O DJ Alok e seus convidados Mapu Huni Kuî, Owerá MC e Grupo Yawanawa, artistas indígenas, coloriram e encantaram o topo do edifício da ONU em Nova York no último dia 16 de setembro. A performance musical marcou o lançamento do álbum “O Futuro é Ancestral”, projeto idealizado pelo Instituto Alok, que pretende, além de manifestar a cultura e a arte indígenas, divulgar a luta dos povos originários e reverter o financiamento angariado à causa.
“O que a gente fez com Alok foi gravar a nossa música para passar de geração em geração, porque um dia isso seria preciso para compartilhar com os homens que não têm conhecimento do que é a floresta”, declara Rasu Yawanawa, um dos líderes indígenas que participa do álbum.
O projeto foi realizado em parceria com o Pacto Global da ONU, que atua na defesa dos direitos humanos, e obteve apoio do Greenpeace, organização não-governamental que luta pelas causas ambientais, que incluem naturalmente os povos indígenas em todo o mundo. O projeto foi lançado durante uma das edições da Assembleia Geral das Nações Unidas, a qual reúne diversos líderes mundiais, especialistas, empresários e ativistas de causas sociais.
Por isso, além da apresentação e da divulgação do álbum, um dos painéis de debate realizados durante o evento com a participação do Instituto Alok, do Pacto Global da ONU e diversos outros interessados na temática, debateu o papel da indústria de entretenimento para a ressignificação do imaginário sobre a identidade dos povos originários e sua importância para a co-criação de um futuro justo e sustentável, no contexto das soluções para a crise climática – um dos principais desafios do nosso tempo.
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As duas organizações precursoras do projeto também assinaram na ocasião o Fundo Ancestrais do Futuro. Esse programa visa apoiar financeiramente produções artísticas - cinema, games, música - protagonizadas por pessoas indígenas, além de projetos que utilizam-se da tecnologia como meio de proporcionar bem estar aos povos originários e à preservação da biodiversidade. Outras organizações e empresas, principalmente do terceiro setor, estão convidadas a contribuir com o programa, a fim de agregar para a disseminação da cultura, da importância desses ideais para o futuro da nação e do protagonismo das representações indígenas para as decisões e discussões sociais.
Levamos “O Futuro é Ancestral” através do @PactoGlobalBR e do @AlokInstituto para debatermos sobre as mudanças climáticas durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York. pic.twitter.com/VjG4gafUSl
— Alok (@alokoficial) September 19, 2022
Twitter de Alok (Reprodução: @alokoficial - Twitter)
“Levar a sabedoria ancestral da floresta ao mundo faz parte não apenas dos meus objetivos artísticos, mas dos meus princípios como cidadão. Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas. O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta e co-criar as soluções junto com essas vozes”, frisa o DJ, presidente do Instituto Alok.
O álbum iniciado na cerimônia deve ser lançado oficialmente no próximo ano. A ideia dos artistas é dar proporção global para o projeto, como forma de disseminar a cultura e a luta indígena por todos os territórios do mundo.