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02/10/2023 às 18h47min - Atualizada em 29/09/2023 às 21h58min

Jovem e destemida: Olivia Rodrigo e nós, mulheres de 20 e poucos

Com o lançamento do álbum GUTS, a cantora transformou em música os sentimentos de uma geração

Thais Oliveira - revisado por Joyce Oliveira
Capa do álbum 'GUTS'. (Foto: Reprodução/Spotify)

Querer voltar com ex, sentir que a vida está fora de controle e planejar casamentos com pessoas totalmente nada a ver são eventos canônicos na vida de toda mulher. Com lançamento do álbum GUTS, em setembro, a cantora Olivia Rodrigo gerou a identificação de diversos jovens que, assim como ela, também estão aprendendo a lidar com a vida adulta. A conexão de obras que retratam o caos dos 20 com o público que vive essa fase tem acontecido cada vez mais no meio musical e até mesmo no cinema, e pode ser explicado pela psicologia.



 

Postagem de uma fã da Olivia Rodrigo no Twitter. (Reprodução: @wreidax - Twitter)


 

A sensação de ser uma adolescente aos 20 e poucos não é individual da Olivia, nem sua, nem minha. Em entrevista para a Apple Music, a artista fala um pouco sobre isso no processo de composição das músicas: “Eu acho que muito desse álbum é sobre a confusão que vem com se tornar um jovem adulto e encontrar o seu lugar no mundo, quem você quer ser e com quem quer sair. Todo mundo já passou por isso em algum momento da vida”.

 

Luana Consoli (23), fã da Olivia, conta que se identificou com "Vampire" e making the bed. Para ela, todo mundo passa por um ex que foi, na verdade, um sugador de energia. Sobre a segunda música, “também é importante reconhecer quando você é a pessoa otária da história”, conclui. Assim como outros admiradores do GUTS, Luana se declarou completamente “Olivizada” nas últimas semanas, e adorou a forma que a artista expressou os sentimentos no álbum.

 

Bia Félix, de 21 anos, também viu nas dificuldades da vida adulta uma oportunidade de se conectar com outras pessoas na mesma situação. Conversando com amigas, ela percebeu algo em comum: “A gente tem as nossas inseguranças e parece que não está fazendo nada certo”. Assim, decidiu criar o podcast 20 e poucos, abordando questões profissionais, sexuais, de identidade, e muitas outras inseguranças dos jovens adultos. O resultado foi parecido com o do GUTS: diversas jovens adultas se identificaram e descobriram que não estavam sozinhas nessa confusão.

 

Calma, a psicologia explica!

 

A psicóloga Suiane Pires conta que a nossa formação psíquica ocorre na infância e na adolescência, e a vida adulta é apenas a continuidade dessa formação. “Há uma exigência social, desde cedo, de que os jovens, por serem crescidos, tenham também atitudes de pessoas adultas. No entanto, emocionalmente e biologicamente, ainda não há total desenvolvimento nos jovens, por isso gerir os sentimentos acaba sendo mais complexo”. 

 

A sensação de estar tarde demais para algo é outro sentimento comum citado por pessoas de 20 e poucos, inclusive Olivia, que diz “eu tenho medo de que já tenham tido as melhores partes de mim”, em um trecho de teenage dream. Para Suiane, a velocidade com que o mundo tem se modificado influencia diretamente na sensação de inadequação e fracasso dos jovens - que tem uma velocidade diferente de desenvolvimento. “Essa ideia de que a gente precisa fazer tudo para amanhã traz muito desse imediatismo”, explica Bia, o qual é também atingida por esse sentimento. Além disso, parte da insegurança sentida pelos jovens adultos está na comparação com pessoas mais velhas, o que acaba sendo injusto considerando a quantidade de experiências vividas.


Viu só? Nenhuma experiência no início da vida adulta é individual! Então nós, mulheres de 20 e poucos, podemos dar as mãos para a Olivia, passar pelos perrengues juntas e ouvir o conselho da Bia: “Eu acho que a gente tem muita ideia de que para você ser feliz, você precisa estar com todos os pratinhos da sua vida equilibrados. Nunca vai estar. A gente precisa conviver com esse desequilíbrio e saber lidar com isso”.

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