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06/09/2021 às 11h04min - Atualizada em 08/09/2021 às 16h39min

Cherrie | Cantora de raízes Somalis movimenta o R&B sueco

A artista usa suas músicas para inspirar imigrantes da Somália e lançou seu novo álbum em junho.

Larissa Gomes - Revisado por Isabelle Marinho
Foto: Divulgação

Descendente de Somalis e agitando o cenário musical na Suécia e no mundo, Cherrie lançou seu terceiro álbum de estúdio no início de junho e é um nome para ficar de olho. Alguns meses atrás, a artista soltou uma prévia do novo trabalho com informações e a data de lançamento para seus seguidores nas redes sociais, o que causou ansiedade.


Confira o tweet:
  

 

Naag Nool (“Uma Mulher Viva” em Somali) traz 10 faixas em sueco que mesclam R&B, Soul e Hip-Hop, gêneros importantes na formação musical de Cherrie. Em uma entrevista para o site da revista Vogue, a estrela afirmou que suas músicas e estilo são inspirados nas cantoras de R&B dos anos ‘90 e ‘00, principalmente Aaliyah e Ciara.

 

Carreira e background de empoderamento Somali

 

Shirihan Hersi, a Cherrie, nasceu em junho de 1991 em Oslo, na Noruega. Viveu por uma década na Finlândia até se estabelecer com a mãe e o irmão em Rinkeby, distrito de Estocolmo, Suécia.


A área onde cresceu é conhecida por acolher uma grande população de imigrantes. Por isso, Cherrie - que também é descendente de Somalis - utiliza o poder da música para transmitir a essência desses habitantes. 

(Cherrie e a mãe. Foto Reprodução: Buzzfeed.)

 

Seu reconhecimento mundial chegou com a faixa 163 För Evigt (163 Para Sempre), lançada em 2017 com a participação do rapper Z.E. e que traduz a necessidade de elevar as vozes muitas vezes apagadas e ignoradas. 

 

O número representa o código postal do subúrbio de Rinkeby que, por conta da grande quantidade de imigrantes Somalis, é referido pelos habitantes como “pequeno Mogadishu”, em uma associação à capital da Somália. 



 

Durante quase todo o videoclipe, é possível ver a bandeira Somali ou o seu azul claro nos trajes de Cherrie e dos convidados da gravação. A música carrega uma mensagem de empoderamento aos imigrantes Somalis e a própria experiência de busca às raízes africanas, que a cantora incluiu em diversas faixas na sua discografia. “Eu quis fazer uma música que fosse esperançosa e inspiradora para a ‘juventude esquecida’ da Suécia”, comentou em um vídeo para o portal Genius.

 

“Eu quero empurrar a cultura para frente e colocar as narrativas com pessoas que merecem isso ou que nunca tiveram isso antes”

- Cherrie, para o Genius.

 

A faixa teve tanta popularidade que garantiu um remix com a cantora Kehlani, um dos nomes mais famosos do R&B contemporâneo nos Estados Unidos.

 

A música como ferramenta de rompimento de barreiras

 

Por ter morado e crescido em ambientes majoritariamente brancos, Cherrie enfrentou diversos tipos de racismo, desde o mais escancarado até o mais velado. Ao site Somália Online, relatou que o racismo é um grande problema na Escandinávia, principalmente pelo fato do Swedish Democrats (Democratas Suecos), segundo maior partido político do país, ser anti-imigração.

(Cantora passou por situações de racismo na Escandinávia. Foto Reprodução: Grammis.)

 

Apesar disso, Cherrie contou que se orgulha de sua trajetória e de ser uma filha de terceira cultura - nome dado às pessoas que crescem em países longes dos de origem de seus pais.

 

“Eu me lembro de ser uma garotinha e ter pais com herança africana, mas vivendo em uma cidade branca e escandinava com quase nenhum negro: você fica confusa, porque você não está em casa ali. Mas se eu voltasse para a África, eu não estaria 100% em casa lá - porque eu nunca estive lá, certo? Então, o conceito da terceira cultura vem de criar a sua própria cultura do que você tem.”

- Cherrie, para a Vogue.

 

Assim, a cantora usa a música para inspirar os jovens e motivá-los a seguir com seus sonhos e objetivos. Para ela, uma mulher preta e muçulmana estar no topo dos padrões da sociedade é um símbolo de esperança à sua geração e às próximas. “Você não precisa de mais ninguém se você tiver energia e força feminina que pode te liderar e guiar”, disse à Red Bull Music.

Recentemente, lançou o videoclipe da música No Lie, em comemoração ao aniversário de Independência da Somália (1º de julho), com a participação de mulheres Somalis. Entretanto, Cherrie frequentemente grava suas produções na região em que cresceu com a população de origem Somali, como também visto nos videoclipes de
Känns Som 05' e Mami.

 

 

A ascensão de Cherrie no meio musical

 

Não somente os jovens imigrantes Somalis, mas pessoas no mundo todo encontraram essa força em Cherrie. A cantora conta com quase 700 mil ouvintes mensais no Spotify, onde lançou recentemente a faixa exclusiva VHS com o cantor Benjamin Ingrosso, no projeto Studio It’s Hits da plataforma.

 

Pouco tempo atrás, recebeu o Grammy Sueco de Hip-Hop do ano e comemorou com os fãs nas redes sociais.
 


Cherrie também colabora com artistas internacionais e viaja por diversos países em turnês, sempre com a sua missão:

 

“Este sonho é minha realidade agora

Eu estou no topo, mas nunca esqueci de onde eu sou."

-
163 För Evigt


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