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28/02/2022 às 23h52min - Atualizada em 28/02/2022 às 17h23min

Maria Firmina dos Reis, vida e obra da primeira romancista negra brasileira

Em sua homenagem, no dia 11 de março é comemorado o Dia da mulher maranhense

Tassia Gomes - editado por David Cardoso
Arte de Antonio Hauaji/ MultiRio sobre selo comemorativo da Academia Maranhense (Foto: Reprodução/MultiRio)
Maria Firmina dos Reis, foi professora, poeta, compositora e a   primeira brasileira negra a publicar um romance no Brasil intitulado “Ursulla”. Nasceu em 11 de março de 1822, em São Luís, capital do Maranhão, filha de Leonor Felippa dos Reis, branca e escrava alforriada e João Pedro Esteves, homem negro, de posses e socio do comendador Caetano José Teixeira, na qual, sua mãe serviu. Não consta na certidão de batismo o nome do seu pai, este nome consta apenas na certidão de óbito.

Aos cinco anos mudou-se para a Vila de São José de Guimarães, na cidade de Viamão, para viver com a sua tia materna após o falecimento de sua mãe, lá teve seu primeiro contato com a literatura através do seu primo materno Sotero dos Reis, que era gramático e escritor.

Em 1847, aos 25 anos, foi aprovada em um concurso público na cidade de Guimaraes, tomando-se professora de escola primária onde exerceu seu magistrado até 1881. Como educadora fundou no Maranhão, em 1880, em uma época em que o machismo era predominante a primeira escola mista (para meninos e meninas), ensinava gratuitamente a crianças nas quais os pais não tinham condições financeiras de arcar com as despesas. Entretanto, dois anos e meio depois da sua fundação a escola foi fechada devido à grande polemica causada na época. Afinal, era comum meninos e meninas frequentarem escolas distintas.

Em 1859, foi publicado o primeiro romance e mais conhecido da autora “Ursulacom o pseudônimo “uma maranhense”. A história narra um romance com protagonistas brancos, mas que pela primeira vez da voz e destaque as condições das pessoas negras escravizadas no Brasil. Na obra, destaca-se a opressão patriarcal e machista sofrida pelos negros no Brasil escravagista.


Busto de Maria Firmina.

Busto de Maria Firmina.

(Foto: Reprodução/Portal MultiRio)


Em 1861, publicou o romance “Gupeva”, que narra a história de uma indígena e sua filha que se apaixona por um marinheiro francês. Na trama, o encontro entre Gupeva e francês, Gastão, termina em um confronto entre Brasil e França de final trágico.

Em 1871, foi lançado o livro Contos à beira-mar, que reúne 56 poesias dedicado à memória da sua mãe Leonor. ‘A escrava”, outro livro da autora que se destacou por sua temática critica a escravidão dando voz à mulher escravizada e abolicionista foi lançado em 1886, pela revista Maranhense. Como compositora, foi autora do Hino à Liberdade dos Escravos.

Salve Pátria do Progresso!
Salve! Salve Deus a Igualdade!
Salve! Salve o Sol que raiou hoje,
Difundindo a Liberdade!
Quebrou-se enfim a cadeia
Da nefanda Escravidão!
Aqueles que antes oprimias,
Hoje terás como irmão!


Maria Firmina do Reis não teve filhos e faleceu em 11 de novembro de em 1917, aos 95 anos, na cidade de Guimarães, pobre e cega.Em sua homenagem, no dia 11 de março é comemorado o Dia da mulher maranhense.As obras e legado da autora, durante muitos anos ficaram no esquecimento, mas, em 2017, com o centenário de sua morte,seus livros foram relançados ganhando gradativamente o destaque que merece.

 
 

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