O fato de o jornalismo conter em sua escrita características da literatura é inegável. O profissional que apura, investiga, analisa, escreve e transmite uma informação, ou seja, retrata a realidade, também precisa ter coesão no exercício da técnica com princípios teóricos e práticos, que possuam elementos da literatura, como ordem social, histórica e cultural.
O jornalismo literário une o fato da realidade com a realidade da ficção, que vem da própria estrutura literária. Ele cumpre a missão de informar com um alicerce narrado com mais profundidade, com expressões que são referência ao estilo literário jornalístico e que possuem semelhança à literatura da realidade, o romance de não-ficção, a literatura do fato, o jornalismo narrativo, jornalismo diversionista e a de não-ficção criativa. A síntese do jornalismo literário é a liberdade.
Contexto histórico
A primeira linha do nascimento do jornalismo literário começou no século 19, na Europa, EUA e América Latina pelos mesmos motivos: a guerra civil americana. Os jornais de grande tiragem que cobriam o acontecido, perceberam que fazer as coberturas diárias diretamente dos campos de batalha e enviar as notícias completas era difícil, pois o telégrafo era o meio de comunicação da época e a maioria das ligações caiam, interrompendo as informações. Foi quando surgiu a ideia de colocar no primeiro parágrafo o factual, surgindo o tão famoso lead.
Os profissionais que queriam cobrir a guerra com mais intensidade, perceberam que não dava para cobrir a guerra e falar sobre o clima e a tragédia em apenas um parágrafo. A dramaticidade e a intensidade das situações eram importantes, e começaram a fazer relatos mais densos do ponto de vista pessoal e mergulho na realidade, mesmo que fossem para serem mandadas por correio e publicados em edições especiais. A construção dessas narrativas possuía recursos que a literatura de ficção já tinha desenvolvido, só que aplicada ao real. A diferença é que o autor de jornalismo literário não inventava, não criava uma situação que não existe, só utilizava todo este contexto aos dados da realidade.
No Brasil, esta vertente do jornalismo também surgiu com uma guerra, a de Canudos. O primeiro profissional que fez algo próximo ao que chamamos de jornalismo literário na imprensa brasileira foi Euclides da Cunha (1866-1909). Culto, erudito e em sintonia com o que havia de mais de ponta na cultura europeia, Cunha era correspondente do jornal Estado de S. Paulo e cobriu a guerra de maneira tão elaborada, que as reportagens foram consolidadas no grande livro-reportagem Os Sertões, importante obra da literatura brasileira.
Outro ponto importante dentro do segmento de narrativas informativas literárias, é a de viagem. Pessoas que saem para conhecer o mundo, se inspiram e escrevem história de pessoas, dão voz a este outro segmento do jornalismo.
Os Sertões de Euclides da Cunha: entenda a Guerra de Canudos.
A marca chave do jornalismo literário é humanização. Tentando compreender o ser humano em sua complexidade, as histórias são centradas na figura humana. Enquanto no jornalismo convencional a pessoa humana é apenas uma fonte de informação, no jornalismo literário a história é mais profunda por conta da busca de compreender assuntos diversos, desde um tema de ciência bem complicado, por exemplo, até algo do cotidiano de comportamento, política ou economia. O eixo de trabalhar essa narrativa é a figura humana, então sempre tem personagens reais no jornalismo literário.
A grande proposta do jornalismo literário é fazer com que o leitor compreenda o real de maneira mais plena possível. O autor se exime ao máximo de explicitar a opinião. Os maiores autores de jornalismo literário evitam expressar opinião de maneira muito clara, a fim de ajudar o leitor a ter uma excelência na compreensão. Sendo assim, o profissional não vai opinar numa linha de expressão ou julgamento de valor, mas vai dotar uma postura crítica. O famoso jornalismo gonzo, criado pelo Hunter Thompson, que fazia crítica social.
Jornalistas literários importantes
WEISE, Angélica. Para compreender o jornalismo literário. 2013. Disponível em: https://www.observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/_ed730_para_compreender_o_jornalismo_literario/
LIMA, Edvaldo. Entrevista à USC play, sobre jornalismo literário: muito além do factual. 2018. Disponível em: https://ucsplay.ucs.br/video/jornalismo-literario-muito-alem-do-factual/
República Conteúdo. 5 documentários obrigatórios sobre jornalismo. Disponível em: http://republicaconteudo.com.br/documentarios-de-jornalismo/
Tecnoblog. 8 filmes e séries sobre jornalismo para ver nos streamings. Disponível em: https://tecnoblog.net/responde/8-filmes-e-series-sobre-jornalismo-para-ver-nos-streamings/
Jornalismo literário. Arquivo da tag: Filmes sobre jornalismo literário. Disponível em: https://jornalismoliterarioblog.wordpress.com/tag/filmes-sobre-jornalismo-literario/