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18/06/2019 às 18h56min - Atualizada em 18/06/2019 às 21h56min

Felicidade se torna disciplina em algumas universidades brasileiras

A matéria tem o intuito de promover diálogos sobre saúde mental

Izabel Lopes - Lab Dicas Jornalismo
A disciplina

Cobrança, sobrecarga de atividades e o medo de não conseguir ingressar no mercado de trabalho são situações que todo estudante universitário vivência. As universidades americanas, como Harvard e Yale, são as pioneiras a colocarem em suas grades curriculares a disciplina de Felicidade, com intuito de promover um espaço para diálogos sobre saúde mental.

No Brasil, a primeira universidade a colocar em sua grade curricular a disciplina, foi a Universidade de Brasília (UNB). A instituição aderiu a iniciativa porque foi identificado que muitos alunos estavam passando por processos de ansiedade, crise de relacionamentos, tristeza e pressão do ambiente acadêmico, podendo causar o adoecimento psíquico dos estudantes.


FOTO: GOOGLE IMAGENS/INTERNET

FOTO: GOOGLE IMAGENS/INTERNET

Cobrança, sobrecarga de atividades e o medo de não conseguir ingressar no mercado de trabalho são situações que afetam muitos estudantes (Foto: Reprodução / Internet)

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) é a primeira instituição de ensino superior do Nordeste a incluir a disciplina de Felicidade em sua grade curricular, e a segunda do país. Millena Brito, estudante da universidade que cursa o 4º período de jornalismo comenta sobre a iniciativa de inclusão. “Na minha universidade teremos a disciplina de felicidade, sendo que é uma matéria optativa, o maior objetivo dessa disciplina é auxiliar os alunos com as questões acadêmicas. Pretendo me matricular, pois me interessei muito”, disse. 

PESQUISA

Uma
pesquisa realizada em 2011 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) traçou um perfil dos estudantes das universidades federais, e uma das áreas mapeadas foi a de recorrência de transtornos mentais nessa parcela específica da população. A pesquisa concluiu que mais da metade dos universitários brasileiros já vivenciaram crise emocional e que o transtorno que mais afetava os alunos era a ansiedade, 70% dos alunos entrevistados se identificaram.

Para a especialista em Psicologia Clínica e Docente do Ensino Superior da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Silva Teixeira “existe uma cobrança social muito forte, existe uma cobrança familiar muito forte, e os jovens ficam com dificuldade de atender essas necessidades, o número de estudantes com ansiedade e problemas emocionais é extremamente alarmante, é preciso ser cuidadosamente observado, é preciso ter muito cuidado, pois muitos jovens estão sofrendo com depressão”.

Thamires Silva, recém-formada no curso de jornalismo fala sobre o processo de mudança de faculdade e de como essa transição afetou a sua saúde mental. “A sobrecarga de disciplinas me deixou desgastada, com tudo isso, passei a ter crises de pânico, ansiedade e início de depressão, precisei volta para minha cidade natal, em Três Corações/MG. Mesmo com o retorno para minha cidade as crises emocionais continuaram por conta dos trabalhos”, afirma.

ALAGOAS

A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) ainda não aderiu na grade curricular dos cursos ofertados a
disciplina Felicidade, mas oferece um curso de extensão sobre saúde mental que tem como intuito abrir espaço para estudantes dialogarem a respeito das dificuldades na academia. Com o objetivo de proporcionar um espaço de vivências favoráveis a uma boa qualidade de vida no ambiente acadêmico.

Aula inaugural do curso Qualidade de Vida Acadêmica (Q.V.A). (Foto: reprodução/instagram).


A iniciativa do projeto surge a partir da grande demanda de alunos que buscam atendimentos psicológicos individuais. O Psicólogo Everton Fabrício Calado, idealizador do projeto, notou que havia uma necessidade de integrar a discussão de forma mais coletiva. “Fiz uma adaptação nessa disciplina de felicidade, que já era muito conhecida em muitas universidades, pois como não sou docente, precisei transformar a disciplina em um curso de extensão, abrimos mão do nome felicidade para Qualidade de Vida Acadêmica (Q.V.A) com a perspectiva um tanto quanto modificada”, relata.


De acordo com o Psicólogo Everton, as queixas mais presentes nos atendimentos individuais na vida dos estudantes são as dificuldades que os universitários enfrentam na academia. Adaptação com a vida acadêmica, relação com os professores, cobrança, intolerância, falta de perspectiva para o futuro e muitas manifestação de alguns transtornos, sobretudo, ansiedade e depressão”, declara.    

Falar sobre saúde mental nas universidades tem se tornando cada vez mais frequente, a abordagem do assunto se faz necessária porque muitos estudantes sofrem com várias questões emocionais. Promover essas discussões no ambiente acadêmico é de extrema importância, pois além de prevenir o adoecimento emocional, viabiliza o tema que por muito tempo foi deixado de lado.

O relatório completo do perfil dos estudantes nas universidades federais você encontra aqui.

Editado por Alinne Morais


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