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21/11/2022 às 18h25min - Atualizada em 21/11/2022 às 18h25min

José Saramago: 100 anos do escritor português

Até hoje o único autor português a ganhar o Nobel de Literatura

Karina Cassimiro - Revisado por Vanessa Kelly
Fachada museu Casa dos Bicos. (Foto:Reprodução/Depositphotos).

Em 16 de novembro de 2022, se estivesse vivo, seria comemorado o aniversário de 100 anos de nascimento do escritor português José Saramago, o único ganhador do prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa. Com característica própria na escrita, os longos parágrafos e ausência de pontuação, do travessão ou aspas em um diálogo, são a marca do escritor. Suas obras, com reflexões sociais e políticas, tornaram Saramago um dos escritores mais importantes para a literatura mundial, como, principalmente para nossa literatura brasileira. Uma prova disso, é que Saramago recebeu o título de Doutor Honoris Causa (título concedido por universidades para pessoas que se destacam em sua área de atuação) pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 1999.

 

O Centenário de Saramago foi repleto de homenagens, exposições e rodas de conversa durante todo o ano de 2022, não só em Portugal, país de nascimento do autor, mas em outros países também, como o Brasil. A editora Companhia das Letras, responsável por publicar a obra completa do escritor no Brasil, realizou uma série de ações comemorativas, entre essas comemorações foram realizadas cinco palestras gratuitas sobre as obras do autor disponíveis no YouTube da editora.

 

A homenagem também aconteceu no programa Entrelinhas, da TV Cultura, a edição foi ao ar (11/11) no qual Manuel da Costa Pinto entrevistou o escritor José Luís Peixoto sobre “Autobiografia”, romance publicado em 2019 que tem Saramago como personagem central e propõe uma série de cruzamentos entre ficção e documentos biográficos e históricos. O programa ainda teve a participação de Pilar del Río, jornalista, tradutora e presidenta da Fundação José Saramago. E, ainda, a bióloga Violante Saramago que traçou uma memória afetiva sobre o pai. Para finalizar, o Entrelinhas exibiu a última entrevista que Saramago concedeu ao programa, em 2008, dois anos antes de falecer.

 

Outras homenagens aconteceram na 26º Bienal Internacional do Livro de São Paulo que ocorreu em julho, com Portugal como país homenageado em espaço dedicado à literatura portuguesa, e não poderia faltar uma exposição comemorativa em homenagem aos 100 anos de José Saramago. Também houve visita do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ao estande onde percorreu por vários espaços da Bienal, e encontrando com alguns dos grandes nomes da literatura presentes no evento. 
 

Também no mês de julho em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa recebeu a exposiçãoO Conto da Ilha Desconhecida" que é inspirada no livro de mesmo nome de José Saramago. Com objetivo em proporcionar uma experiência cenográfica imersiva, que pode ser usufruída de forma lúdica pelo público, principalmente as crianças, a barca inflável de sete metros de comprimento ocupou o Saguão B do Museu da Língua Portuguesa, como parte das homenagens ao centenário do escritor. 

 

A Universidade Federal do Pará (UFPA) celebrou o legado do escritor, de 22 a 24 de agosto. Houve conferências, palestras e mesas-redondas sobre a obra, o pensamento e a atuação social de José Saramago. Pilar del Río ministrou a conferência “Os sonhos de Saramago” abordando as obras e os momentos de vida de José Saramago, sob o ponto de vista de quem conviveu com o autor e com ele compartilhou experiências e sentimentos únicos.

 

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922 em uma família de camponeses sem terra, na aldeia de Azinhaga, em Portugal. Recebeu o Prêmio Camões em 1995 e o Nobel de Literatura em 1998. Dentre seus romances destacam-se “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e “Ensaio sobre a Cegueira”, adaptado para o cinema por Fernando Meirelles. Saramago morreu em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, em 2010.

 

Ensaio sobre a cegueira

 

O romance publicado em 1995, retrata uma epidemia conhecida como “cegueira branca” que atinge uma cidade e se espalha rapidamente pelas pessoas. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar, as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico, que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida. 

Podemos observar que algumas situações retratadas na obra de Saramago torna-se atemporal e podem ser percebidas em relação à pandemia e ao isolamento so­cial em razão do Covid-19

Livro 'Ensaio sobre a cegueira'.

Livro 'Ensaio sobre a cegueira'.

(Foto: Reprodução/ Karina Cassimiro).

 

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