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07/02/2022 às 09h48min - Atualizada em 07/02/2022 às 09h08min

Conheça o podcast Ideias de Hermes

Saiba detalhes do projeto que está movendo assuntos necessários na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, você também pode apoiar essa causa.

Maria Vasconcelos - Revisado por Isabelle Marinho
Capa do Podcast Ideias de Hermes. (Foto: Reprodução/Ideias de Hermes)

No ano de 2020, os podcasts se tornaram, de fato, a sensação, já que foi considerado o ano do áudio. O que mais chama a atenção são os conteúdos abordados nesses áudios. O podcast Ideias de Hermes sabe como abordar muito bem um assunto importante e que move a sociedade. 

O Fijó é o fundador desse projeto tão importante desenvolvido na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro e busca sempre mostrar ao público o quanto a arte e a cultura são essenciais. Até o momento, o podcast conta com 9 episódios sendo o episódio de número 0 uma apresentação sobre o criador por trás disso tudo. 

A produção de áudio já recebeu artistas como DJ Java, Suavepreta, Kerobxd, Rojao, Kalebe, bxd42, Natö, Davi Meraki, Lettié e Nigat MC. São assuntos tão diversos e necessários que nós batemos um papo muito interessante com o Fijó para saber detalhes sobre o Ideias de Hermes.



Confira a entrevista na íntegra: 

1. Como surgiu a ideia de criar o podcast? Qual foi a sua inspiração para dar início a essa jornada?

R: A ideia surgiu a partir de uma carência identificada por mim (e por amigos que são artistas independentes) dentro da cena artística na baixada fluminense. Existem bolhas, “panelinhas” formadas e segregadas por expressão artística, ou seja, existem artistas (a grande maioria) que não divulgam eventos de outros gêneros musicais - mesmo que sejam eventos que fomentam a arte dentro da baixada - pela simples barreira do “eu não curto tal som/expressão artística”. É óbvio que ninguém é obrigado a gostar de nada, porém no momento que o trabalho do amigo não é divulgado, a arte na baixada, como um todo, fica no prejuízo. Se a arte fica no prejuízo, não importa qual expressão artística eu produzo: eu também saio no prejuízo. É como uma rede: Se um fio da rede está rasgado, toda a rede deixa de pegar peixes. O esquema é o mesmo. Nesse contexto, o Ideias de Hermes surgiu na tentativa de ser um lugar de fala para que todo e qualquer artista da cena independente da baixada fluminense possa falar, sem restrições, sobre seus obstáculos e desafios, mas principalmente sobre seus sonhos, metas, objetivos - conquistados ou não - e aspirações.

2. Como funciona a sua rotina apresentando o podcast? Quais são os primeiros passos antes de gravar algum episódio?

R: O primeiro passo é fazer uma rápida curadoria sobre o que o artista faz/se propõe a fazer dentro da cena. Durante os episódios, preciso que o(a) convidado(a) acesse seu lado mais inocente e honesto, porque somente assim, acredito eu, que conseguimos expor os motivos que nos levaram a fazer arte. Antes do artista se tornar artista, ele ou ela foi uma criança, um adolescente, um estudante, um ser humano. Antes de ser artista (aquele que faz arte), foi um “ser”. Alguém que “é” nem sempre “faz”, simplesmente é. Para acessar esse lado, precisamos sempre ter uma pré-conversa, também no intuito de colocar para fora coisas que são interessantes de serem conversadas, mas não combinam tanto com a proposta do podcast. Essa pré-conversa, longe de ser uma entrevista ou algo inquisitório, serve para que o convidado se sinta à vontade, tanto para falar o que quiser quanto para se recusar a abordar algum tópico. A humanização dos convidados é essencial nesse sentido, pois resulta em relatos tão genuínos, que acabamos tratando de assuntos e questões específicas que nem mesmo a pessoa esperava tratar.

3. Com a criação do podcast, qual é o seu objetivo maior?

R: Eu sempre relato o mito de criação da Lira segundo a mitologia grega. Nestas tradições, o instrumento musical é retratado constantemente nas mãos de Apolo, o deus da música. A lenda conta que o deus que criou/inventou/teve a ideia da Lira não foi Apolo, e sim Hermes, o deus mensageiro. Para resolver uma contenda entre os dois, Hermes foi obrigado por Zeus a entregar a Lira nas mãos de Apolo, sendo este representado desde então com uma lira nas mãos, não por ter sido o criador da Lira, mas sim por ser ele a representação da Música. Dito isso, eu não tenho intenção alguma de ser o protagonista das conversas, muito menos ter fama para mim. Eu quero que os convidados do IDHBXD Podcast sejam o Apolo dessa história: tendo representatividade, reconhecimento. Meu intuito é ser o Hermes: o que teve a ideia e usou de suas habilidades como comunicador para repassar os frutos a serem colhidos a quem é de direito.

4. No seu ponto de vista, como os convidados do seu podcast mudam a visão de quem está de fora? Como você faz para abordar os assuntos que são, de fato, necessários?

R: Como falei, os convidados sempre precisam acessar seu lado mais inocente e honesto antes da gravação do episódio. Nós rimos, brincamos, falamos besteira e o convidado, mesmo que não sejamos conhecidos de anos, acaba por ficar mais à vontade e ser quem ele(a) de fato é, longe dos holofotes. Desse modo, acessando relatos genuínos, as revoltas consideradas e levantadas para debate sugerem sinceridade, uma vez que não sobra espaço para fingimentos. A partir desse ponto, surge o fenômeno (incrível, na minha humilde opinião) da identificação: os ouvintes genuinamente se identificam com os prazeres, com as risadas soltas, com o papo sobre arte etc, porém se identificam mais ainda com os temas sociais e políticos, pois compartilham das mesmas revoltas.

5. Para quem você faz o podcast? Conta um pouco sobre o público que você deseja atingir, quem é o seu público-alvo?

R: Eu brinco comigo mesmo dizendo que a cada episódio, o público-alvo muda. Afinal, não dá pra homogeneizar a experiência de quem vive na Baixada, quanto mais de quem vive nos ambientes periféricos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, e assim por diante. A cada episódio, as lentes pelas quais enxergamos o mundo vão aumentando cada vez mais. No entanto, de modo geral, todos aqueles que apreciam arte - dentro e fora da baixada fluminense - estão no escopo do público-alvo do projeto. Essa pretensão se torna um pouco mais abrangente pelo fato de que é impossível falar de arte na baixada sem falar de educação, de políticas públicas, de oportunidades de emprego e assim vai. O que dificulta que tal conteúdo chegue a todos do público-alvo é que nós, moradores da Baixada, somos uma família gigante, mas que se comporta como aqueles tios que brigam e ficam um bom tempo se comunicando mal. Já passou da hora de entendermos que, antes de ganharmos o mundo, precisamos ganhar o quintal de casa.

O acompanhamento do podcast pode ser feito através do Spotify, basta acessar o link: https://open.spotify.com/show/6DE6uyzpPIm2om4XZjzDlz?utm_medium=social&utm_source=heylink.me e acompanhar o Fijó nas redes sociais: https://www.instagram.com/ideiasdehermesbxd/.

Apoie esse projeto e aproveite para se aventurar nesse mundo que tem tanto a agregar na vida do ser humano.  

 

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