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12/09/2022 às 14h47min - Atualizada em 23/04/2022 às 23h47min

Baguncinha e maionese temperada: patrimônio cultural imaterial de Cuiabá

A valorização cultural do lanche e acompanhamento queridinhos dos cuiabanos agora são reconhecidos por lei.

Mariana da Silva - editado por David Cardoso
Tradicional baguncinha cuiabano. (Foto: Mariana da Silva)

Muito apreciado pelos cuiabanos, o lanche baguncinha e também a tradicional maionese temperada, utilizada como acompanhamento do alimento, estão presentes em praticamente todas as barraquinhas de lanches que se prezem em Cuiabá. Basta andar pelas principais avenidas da capital e notar a abertura dos carrinhos de lanches logo no início da noite, com atendimento no local e algumas até aderindo ao delivery por meio de aplicativos.
 
Recentemente o lanche e acompanhamento foram considerados patrimônio cultural imaterial de Cuiabá, através da Lei 6.786, de 29 de março de 2022, sancionada pelo Prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), cuja proposta é de autoria do vereador Adevair Cabral (PTB).


O baguncinha tradicional é feito na chapa com pão, hambúrguer, presunto, calabresa, salsicha, bacon, ovo, alface, tomate e queijo. Molhos como ketchup, barbecue e mostarda podem ser adicionados conforme o gosto do consumidor, mas o toque especial e característico do lanche fica garantido por conta do molho que o acompanha: a maionese temperada.

 
O valor costuma variar entre 12 e 25 reais, dependendo da barraquinha ou da quantidade de ingredientes, o que é um dos atrativos para a procura pelo lanche, como conta o consumidor Thiago Ruiz Lobo, de 23 anos, cuiabano e estudante. Thiago consome baguncinha desde 2015 e de forma quase que semanal.

“Eu vejo que o baguncinha sempre foi um lanche típico da região, mas que ele é sim presente em outras regiões também. Acho que o melhor mesmo do lanche é o fato de ter vários ingredientes. Na verdade, o grande diferencial para mim é uma boa maionese temperada.” Sobre a lei, Thiago comenta “acredito que essa lei pode aumentar ainda mais a credibilidade desse produto não só no estado, mas também em outras regiões do Brasil.”

 
O vendedor de lanches Claudinei Pereira Bezerra, de 34 anos, vende lanches há 10 anos e faz cerca de 150 lanches por noite. Ele conta que o preferido e mais pedido pelos clientes é o baguncinha, “a cada 10 pedidos 8 é de baguncinha e sempre acompanhado da maionese caseira temperada”. Referente a lei aprovada ele comenta “é de grande importância, uma vez que o baguncinha é o ganha pão de muitos cuiabanos. Pois o trabalho de quem produz e vende o baguncinha é diário e contínuo, porque quem produz reserva e dedica boa parte do seu dia para a confecção e a venda do lanche queridinho de Cuiabá e região.”

 


Baguncinha como patrimônio cultural

Além de valorizar um símbolo cultural gastronômico adorado pela população local, a lei pode colaborar para a visibilidade dos produtores do alimento devido a importância dada a ele neste reconhecimento. A produção do lanche gera fonte de renda para diversos trabalhadores e famílias, além de ser um saciador da fome de diversos universitários, trabalhadores, ambulantes e tantos outros cidadãos que passam pelas ruas de Cuiabá, voltando do trabalho, da faculdade, das festas, com os amigos ou família.
 
O lanche se tornou um dos símbolos da culinária cuiabana e motivo de orgulho entre a população. Quando se fala em patrimônio cultural, a noção deve ser ampliada e pensada para além de somente os monumentos e locais físicos, de modo que a culinária, artesanato, festas e celebrações, os saberes populares e outros fazeres tradicionais passados através das gerações sejam contemplados e reconhecidos para que sejam preservados e celebrados.

Um lanche histórico

Historicamente, em 31 de março de 1973, o primeiro trailer de sanduíches foi inaugurado em Cuiabá por Ale Arfux, que veio a ser o criador do baguncinha. Um conhecido amigo e cliente, chamado Érico Preza, que já conhecia todos os lanches do cardápio pediu algo novo. Ale então montou o novo lanche com todos os ingredientes que tinha à sua disposição: pão, hambúrguer, salsicha, bacon, queijo, presunto, ovo, alface, tomate e maionese.
 
Entregou a “bagunça” para o amigo e o resultado: no mesmo dia fez outros 56 lanches iguais para outros clientes, tamanho foi o sucesso do chamado x-bagunça. Na semana seguinte incluiu no cardápio e o sucesso rende até hoje, se espalhando por diversos carrinhos na capital mato-grossense.

Vale ressaltar que o x-bagunça e o baguncinha possuem os mesmos ingredientes, no entanto em quantidades e tamanhos diferentes. Você pode conferir a história deste e outros alimentos típicos cuiabanos clicando aqui.


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