Cidade Invisível e a importância da cultura indígena em trama nacional

A segunda temporada da série aceitou as criticas da primeira, muda de ares, protagoniza e resgata as raízes brasileiras

Foto: Reprodução / Divulgação / Netflix

A série brasileira da Netflix “Cidade Invisível”, lançada em 2021, com produção de Carlos Saldanha, Mirna Nogueira e Rodrigo Nogueira, estreou a sua segunda temporada em março de 2023, e já se tornou umas das séries brasileiras originais de maior sucesso da plataforma de streaming. A narrativa foi marcada por altos e baixos desde a sua estreia, devido às cenas serem gravadas no Rio de Janeiro, assim, recebendo diversas criticas do público e de ativistas indígenas que alegavam falta de representatividade no elenco e principalmente na história que indicava a retratar a historia do folclore brasileiro.

A trama inicial se baseava na história do policial ambiental do Rio de Janeiro, o Eric (Marcos Pigossi), sua filha Luna (Manu Dieguez) e a sua esposa Gabriela (Julia Konrad) que após um incidente estranho e esquisito, acaba morrendo e assim Eric inicia uma investigação para descobrir os motivos do fatal ocorrido. Durante sua jornada, o protagonista acaba conhecendo diversas figuras do nosso folclore, como a Cuca (Alessandra Negrini), Iara (Jéssica Córes), Saci (Wesley Guimarães) e Curupira (Fábio Lago).

Na segunda temporada, a série se passa em um cenário natural e protegido por indígenas e procurado por garimpeiros ilegais, em Belém no Pará. O personagem Eric acaba retornando após anos desaparecido, e logo descobre que Luna e a Cuca estavam nas proximidades a fim de trazê-lo de volta à vida. Outras novas criaturas mitológicas acabam entrando ao decorrer da história, como a Mula sem Cabeça (Simone Spoladore), Lobisomem (Tomás de França), Lazo (Mestre Sabá), Matinta Pereira (Leticia Spiller) e Maria Caninana (Zahy Tentehar).

O resgate das raízes brasileiras e a importância da preservação da natureza

Até dia 17 de fevereiro de 2023, houve um recorde de alertas de desmatamento na Amazônia Legal, segundo a informação da plataforma Terra Brasilis, que reúne dados de devastação detectados por satélite. De acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento englobam a degradação de desmatamento com solo exposto, desmatamento com vegetação e mineração. E é isso que a série enfatiza o tempo todo, uma mensagem ecológica e consciente acerca da natureza e como nós seres humanos respeitamos essa existência.

De uma maneira geral, a exploração dos recursos naturais também é o grande assunto dessa nova temporada, se entrelaçando com os atuais índices de desmatamento do Brasil, em especial, na região norte do país. Dessa forma, é discutida direta ou indiretamente, a necessidade da preservação dos recursos naturais e a ilegalidade da exploração das florestas para a prática do garimpo. A família Castro em todo o decorrer dos episódios, tentam encontrar a terra lendária de Marangatu no Pará, onde há milhares de toneladas de ouro.

O protagonismo indígena ocupa um lugar de destaque na história. A entidade Maria Caninanã assume o comando da trama e insere toda uma sociedade indígena, mostrando por exemplo a importância dessas raízes e em especial, à sua língua. A temprada é falada originalmente em três idiomas: português, tucano e ze’eng e as línguas dos indígenas não são dubladas para outras, como o inglês, são apenas legendadas para a compreensão dos espectadores.

É importante refletirmos dessa série, que as entidades folclóricas não são maldições, como esse anos todos foi mal apresentado, mas sim, como parte da nossa cultura popular brasileira, é a identidade de um povo. Sem duvida, esse tema sendo manifestado em uma grande plataforma de streaming e sendo vista em todo o mundo, com certeza, faz toda a diferença, tanto na valrização do grande público, como de maior incentivo econômico, social e moral e que dá continuidde a elas. Essa notoriedade é importante para a conservação e o formento dessa arte visual.