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05/08/2022 às 11h30min - Atualizada em 03/08/2022 às 11h44min

Old money: uma estética que reforça as desigualdades

Dentro da moda, essa estética se baseia no estilo dos nascidos herdeiros, com roupas simples, porém elegantes que trazem um aspecto de “polido”

Mateus Macêdo - labdicasjornalismo.com
Foto: Reprodução/ Lana Del Rey/ Chemtrails Over The Country Club

Pérolas, blazers, cardigãs, seda, alfaiataria e cashmere ambientados em paisagens como campos de golfe, casas de campo, mansões com artes renascentistas, tendo canções da Lana del Rey como trilha sonora. Essas são características da estética Old Money, que tem tomado conta do TikTok, com mais de 1,6 bilhões de visualizações na hashtag #oldmoney e 546,2 milhões na #oldmoneyaesthetic, além de mais milhões sobre outras variações da tendência.
 

@oldmoneyaa Whose aestethic is this? #fyp #foryou #oldmoney #oldmoneylifestyle #oldmoneyaesthetic #foryoupage #luxurylifestyle #royalty #billionaires Young And Beautiful - Lana Del Rey

Old Money em uma tradução literal significa “dinheiro velho”, que seria um designação de grandes fortunas que são derivadas de heranças, que foram acumuladas de geração em geração. É interessante pontuar que old money não é apenas uma forma de se vestir, ou mesmo uma tendência específica do mundo da moda, mas sim uma estética que tem variações em áreas como arquitetura, pintura, música, entre outras.

Dentro da moda, essa estética se baseia no estilo dos nascidos herdeiros, com roupas simples, porém elegantes que trazem um aspecto de “polido”. As peças tem ênfase na qualidade e nos cortes e é claro são compostas principalmente por marcas de luxo e roupas feitas sob medida. Esse estilo camufla o preconceito de classes que há por trás dele, mascarando o seu aspecto conservador através da “simplicidade” que as peças evocam.
 


Essa estética está diretamente ligada aos membros das elites norte-americanas e europeias, cujo poder e prestígio social são passados entre suas diferentes gerações, que são a principal representação da sigla WASP – Branco, Anglo-Saxão e Protestante, isso porque refere-se a uma riqueza geracional, que cria relações de micropoder e códigos de riqueza conhecidos por um grupo pequeno de pessoas que os entendem.

Quando falamos sobre herdeiros e suas linhagens, estamos discutindo relações de poder e exploração de trabalhadores, principalmente se considerarmos o fato de que boa parte das grandes fortunas começaram a se criar durante a Revolução Industrial ou até mesmo no período colonial. Além disso, elas também estão diretamente ligadas ao acúmulo de capital, que é um dos principais fatores contribuintes para a desigualdade social, tanto é que a taxação das grandes fortunas já vem sendo discutida a algum tempo. 

Dessa forma, a problemática em volta dessa estética se dá, principalmente, por ela estar imersa em valores cultivados por elites, dinastias e aristocracias brancas de boa parte da Europa e dos Estados Unidos e exaltar um grupo elitista, cercado por privilégios e que flerta diretamente com a extrema direita.

A popularização dessa estética aliada ao olhar romântico que muitos têm por essa vida de riqueza acaba fazendo com que as pessoas esqueçam que essas grandes fortunas são criadas em cima de racismo, desigualdade social e colonialismo. É importante entender também que a problemática aqui não é vestir roupas que estão presentes dentro desse estilo, mas sim exaltar algo que é um dos principais fatores e contribuintes de desigualdades que estão presentes na nossa sociedade. Não tem nada de popular e democrático no old money.

 

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