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10/05/2023 às 16h42min - Atualizada em 05/05/2023 às 17h58min

Chico Buarque é o 13º brasileiro a ganhar o Prêmio Camões

Apesar de ter sido escolhido em 2019, Chico Buarque só recebeu verdadeiramente o Prêmio este ano.

Sofia Gunes - Revisado por Danielle Carvalho
Chico Buarque recebe o Prêmio Camões no palácio de Queluz, em Lisboa. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

O Prêmio Camões de Literatura, criado em 1988, consagra todos os anos autores da língua portuguesa, qualquer que seja a sua nacionalidade, que tenham contribuído para enriquecer o patrimônio cultural da língua. Desde a sua fundação, o prêmio já foi concedido a 14 brasileiros. A comissão é composta por representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa. Para escolher os premiados a comissão avalia o conjunto da obra do autor e não apenas produções isoladas.
 

O autor premiado, além de ter o conjunto de sua obra reconhecido internacionalmente, recebe uma quantia de 100 mil euros, equivalente a R$ 555 mil. Metade do valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, e a outra metade é paga pelo governo português.
 

A relação de Chico Buarque com o prêmio Camões

O cantor, compositor, escritor e dramaturgo Chico Buarque, de 78 anos, foi escolhido para o prêmio Camões em 2019, mas só recebeu verdadeiramente o prêmio este ano, no dia 24 de abril. O atraso de 4 anos se deu devido à recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro em assinar a documentação necessária para que o cantor fosse laureado e à pandemia de Covid-19, devido às medidas de isolamento social, que adiaram a entrega do prêmio de Chico Buarque e dos vencedores das edições de 2020 a 2022.

A premiação aconteceu em Sintra, Portugal, e contou com a presença dos presidentes do Brasil e de Portugal, Luiz Inácio Lula da Silva e Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro luso, António Costa e dos ministros da cultura dos dois países, Margareth Menezes e Pedro Adão e Silva. Lula discursou durante a entrega do prêmio e afirmou que “a obra do Chico acompanha toda a história recente do Brasil”. O presidente destacou ainda acreditar que a arte e a cultura estão entrelaçadas com a política e com os ideais de liberdade e de democracia.




 

Chico Buarque foi premiado pelo conjunto de sua obra. Ele é considerado um dos principais nomes da Música Popular Brasileira e tem diversas canções famosas, muitas delas com denúncias sociais. A exemplo disso, “Apesar de Você” e “Cálice” foram compostas em 1973 mas censuradas antes de serem lançadas. Tornaram-se pública apenas 5 anos depois, em 1978.

Apesar de ser muito conhecido pela carreira musical, Chico também se interessou cedo pela escrita. Ele publicou suas primeiras crônicas no “Verbâmidas”, Jornal do Colégio Santa Cruz e depois colaborou com alguns jornais, como “O Estado de São Paulo”. Seus principais livros são: “Estorvo” (1991); “Benjamim” (1995); “Budapeste” (2003) e “Leite Derramado” (2009).

 

Outros Brasileiros premiados

 

Além de Chico Buarque, outros 13 brasileiros receberam a honra de serem laureados pelo Prêmio Camões de Literatura, levando a cultura literária do nosso país ainda mais longe. Conheça um pouco de cada um dos brasileiros premiados: 


 
  • Silviano Santiago, ganhador do prêmio em 2022, nasceu em 1936 na cidade de Formiga, Minas Gerais. Autor de romances premiados, como “Mil Rosas Roubadas", além de contos, ensaios literários e culturais. Silviano é doutor em letras pela Sorbonne, foi vencedor do prêmio Jabuti seis vezes e pelo conjunto da produção literária, recebeu o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras e o José Donoso, do Chile. Ele é membro eleito da Academia Mineira de Letras e mora hoje no Rio de Janeiro.
     
  • Raduan Nassar, nascido em 1935, na cidade de Pindorama, em São Paulo, foi premiado em Lisboa no ano de 2016. Apesar de uma obra considerada pequena em termos quantitativos, pois possui apenas 3 livros publicados, Nassar é um dos principais nomes do meio literário brasileiro e teve suas obras publicadas na Alemanha, França e Espanha. Seu romance “Lavoura Arcaica” e a novela “Um Copo de Cólera” são suas obras mais famosas, que inclusive já ganharam adaptações para o cinema.
     
  • Alberto da Costa e Silva, ganhador do prêmio em 2014, nasceu em São Paulo, em 1931. O  diplomata, poeta, ensaísta, memorialista e historiador brasileiro, foi Membro do Comitê Científico do Programa Rota do Escravo, da UNESCO, de 1997 a 2005. Membro do Júri do Prêmio Camões em 2001 e 2003. É sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História e foi presidente da Academia Brasileira de Letras em 2002-2003, além de outros feitos.
     
  •  Dalton Trevisan, que recebeu o apelido de “O Vampiro de Curitiba”, em referência ao seu livro mais famoso, ganhou o prêmio Camões em 2012, mesmo ano em que recebeu o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, além de já ter recebido o Prêmio Jabuti quatro vezes. Fazendo jus ao apelido, o autor não tem o hábito de comparecer a eventos públicos nem presenciar solenidades nas quais é homenageado ou premiado. Além disso, evita fotografias, o que concede a Trevisan um ar misterioso. 
     
  • Ferreira Gullar (1930-2016) foi um poeta, crítico de arte e ensaísta brasileiro. Ele organizou e liderou o movimento literário "Neoconcreto". Além de reconhecido pela escrita literária, o autor também era ativo na militância política. Recebeu o Prêmio Camões, em 2010 e em 2014, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Um dos seus livros mais famosos é “Em Alguma Parte Alguma”.
     
  • Em 2008, o romancista, cronista, jornalista, tradutor e professor brasileiro João Ubaldo Ribeiro foi o vencedor do Prêmio Camões. Nascido na ilha de Itaparica, na Bahia, em 1941, foi um grande disseminador da cultura brasileira, sobretudo, baiana. Um dos seus maiores sucessos,  "O Sorriso do Lagarto" (1989) foi adaptado para minissérie da TV Globo em 1990. O autor faleceu 6 anos após receber o Prêmio Camões, em 2014 aos 73 anos de idade.
     
  • Lygia Fagundes Telles (1923-2022) recebeu o Prêmio Camões em 2005. Ela foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura, em 2016. Ganhou o seu primeiro prêmio Prêmio Jabuti em 1965, pelo romance “Verão no Aquário” seguido de muitos outros. Seu livro “As Meninas”,publicado em 1973, que se tornou um dos seus mais famosos romances, recebeu o Prêmio Jabuti em 1974 e foi adaptado para o cinema em 1975. Fagundes foi membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa. 
  • Em 2003 foi a vez de Rubem Fonseca (1925-2020) receber o Prêmio Camões. O escritor, que foi considerado um dos maiores ficcionistas do Brasil, acumula seis Prêmios Jabuti, além de outros prêmios, como a Coruja de Ouro e o Kikito, do Festival de Gramado. Suas obras são marcadas pela temática do crime e têm como principal espaço o ambiente urbano.
     
  • Autran Dourado (1926-2012), escritor, jornalista e crítico literário brasileiro foi o brasileiro laureado pelo Prêmio Camões em 2000. Dourado estreou na literatura com a novela "Teia", de 1947. O seu romance "Ópera dos Mortos" foi escolhido pela UNESCO para integrar a Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal.
     
  • Antonio Candido (1918-2017), sociólogo, crítico literário, ensaísta e professor brasileiro ganhou o Prêmio Camões em 1998. Ele é o autor de “Formação da Literatura Brasileira”, um livro fundamental para quem quer entender a literatura brasileira. Além do Prêmio Jabuti e Prêmio Machado de Assis, recebeu também o Prêmio Alfonso Reyes em 2005, no México, e o Prêmio Juca Pato em 2007.
     
  • Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro que baseava muitas de suas obras na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. O escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos", “Capitães de Areia” e "Gabriela Cravo e Canela". Além de muitos prêmios nacionais, o autor recebeu títulos honoríficos estrangeiros, como o Comendador da Ordem Andrés Bello, na Venezuela em 1977 e o Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres  em 1979 na França.
     
  • Rachel de Queiroz (1910-2003), nascida em Fortaleza, foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões, em 1993. Foi escritora, jornalista, tradutora e teatróloga e ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha com o seu primeiro romance, "O Quinze". Queiroz foi membro do Conselho Federal de Cultura desde a sua fundação, em 1967, até sua extinção, em 1989, e integrou o quadro de sócios efetivos da Academia Cearense de Letras.
     
  • João Cabral de Melo Neto foi o primeiro brasileiro premiado com o Camões e recebeu o prêmio em 1990. Poeta, escritor e diplomata brasileiro, sua obra mais conhecida é “Morte e Vida Severina”, publicada em 1955. O escritor ganhou diversos prêmios, dentre eles estão o Prêmio José de Anchieta, de poesia, do IV Centenário de São Paulo; Prêmio Olavo Bilac, concedido pela da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro.

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