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29/11/2023 às 14h43min - Atualizada em 17/11/2023 às 10h56min

"Filhos de Sangue e Ossos": um conto de ancestralidade e resistência

Zélie, uma divinal, une-se a Tzain e Amari para restaurar a magia e os deuses em Orïsha após a devastadora Ofensiva. Conheça esse conto que cativa os leitores e receberá adaptação para as grandes telas.

Victória Christyne - Revisado por André Pontes
(Foto: reprodução/ Momentum saga)

Filhos de Sangue e Ossos é o primeiro livro da trilogia de fantasia baseado na cultura iorubá "O legado de Orïsha". A autora Tomi Adeyemi escreveu o livro após vir ao Brasil para estudar mitologia, religião e cultura africana, em Salvador, na Bahia. Lançado em 2018 no Brasil pela editora Rocco, o livro receberá uma adaptação para as telas, produzida pelo estúdio Paramount Pictures , ainda sem previsão de estreia.

O livro passou 50 semanas na lista de bestsellers do The New York Times, além de ser  eleito um dos melhores livros de 2018 na categoria "Infanto Juvenil" pelo Entertainment Weekly, Amazon, Time, Newsweek e Publishers Weekly. Foi finalista do Prêmio Nebula  no mesmo ano na categoria "Outstanding Young Adult Science Fiction of Fantasy Book" (The Andre Norton Award). Tomi Adeyemi foi reconhecida por sua contribuição à literatura e à narrativa, especialmente por trazer diversas perspectivas e vozes para o primeiro plano no gênero fantasia.

Tomi adeyemi: a autora da representatividade

Tomi Adeyemi é uma autora nigeriana - americana. Sua primeira história foi escrita com cinco anos, a protagonista seria uma irmã gêmea da autora com o mesmo nome. Formada com um diploma de honra em Literatura inglesa pela Universidade de Harvard, anos depois ganhou uma bolsa de estudos e foi para Salvador, na Bahia, pesquisar a história da escravidão brasileira e traçar uma comparação entre a identidade afro-brasileira e afro-americana.

Depois de tomar conhecimento sobre orixás e as religiões de matriz africana, a autora passou a estudar mitologia e cultura da África Ocidental.

Quando voltou para os Estados Unidos resolveu diminuir sua jornada de trabalho em uma produtora audiovisual para se dedicar à escrita, além de ser instrutora de escrita criativa.

O primeiro romance escrito por Adeyemi não obteve um retorno positivo. Em vez de desistir, ela se reservou um ano para escrever outro livro, que se tornou "Filhos de Sangue e Osso", e entrou no Pitch Wars, um programa de competição no qual escritores emergentes trabalham em conjunto com editores e autores para revisar seu trabalho antes de enviá-lo para um agente literário.

 

Filhos de Sangue e Ossos


 

O livro conta a história de Zélie Adebola, uma divinal destinada a se tornar uma futura maji, mas que nunca alcançará tal potencial devido à morte da magia. Sua mãe, uma maji do clã de Ikù, especializada na vida e na morte, tinha Oyá como sua divindade irmã. Foi uma ceifadora poderosa, morta de maneira brutal na frente da família pelos guardas do reino durante a chamada Ofensiva, período que destruiu toda a magia do reino de Orïsha, além de dizimar toda a população Maji, levando embora a magia e os deuses. Zel e seu irmão Tzain, assim como outras famílias, tiveram suas vidas destruídas pelo atentado do rei Saran. Onze anos depois da Ofensiva, os irmãos se juntam à filha do rei, Amari, para trazer os deuses de volta e resgatar a magia do reino. Inan, o filho  mais velho do rei também tem um papel importante na trama, o personagem passa por diversos questionamentos internos por conta de sua criação.

A história é contada em primeira pessoa com três narradores: Zélie, Amari e Inan, filhos do rei. Os personagens são todos negros o que causa uma identificação com os leitores e a autora. Além de ser um livro bem descritivo, ele também consegue transportar o leitor para a aventura de Zélie, Tzan e Amari por Orïsha.

A trama prende o leitor fazendo sentir a alegria, tristeza, raiva e todos os sentimentos sentidos pelos personagens. Durante a nota da autora é feito um apelo:

Se seu coração se partiu pela tristeza de Zélie com a morte de sua mãe, então que ele se parta também por todos os sobreviventes da brutalidade policial que tiveram que testemunhar a morte de seus entes queridos.

 



Ficção e realidade

O discurso de responsabilidade é bem forte do livro aqueles que possuem a magia poderiam ter mesmo feito o que o rei Saran alega que fizeram? De que perpetraram um massacre e por isso ele precisou interferir? Zélie também se pergunta se é correto que a magia volte, se é possível impedir o abuso de poder, impedir que façam como Saran fez na tentativa de parar os maji.
 

Alerta de spoiler

A autora, de forma sútil, mostra fatos comuns às pessoas negras como, por exemplo, o fato do cabelo de Zélie ir mudando durante a história, que caracteriza uma transição capilar  e uma analogia do falo do cabelo dela ficar mais crespo conforme ela se conecta com sua magia ou seja sua ancestralidade. 

 

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