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27/06/2023 às 19h11min - Atualizada em 27/06/2023 às 18h43min

Cheios de cultura e conhecimento, os museus perpetuam a nossa história

Entenda a importância dos museus para a preservação da cultura e conheça o público brasileiro que não os visitam

Sofia Gunes - Revisado por Danielle Carvalho
O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, busca promover a inovação, divulgar os avanços da ciência e publicar os sinais vitais do planeta. É um museu para ampliar o conhecimento e transformar o modo de pensar e agir. (Foto:Divulgação/Raquel Cunha)

Desde os primórdios da humanidade as pessoas buscam artifícios para registrar as atividades humanas. Seja por meio da pintura rupestre, escrita cuneiforme, livros, fotografias, vídeos e tantos outros, a história da humanidade sempre encontrou uma forma de ser passada às gerações seguintes. Além de produzir essas memórias, é muito importante que exista a preservação dos artefatos que nos contam essas histórias. Uma das maneiras que o ser humano encontrou para perpetuar essas informações foi por meio dos museus. 
 

Tão significativos para a nossa existência, os museus são responsáveis por reunir e expor artefatos que nos contem algo sobre um período que já passou. Muito mais do que um simples depósito de coisas antigas, os museus têm muito a falar sobre os dias de hoje, afinal, como dizia Heródoto, importante historiador grego da antiguidade, é necessário “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”.
 

Além de preservar a história humana, os museus detém um grande conhecimento cultural, que deve ser exposto e compartilhado. De acordo com a Antropologia, cultura é “um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e todas as produções dos homens em sociedade", ou seja, tudo aquilo que encontramos nos museus.


 

Apesar de serem conhecidos pelas obras históricas, nos museus também encontramos arte, ciência, tecnologia e ciências sociais. Segundo o Estatuto de Museus, datado de janeiro de 2009 “consideram-se museus, para os efeitos desta lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.”  Ou seja, o papel dos museus vai muito além de guardar artefatos, mas engloba também a colaboração com a pesquisa e a disseminação da cultura no Brasil. 
 

O que o público pensa?
 

Segundo o instituto brasileiro de museus (IBRAM), em 2019 existiam 3.793 museus no Brasil.  Apesar da quantidade significativa de unidades, os museus não são uma escolha popular na hora dos passeios. Uma pesquisa feita pela OiFuturo em parceria com a Consumateca, onde foram entrevistados 600 brasileiros (dos quais metade frequentam museus pelo menos uma vez ao ano, e metade vai a museus a cada dois anos ou menos) foi constatado que, 61% dos não frequentadores de museus têm a casa de amigos como primeira opção de lazer, depois shopping (48%) e cinema (47%), ou seja, nem consideram um museu como opção para um momento de descontração.
 

A pesquisa revela ainda que, ao serem questionadas sobre as características dos museus, 58% das pessoas entrevistadas, acreditam que estes são lugares pouco visitados e etilizados, revelando um dos motivos que exclui os museus de serem uma opção na hora dos passeios.
 

Além das questões financeiras, que são evidentes, uma vez que 82% dos entrevistados que frequentam museus regularmente são das classes A e B, o entendimento do que realmente é um museu também interfere na escolha de frequentá-lo ou não. Enquanto a parte dos entrevistados que frequentam museus optam pelas visitas por se sentirem envolvidos pelas histórias contadas nesses ambientes, a parte que não frequenta acredita que os museus não tem novidades, atrelando-os a um conhecimento chato e monótono. 
 

Essa visão sobre os museus muitas vezes emerge de experiências tidas na infância, durante a escola, tendo em vista que 55% dos entrevistados tiveram o primeiro contato com museus durante excursões escolares. Para Vanessa Alvim, doutora em educação pela Unifesp, essa experiência de visita ao museu durante a idade escolar pode gerar uma ideia do museu como fim, um lugar onde se vai uma vez na vida para ver algo específico e pronto. Para Vanessa, precisamos parar de ver o museu como fim e começar a entendê-lo como uma ponte para o conhecimento. 


 

Ainda fruto dessa ideia, que muitas vezes surge na escola, 65% dos entrevistados consideram os museus como locais para aprendizado, destinados a oferecer conhecimento sobre determinados assuntos. Em contrapartida, apenas 9% acreditam que os museus são espaços para discutir e debater questões sociais. Esses dados nos levam a refletir se a função dos museus brasileiros está realmente sendo cumprida, pois o papel dos museus também é nos levar a questionar e a pensar a sociedade como um todo.
 

Apesar de existir um quase um senso comum, que considera os museus como lugares onde só se tem passado e história, as visitas a museus podem ser sim atuais e surpreendentes. Atualmente existem muitas exposições itinerantes que viajam por diferentes museus com novas obras. A inserção de tecnologia nos museus vem sendo cada vez mais comum, proporcionando exposições interativas. Além da interação presencial, muitos museus vêm investindo em acervos digitais, onde os visitantes podem conhecer as exposições sem precisar sair de casa. É o caso do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Bellas Artes, e tantos outros.
 

Alguns museus para conhecer:
 

Buscando incentivar a visitação a museus,conheça agora quatro dos tantos berços de conhecimento e cultura que existem no nosso país:
 

  •  Palacete das Artes:

O palacete, localizado na Rua da Graça, nº284, em Salvador/BA, foi lar do Comendador Bernardo Martins Catharino. A Sala Contemporânea Mario Cravo Jr. abriga exposições temporárias de diversos artistas, e o espaço - que possui projeto arquitetônico arrojado e inovador - conta em seu jardim com quatro peças do escultor Auguste Rodin. As visitas são de terça a domingo, das 13h ás 18h. A entrada é gratuita.


 

  • Museu da Gente Sergipana:

O Museu da Gente Sergipana está localizado na Avenida Ivo do Prado, 398, em Aracaju/SE. É  o primeiro museu de multimídia interativo do norte e nordeste e é voltado para expor o acervo do patrimônio cultural material e imaterial do estado de Sergipe, através de instalações interativas e exposições itinerantes. O museu está aberto para visitas de terça a sexta-feira, das 10h às 16h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 15h. A entrada é gratuita.


 

  • Casa Museu Eva Klabin:

A Casa Museu Eva Klabin,fica na Av. Epitácio Pessoa, 2480, no Rio de Janeiro  e reúne um dos mais importantes acervos de arte clássica do Brasil, contando com mais de 2000 peças de diversas épocas, desde o Egito Antigo ao Impressionismo.As visitas acontecem sempre com um mediador,de quarta a domingo, das 14h às 18h. A entrada é gratuita, sendo necessário apenas retirar o ingresso na bilheteria 10 minutos antes do horário escolhido.


 

  • Museu de Arte de São Paulo:

O MASP  é considerado hoje o museu de arte mais importante do hemisfério sul, com cerca de 10.000 peças, abrangendo arte africana, das américas, asiática, brasileira e europeia, desde a antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, roupas, entre outros. Localizado na avenida paulista, 1578, a entrada é gratuita na primeira quinta feira do mês, às terças feiras, e em outras condições específicas (consultar site). Nos demais dias o ingresso custa R$60,00 para adultos e R$30,00 para professores, estudantes e maiores de 60 anos. Na terça grátis o horário de funcionamento é das 10h às 20h, com entrada até as 19h e de quarta a domingo o museu funciona entre às 10h e 18h, com entrada até as 17h.

 

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