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20/11/2023 às 21h49min - Atualizada em 20/11/2023 às 21h38min

Emocionante e harmônica: ‘Vicky e a Musa’ resgata MPB no audiovisual

Seriado é o primeiro musical do Globoplay

Felipe Nunes - Revisado por André Pontes
Amizade e música guiam a nova obra de Rosane Svartman, célebre novelista global (Foto: Estevam Avellar/ Globo)

Após se destacar com “Vai na Fé”, novela das sete exibida na Rede Globo no primeiro semestre deste ano, Rosane Svartman reuniu música, drama e brasilidades em “Vicky e a Musa”, obra original do Grupo Globo com segunda temporada já confirmada devido ao imenso sucesso no streaming.

A trama gira em torno de Vicky (Cecília Chancez), uma garota que não fala mais com a melhor amiga, Luara, personagem interpretada por Tábatha Almeida, ex-participante do “The Voice Kids: Brasil”. Antes inseparáveis, as amigas rompem a amizade durante a pandemia.


Fragilizada pela ausência de Luara, Vicky pede auxílio à Euterpe, logo após conhecer a história da deusa grega nas aulas de Isa (Malu Rodrigues). A mística figura desembarca do Olimpo para o bairro, com a missão de trazer a arte para a vida das pessoas.


A princípio, o enredo parece ocupar um lugar-comum, simples. Contudo, pouco a pouco, se desdobra em diversas camadas, revive lembranças e aborda, de forma delicada, muitos reflexos do que enfrentamos até hoje desde o surgimento do coronavírus.

 

Luto e desemprego são dois eixos temáticos que acompanham a obra. Toda a narrativa central se constrói com base no luto de Luara. Despreparada para

lidar com a morte precoce da mãe, depositou em Vicky a culpa por perder a mãe e não ter estado com ela durante o falecimento.

Resgate da arte

(Foto: divulgação/ Globoplay)

(Foto: divulgação/ Globoplay)

Triângulos amorosos e muita música marcam a narrativa


Até que o motivo do rompimento da amizade das amigas fosse explicado, outras subtramas foram construídas. O intuito era mostrar, em diferentes perspectivas, como o relacionamento entre indivíduo e arte mudou com a pandemia. 

 

Pintura e teatro foram personagens centrais, porém a verdadeira protagonista foi a música. Afinal, o seriado foi criado com a premissa de ser o primeiro musical da plataforma de streaming.

 

Séries musicais moldaram o imaginário coletivo popular cultural. Todavia, a maioria dessas produções eram concebidas em indústrias estrangeiras, como “High School Musical: The Musical: The Series” e “Glee”. O feito de “Vicky e a Musa” foi ter esmiuçado as brasilidades nessa abordagem audiovisual.

 

Cada episódio era harmonizado com canções que marcaram a história da fonografia brasileira. A trilha sonora mescla composições de épocas distintas, sem esquecer de trazer uma roupagem diferente aos arranjos e divisões vocais.

 

“Palco”, originalmente cantada por Gilberto Gil e Milton Nascimento, ganha uma nova versão na abertura da série, que é colorida e convidativa, essencial ao público que se destina. Lulu Santos, Giulia Be, Ludmilla, Pitty, Melim, Skank, Legião Urbana e Jota Quest também tiveram canções reinterpretadas na obra. 

 

Elenco entregue
 

Dos intérpretes adultos aos mirins, a boa interpretação é unânime na obra. Quando assistimos musicais, é comum que alguns momentos pareçam ‘forçados’. Isso porque, no dia a dia do ‘mundo real’, as pessoas não saem cantando sem motivo e tampouco são acompanhadas por luzes e instrumentais. 

 

Bel Lima se destaca com a complexa Euterpe. Os trejeitos incorporados pela atriz exalam a essência de uma deusa. Seduzente, mística e até mesmo mágica, a personagem carrega o fio narrativo da série com afinco, sem deixar de demonstrar as fraquezas e incertezas que até mesmo um ser imortal pode ter.



Além disso, vale mencionar o uso de efeitos especiais na trama, que se ancoram na fantasia. Os poderes mágicos de Euterpe e do irmão, Dionísio (Túlio Starling), o deus do teatro, são feitos da forma mais mágica, lúdica e atrativa que poderíamos ver com os avanços tecnológicos cinematográficos.

 

Na obra escrita por Rosane Svartman, a inclusão dos momentos musicais é feita de forma interligada ao roteiro, o que mostra um excelente trabalho da autora com a equipe de roteiristas, formada por Bia Corrêa do Lago, Sabrina Rosa, Juliana Lins e Rafael Souza-Ribeiro.

 

O elenco conta também com os atores Jean Paulo Campos, Nicolas Prattes, Cris Vianna, Dan Ferreira, João Guilherme Ávila, Letícia Isnard e Manu Estevão. Esta última é um presente da série. Antes de repetir a parceria com Svartman e dar vida à complexa Duda, de “Vai na Fé”, ela interpretou Helen no seriado musical.

 

Lançada em julho deste ano, o musical “Vicky e a Musa” exalta as brasilidades culturais de forma harmônica e emocionante. Com uma segunda temporada já confirmada e sem data de estreia oficial divulgada, a obra deve retornar ao streaming em 2024, com novas canções, novos dramas e a mesma essência melódica que conquistou os fãs durante a primeira temporada.


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