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22/11/2022 às 16h34min - Atualizada em 22/11/2022 às 15h52min

Consciência Negra reflete a importância do antirracismo

Celebrada no dia 20 de novembro, a data é um marco da resistência negra na luta pela liberdade e tem Zumbi dos Palmares como principal referência

Felipe Nunes - editado por David Cardoso
Representatividade e valorização cultural marcam o Dia da Consciência Negra. (Foto: Reprodução/Freepik)

No último domingo (20), o Dia Nacional da Consciência Negra, instituído pela Lei Nº 12.519/2011, foi comemorado mais uma vez no Brasil. Responsável por promover discussões sobre o antirracismo, a data também é uma forma de resgatar as lutas travadas pela comunidade negra na busca por direitos renegados. 

 

O destaque dessa data é dado a Zumbi dos Palmares, que foi assassinado há 327 anos atrás. Conhecido por liderar o maior quilombo e influenciar o combate à escravidão, ele é um dos personagens mais respeitados pela história e acolheu em seu quilombo 30 mil negros escravizados, que, de modo geral, fugiam de prisões, fazendas e senzalas.

 

Por representar uma figura de oposição ao regime de exploração da época, sustentado pelo processo de escravização, o líder do quilombo era visto como uma ameaça, principalmente pela relevância que tinha entre o grupo de resistentes. Em vista disso, no dia 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares teve a cabeça decepada e foi executado em praça pública. 


 

Incompreensão histórica
 

Como forma de resgate à sua contribuição, em 2011, a data foi implementada no calendário brasileiro. Além de abordar as posturas de resistência de Zumbi, o Dia Nacional da Consciência Negra também recupera a importância cultural africana e reforça que houve história antes da escravidão. 

 

Na formação estudantil brasileira, presentes em livros didáticos e enraizada no imaginário popular, a vida e cultura desses povos só é iniciada a partir desse processo de escravização e concluída com a participação de Isabel, filha de Dom Pedro II, na libertação dos negros escravizados. Esse apagamento exclui toda a relevância do passado desses povos e é sustentado pela incompreensão histórica.

 

Isso porque, ainda que diversas figuras tenham lutado pela liberdade da comunidade negra, o feito destinado à abolição da escravatura é concedido à princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888. No entanto, é necessário enfatizar que a assinatura só foi realizada pelo fortalecimento do movimento abolicionista de resistência.  Ou seja, a pressão social dos resistentes foi essencial.

 

 

Entretanto, mesmo com a liberdade garantida por lei em 1888, as consequências do racismo estrutural continuam na vida dos afrodescendentes. De acordo com estudos executados pelo Instituto Sou da Paz, dos 30 mil assassinatos promovidos por armas de fogo no Brasil,  78% das pessoas mortas são negras.

 

Ainda segundo o estudo, o público mais vulnerável é o de jovens e adolescentes negros, tendo em vista que representam 61% das mortes. Com relação às crianças negras, os números de assassinatos correspondem a aproximadamente duas vezes mais do que a quantidade de crianças brancas assassinadas, sendo 61% e 31%, respectivamente.

 

Nesse contexto, o antirracismo vem como uma ferramenta de combate ao cenário de violência contra à comunidade negra. É através da prática diária que os preconceitos étnicos devem ser combatidos, desde observações de termos racistas no dialeto até denúncias de crimes e impulsionamento de políticas públicas de inclusão social.


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