuto ou do Estatuto da FIFA ou da CONMEBOL, bem como as normas contidas na legislação desportiva e nos regulamentos da CBF" 

Ele temia sair do cargo sob risco de não voltar mais, já que está isolado politicamente. E, de acordo com jornalista Ancelmo Gois, Caboclo pretendia contra atacar e demitir diretores e assessores que considerava "traidores".

Nesse momento, Antônio Carlos Nunes, o vice mais velho, assume e convoca reunião com diretores e vice-presidentes para esta segunda (7).
 
A pressão contra Caboclo explodiu quando uma cerimonialista da entidade o  acusou de assédio sexual e moral e apresentou denúncia formal na comissão de ética da CBF e diretoria de governança e conformidade, na última sexta (04). Ela afirma que os abusos e constrangimentos aconteciam desde abril de 2020, que tem provas  e pediu afastamento do dirigente.
 
Em nota, os advogados do paulista afirmam que “ele nunca cometeu nenhum tipo de assédio. E vai provar isso na investigação da Comissão de Ética da CBF”. 


Essa crise aumentou uma que já existia com a insatisfação dos clubes com modelo de gestão da entidade. Em 10 de março, durante uma reunião sobre a realização dos jogos em meio a pandemia, o dirigente demonstrou irritação e disse que os times estariam “fodidos” se não tivessem as partidas. Atitude agressiva gerou mal estar.
 
E piorou com a mudança da sede da Copa América da Argentina para o Brasil. O dirigente  demonstrou inabilidade com jogadores descontentes com a alteração. Ele questionou se “não era melhor os atletas ficarem em casa” ao invés de reclamar.
 
Caboclo não consultou ninguém pela realização do torneio no Brasil -- nem os vices da CBF e nem os presidentes das federações locais -- e nem foi criado um comitê para disputa. Ele só teve o apoio do presidente Jair Bolsonaro
 
Os líderes da seleção, Neymar e Casemiro, são contra a mudança do local do evento e não gostariam de disputar o campeonato um ano antes da Copa do Mundo
Movimento dos atletas não é político, mas eles tem receio que governantes se aproveitem da situação. Patrocinadores da CBF também estão incomodados com a polêmica e a denúncia contra o mandatário da maior entidade do futebol brasileiro.
 
Neymar ainda tenta união com atletas de outras agremiações para pressionar a Conmebol a cancelar a disputa. Mas, os contratos  e prováveis punições contra quem se recusar a entrar em campo impedem um acordo. Argentina esfriou essa tentativa após anunciar que não vai boicotar o torneio.
 
Caboclo também queria a saída do Tite, que não o ajudou a debelar a crise interna, para colocar no lugar um nome mais alinhado a CBF. Porém a reação do técnico, que mostrou lealdade aos jogadores, fortaleceu-o com o grupo. Jornalista André Rizek afirmou neste domingo que Tite seria demitido e Renato Gaúcho, nome que agradaria o governo federal, seria o novo técnico. Mas, com o afastamento do dirigente, talvez isso não aconteça
 
Rogério Caboclo é o quarto presidente afastado da CBF em nove anos. Antes dele, Ricardo Teixeira (2012), José Maria Marin  (2015)  renunciaram ao cargo após serem banidos do futebol por acusações de suborno e propina.  Marco Polo Del Nero (2018) também foi banido, mas não pediu para sair.

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