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06/02/2023 às 19h20min - Atualizada em 31/01/2023 às 18h03min

‘Vai Na Fé’ é a novela que reflete a história de muitas brasileiras

O novo folhetim, que estreou em janeiro na rede Globo, é o espelho de milhares de mulheres que trabalham como cozinheiras

Felipe Nunes - Revisado por Flavia Sousa
"Vai Na Fé" simboliza a história de Maria, Sol (Sheron Menezzes) e muitas outras mulheres que, na ficção e na realidade, lutam por seus sonhos. (Foto 1: Felipe Nunes | Foto 2: Reprodução/Globo | Edição: Felipe Nunes)

“Com muita coragem, a gente está de pé”. É com essa letra que Negra Li e MC Liro iniciam a abertura da nova novela da faixa das sete, que traz a esperança como sentimento central da trama. Criada e escrita por Rosane Svartman, “Vai Na Fé” conta a jornada de Sol (Sheron Menezzes), uma mulher religiosa que sustenta sua família vendendo marmitas caseiras, assim como muitas outras mulheres no Brasil.

 

A produção marca a primeira protagonista de Sheron Menezzes em telenovelas e aborda assuntos importantes, como racismo, desigualdade social, etarismo, religião e sistema carcerário. Outra aposta da obra é apresentar personagens que se aproximem ao máximo do cotidiano do público. “Personagens com mais camadas”, define a autora.

 

Ainda em ‘Bom Sucesso’ vi que o público aceita personagens que são muitas vezes contraditórios, que erram, acertam, que são como a gente: querem ser uma pessoa melhor. Acho que essa novela surgiu através desses personagens que têm qualidades e defeitos, personagens como a gente, mais humanos. Os personagens não são uma coisa só nesses 70 anos de novelas”, explica Rosane em entrevista ao Gshow.


Além da preocupação em criar histórias que abordem os conflitos enfrentados pelos brasileiros com seus trabalhos, seus estudos e suas famílias, a dramaturga também objetiva chegar perto dos espectadores através do enredo das narrativas que escreve. A trajetória de Sol (Sheron Menezzes) é o maior exemplo disso.


Espelho de vidas reais
 

Na trama, a mocinha está longe de ser uma donzela em perigo à espera do cavaleiro que irá salvá-la, pelo contrário, é ela quem toma a direção de sua vida e, com muita fé, corre atrás dos seus sonhos e ajuda sua família, que depende exclusivamente dela. Isso porque seu companheiro, Carlão (Che Moais), está desempregado, e sua mãe, Marlene (Elisa Lucinda), já está com a idade avançada.

 

“Toda mulher preta, que é mãe, que cuida de uma família, é uma Sol. A gente sabe como é difícil segurar uma família unida, trabalhar, sustentar e estar feliz”, relata Sheron Menezzes, a protagonista da trama, em entrevista concedida ao Fantástico.

 

A situação de Sol (Sheron Menezzes), entretanto, não pertence somente aos enredos ficcionais presentes na novela de Svartman. A obra é o reflexo de milhares de brasileiras que trabalham como cozinheiras, vendendo marmitas caseiras e administrando o seu próprio negócio. Uma dessas mulheres é a Maria de Fátima, que vive em Jaú, cidade localizada no interior do estado de São Paulo.


Em entrevista, Maria conta sua trajetória na culinária ao Lab Dicas Jornalismo e traça comparações entre a ficção novelística e sua própria vida. Assim como a protagonista, ela sempre gostou de cozinhar e revela ter aprendido isso com a mãe - que também a direcionou nos caminhos da doutrina católica. 

 

Hoje, ela tem parte do sustento familiar composto pela venda de refeições e se orgulha em ver um folhetim com uma narrativa tão parecida com a sua vida, tanto no sentido profissional, quanto no espiritual e familiar. Ela, que é mãe de três mulheres e já tem três netos, quando perguntada pelas filhas sobre o segredo do tempero de suas comidas, responde: “O tempero é ter bastante amor, gostar de cozinhar e fazer as pessoas ficarem contentes”.

 

“Meu trabalho começou com doações. Casais conhecidos chegavam e falavam que não poderiam pagar por um bufê, e eu ajudava cozinhando no casamento deles. Então, durante algum tempo, eu trabalhei desse jeito, até que uma pessoa pediu pra que eu cozinhasse e insistiu em pagar. Depois disso, iniciei profissionalmente”, conta.

 

Por não ter altura suficiente para alcançar o fogão, era em cima de uma lata que Maria cozinhava na época em que era criança e relembra esse momento com muito carinho. “Comecei bem pequena, entre oito e nove anos. Minha mãe ia trabalhar na lavoura, e eu subia em uma lata, para alcançar o fogão à lenha, que era bastante alto“, recorda.

 

O truque, no entanto, não ficou no passado. Com pouco mais de 1,5m de altura, ela garante que continua fazendo uso de um suporte que a deixe mais confortável na hora de cozinhar. Atualmente, Maria de Fátima sobe em cima de uma caixa e relata que essa paralelo com a infância, somado ao amor que tem pelo seu trabalho, é o que a mantém de pé na luta pelos seus sonhos. 


Ao Lab Dicas Jornalismo, Maria conta que trabalha com diferentes refeições, como pastéis, coxinhas, tortas, pizzas, bolos e marmitas caseiras. Além disso, ela administra um bufê, com foco em casamentos e festas, junto com seu marido, suas filhas e seus genros.

 

“Meu sonho é ter um espaço para cozinhar e atender as pessoas. Quero ter um restaurante, que atenda os clientes que queiram comer lá, mas que também entregue refeições para quem prefere receber em casa”, diz emocionada.

 

Questionada sobre a representatividade que a produção traz, ela argumenta que “essa novela é um exemplo para muitas mulheres conquistarem os seus sonhos“. Ainda sobre isso, Maria pontua a semelhança da protagonista com a sua vida e enfatiza que “a personagem não tem medo, ela tem coragem e vai na fé, e eu sou assim também. Se hoje eu tentar e não der certo, amanhã eu levanto e tento de novo“.

 

“Vai Na Fé” estreou em janeiro na Rede Globo e continua no ar até o segundo semestre deste ano. A trama, que retrata a história de milhares de brasileiras, é protagonizada por Sheron Menezzes, dirigida por Paulo Silvestrini e escrita e criada pela autora Rosane Svartman, conhecida pelas obras “Totalmente Demais” e “Bom Sucesso”. O núcleo principal é composto pelos personagens Ben (Samuel de Assis), Jenifer (Bella Campos), Guiga (Mel Maia), Yuri (Jean Paulo Campos), Lumiar (Carolina Dieckmann), Rafa (Caio Manhente) e Theo (Emilio Dantas).

 


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